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Capítulo 41: Nós estamos presos dentro da nossa própria existência.

San atirou outra bola de neve em Chanhee assim que o encontrou agachado atrás de uma das maiores árvores que ainda sobreviviam no bairro onde moravam.

— Ah! — Chanhee gritou após se livrar da neve residual em sua touca, abanando as mãos e se erguendo. — Você está roubando! Como sabia que eu estava aqui?

Sem esperar por uma resposta, Chanhee cruzou os braços e bufou, marchando na frente de San, sentido à casa onde este último vivia com a sua família.

— Chan! Ei, Chan! Não fica bravo! Eu não roubei, só vi... você se escondendo — San protestou, correndo atrás de seu amigo e agarrando os seus ombros. — Não fica bravo — pediu de novo, sorrindo e depositando um beijo na bochecha do outro, emburrado. — A gente pode dizer que você ganhou, não pode?

— Hum — Chanhee conteve um sorrisinho nos lábios, revirando os olhos. — Você me deve uma caixa de cigarros então.

— Não vou te dar cigarros, não quero que você morra cedo — San continuou abraçando os ombros de Chanhee, caminhando junto com ele. — Nós temos muito o que fazer juntos ainda. Temos que ser aqueles velhos barrigudos que ficam na porta do bar bebendo e falando mal da esposa.

— Eu não quero ser um velho barrigudo — choramingou Chanhee. — E nem ter uma esposa — completou, baixo, mas San não o ouviu. — Quer dizer... ehhh... eu quero viver junto com você, o meu amigo. Você não acha que faz mais sentido vivermos com os nossos amigos ao invés de... sei lá, alguém que pode te largar porque encontrou outra pessoa mais bonita?

— Do que você está falando? Ninguém nunca faria isso com você — San disse com convicção, um pouco indignado. — Por que você acha isso? Eu acho que corremos mais o risco do Hanse trocar a gente em uma moto do que alguém te trocar por achar outra pessoa mais bonita.

Rindo, Chanhee virou-se para San e apertou a ponta de seu nariz avermelhado por causa do frio.

— Você é novo demais para entender o quanto o mundo pode ser cruel — Chanhee o cobriu com um olhar protetor, afável. — Mas é melhor assim. Você não precisa saber disso ainda.

San ficou confuso, ele realmente não entendeu o que Chanhee queria dizer ou se ele estava se baseando em algum acontecimento sólido ou em paranóia misturada com insegurança.

Dando de ombros para o assunto, embora com um gosto ruim na boca, Chanhee agarrou San em outro abraço e o arrastou até a casa dele, que ficava na altura de uma ladeira extensa e que exigiria muito esforço até dos atletas mais renomados.

Quando estavam próximos o suficiente, começaram a ouvir gritos e som de estilhaços, barulhos estridentes, mas que eram recorrentes.

— Estão brigando — San concluiu com a luz sumindo de seu rosto. — Estão brigando de novo.

Chanhee ficou atordoado. Ele sentia muito por San viver em um meio tão conturbado onde, no fim, apenas encontrava influência para ser uma pessoa ruim. O seu sofrimento era expresso e frequentemente o via angustiado atrás do muro da escola, por onde geralmente fugiam das aulas e passavam o dia vagando em busca de distração da tragédia que era a realidade que estavam inseridos.

— San-yah — Chanhee segurou as bochechas de San para atrair sua atenção e afastá-lo um pouco da condensação da tristeza e raiva. — Vamos para outro lugar? Não precisamos voltar pra casa agora.

San ponderou. Ele suspirou e abaixou a cabeça.

— Não adianta. Quando eu voltar, eles vão estar brigando de novo ou eu vou... acabar vendo coisas ruins. Eu não quero voltar — murmurou. — E se eu não voltar mais?

GOOD BOY GONE BAD | WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora