Capítulo 14: O mundo não lida bem com quem é dessa forma, mas não quer dizer que é ruim.
Após o ocorrido envolvendo Mingi arremessar um homem em uma das mesas do bar, a gerente resolveu dispensá-lo junto com San. Uma vez que Wooyoung havia pago para ocupar a agenda de San pelo restante da noite, mas ido embora, não havia sequer uma única motivação vantajosa para mantê-lo e era aconselhável que ele desse apoio ao seu melhor amigo.
De maneira justa, a moça que Mingi prestou ajuda se disponibilizou para pagar pelo prejuízo ocasionado pelo desentendimento, uma vez que não queria que Mingi fosse penalizado tendo o valor descontado diretamente de sua folha de pagamento. De bom grado, Wheein aceitou o trato e prometeu que Mingi apenas seria submetido a uma punição verbal.
Resumidamente, era desastroso como se sentiam derrotados. Os ombros estavam tensos e pesados, a cabeça anunciando uma dor de cabeça persistente com pontadas ocasionais e um nó na boca do estômago que queimava. Mingi estava quieto desde que saíram do bar e começaram a caminhar por Itaewon, apenas mantendo lenços de papel pressionados contra o corte em seu rosto. Sua bochecha estava inchada e avermelhada, os lábios cortados e incrustados com sangue seco e escuro, as partes claras de sua peça de roupa manchadas de sangue como se ele tivesse acabado de sair de um cenário de algum filme de ação como Duro de Matar.
San alternava seu olhar angustiado entre a figura consternante de Mingi e a iluminação basta do colorido e movimentado bairro onde todas as tribos se reúnem. Haviam jovens bêbados cambaleando de um lado, vivendo os próprios eventos épicos de suas vidas patéticas durante aquela madrugada amena que reuniu tantos acontecimentos inesperados. Havia barulho, música, conversas, mas, sobretudo, os burburinhos incessantes que brotavam na consciência pesada de San, que estava com a zona de suas memórias congeladas pela expressão desolada e aborrecida de Wooyoung, que, no fim de tudo, acabou indo embora sem se despedir.
— Vamos sentar aqui. Estou cansado — Mingi proferiu com o timbre vocal grave, assim que terminaram de descer uma ladeira, se acomodando no meio fio e soltando um suspiro pesado, apoiando os braços nos joelhos e encarando fixamente o asfalto da rua.
Carros iam e vinham, e San se perguntou se realmente todos tinham um lugar para ir. Ele se sentia tão desmotivado e perdido, que chegou a refletir sobre a falta de sentido empregada a tudo ao seu redor.
Obedeceu Mingi e sentou ao lado dele, o imitando ao soltar o ar audivelmente da boca. Encarou-o de soslaio para conferir os reflexos da insatisfação de seu amigo, que relutantemente evitava vislumbrar o que lhe trazia sentimentos complicados para dentro do peito.
— Isso me lembra quando era eu quem estava com os punhos sangrando e você ao meu lado, segurando uma latinha de refrigerante enquanto tentava me ajudar com os machucados no rosto e me dar um sermão ao mesmo tempo — San sorriu gentilmente se deparando com aquela memória, escutando uma risada abafada escapar dos lábios de Mingi.
— Você sempre se metia em confusão — comentou, baixo. — E eu sempre estava lá para tentar evitar que você morresse no fim.
— Não seja dramático. Eu tenho boas habilidades de luta — disse San para brincar, batendo no ombro de Mingi que gemeu esboçando sentir dor naquela região. — Parece que as coisas não mudaram, apenas estão invertidas agora.
— Não estou vendo você segurando nenhuma latinha gelada de refrigerante — Mingi proferiu rancoroso, mirando San após reunir coragem o suficiente, se desfazendo do curvar suave em seus lábios machucados. — Eu sinto muito, San. Eu deveria ter gerenciado a situação de uma forma que não fodesse com a reputação do meu melhor amigo, que foi gentil em me indicar no emprego dele.
— Você fez o que eu também teria feito — foi sincero, pegando os lenços de papel da mão de Mingi que já estavam sujos de sangue, aproximando-os novamente do corte próximo ao olho do outro para estancar. — Eu me preocupo que em uma dessas brigas, você acabe encontrando um cara que consiga derrubar você. Você precisa ser mais prudente. Nem tudo você vai poder resolver chutando e batendo, Mingi.
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GOOD BOY GONE BAD | WOOSAN
FanficWooyoung, herdeiro da maior fabricante automotiva do país, vive uma vida perfeita imposta por sua família. Porém, ao descobrir as camadas sombrias da sociedade, ele conhece San, um sobrevivente de uma família destruída. Com mundos opostos, eles se u...