08. Até que a morte nos separe

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POV Regina Mills

Era por volta de 7:15 quando eu finalmente acordei. Merda. Estou atrasada. Levantei às pressas, tomei um banho rápido e passei pela minha irmã quase que correndo.

– Ei, volta aqui Regina. Vem tomar café comigo.

– Desculpa, sis. Eu tô muito atrasada. Preciso chegar logo na empresa e entregar os papeis da entrevista para Belle.

Peguei uma maçã na mesa e sai. Podia sentir a Selena revirando os olhos atrás de mim. A minha irmã, apesar de parecer mandona as vezes, é super protetora. Perdemos o nosso pai a alguns anos, a nossa mãe estava viajando o mundo, carregando as cinzas dele, para realizar o seu último desejo. Desde então, éramos só a Zelena e eu, e ela não suportava a ideia de me ver doente ou mal com qualquer mísera coisa.

Ao chegar na empresa, fui informada que a Belle não havia melhorado, portanto, eu estava encarregada de finalizar a matéria sobre a senhora Swan. Os pensamentos que vieram a minha cabeça não foram lá muito profissionais. Bufei em negação, lembrando do quanto eu a odiava. Mas, calma, eu realmente a odiava ou só estava com o ego ferido? Eu, Regina Mills, conhecida por ser uma sedutora de primeira, finalmente me dei conta de uma coisa: a Emma fez comigo o que eu costumo fazer com as outras mulheres.

Esse pensamento me deixou desnorteada. Finalmente compreendi o porquê das minhas exs, se é que posso chamar de ex alguém com quem passei apenas uma noite, irem choramingar no bar da minha irmã. Saí de meus pensamentos, afinal, já estava ficando tarde e eu precisava entregar o artigo sobre a lendária senhora Swan. Como não sabia muito sobre ela, tive que pesquisar bastante. A mulher era realmente discreta. Nenhuma aparição em sites de fofoca, nenhum envolvimento em polêmicas. Redes sociais quase que exclusivamente com postagens sobre trabalho. Vez ou outra, uma foto com o marido ou outro parente, sempre em eventos relacionados ao escritório. Nenhuma foto com seu filho nas redes sociais, ou pelo menos, nenhuma que mostrasse o rosto.

Aparentemente, Emma não estava de brincadeira quando disse que protegeria o seu filho de tamanha exposição que é ter pais conhecidos pela mídia. Depois de procurar muito, encontrei uma única foto do pequeno Henry, ainda mais pequeno que atualmente. O menino era, sem dúvidas, a cara da mãe. Sua pele branca e seus cabos castanhos contrastavam com seus olhos cor de mel. Apesar da foto ser antiga, fiquei encantada com a beleza desse menininho. A Emma é uma mulher de sorte.

POV Emma Swan

A pergunta do Henry causou um silêncio muito constrangedor na mesa. Por sorte, o garçom apareceu com a conta e quebrou um pouco desse clima pesado.

– Bom, preciso voltar ao trabalho.

– Tudo bem, te deixo no escritório e depois levo o Henry pra casa..

– Não precisa. Eu pego um táxi.

Pronto, eu havia acabado de estragar o clima de casamento perfeito que estava construindo. Mas, depois da pergunta do Henry, eu não iria conseguir encarar o Neal, muito menos ficar trancada num carro com o meu filho me enchendo de perguntas sobre irmãos, enquanto meu marido me olhava esperançoso. Ele queria outro filho. Eu sabia disso. Eu sempre soube. Mas eu não queria ser mãe novamente. Não agora. Não assim. Vivíamos um casamento de faixada e mesmo que ele não quisesse assumir isso, eu sabia que estávamos juntos pelo Henry.

Eu costumava sair a noite, beber com as minhas amigas, transar com outras pessoas. Voltava pra casa cheirando a álcool e sexo. Tenho certeza que ele já tinha notado uma vez ou outra. Ainda assim, Neal era fiel aos nossos votos. "Ate que a morte nos separe". De qualquer forma, eu estava mudando. Meu marido merecia isso. Meu filho merecia crescer em um lar amoroso.

Voltei ao escritório e me joguei no trabalho novamente. Vez ou outra, chegava o meu celular para saber se tinha alguma ligação ou mensagem importante.

POV Neal Cassidy

A cobrança do Henry por um irmão me fez lembrar de quando Emma e eu nos casamos e fazíamos planos de ter uma casa cheia. Atualmente, eu sei que ela não pensa mais assim. Embora eu quisesse muito, a minha esposa não aceitaria outro filho. Talvez possamos negociar um animal de estimação, um cachorro, um hamster, uma tartaruga... Até uma cobra. Emma concordaria com qualquer coisa, menos com outra gravidez. Isso me entristecia. Mas eu precisava respeitar a sua decisão. Ela abriu mão de muita coisa por mim, a vida luxuosa e sem esforço que os seus pais podiam proporcionar e até mesmo uma turnê fora do país, onde viajaria por vários lugares palestrando para graduandos do curso de direito das melhores faculdades do mundo.

Emma poderia ter tudo de mãos beijadas. Ao invés disso, ela preferiu começar do zero e criar a Swan-Cassidy Advocatus. E conseguiu chegar ao topo, sem nenhuma interferência dos seus pais bem sucedidos. Acima de tudo, eu admirava essa mulher.

Levei o Henry para casa. Fizemos as suas atividades escolares e ele me pediu para visitar os avós. Saímos rumo a loja do meu pai, pois sabia que o encontraria por lá. Durante todo o trajeto, meu filho observava a janela e fazia perguntas sobre lugares e coisas que chamassem a sua atenção. Assim que chegamos na loja de penhores, Henry saiu correndo na direção do meu pai.

– Vovô! – Ele gritava já pulando no colo do seu avô. – Cadê a vovó? Eu estava com saudades de vocês.

Antes que ele pudesse responder, a minha mãe apareceu com chocolate e biscoitos quentinhos. Era difícil explicar a relação dos meus pais. Passei a minha infância toda com os dois em guerra e, depois de alguns bons anos, ele simplesmente decidiram ficar juntos novamente. Meu pai até teve outro filho, de um de seus casinhos. Felizmente, a minha mãe acolheu o meu irmão e ajudou a cuidar dele, depois que a sua mãe faleceu. Como ela mesma dizia, o Gideon não tinha culpando ter um pai sem vergonha.

Sentamos para tomar um café, enquanto Henry se deliciava com os biscoitos. O senhor Gold, percebendo a distração do moleque, aproveitou o momento para ter uma conversa comigo.

– Então filho, o que está acontecendo? Eu te conheço. Sei quando não está bem.

Meu pai não sabia dos problemas no meu casamento. Para ele, Emma era uma esposa perfeita. Tentei disfarçar as minhas emoções com um sorriso.

– Eu estou bem, pai. Apenas cansado da rotina.

– Deixe o Henry dormir com a gente hoje e vá relaxar com a Emma. Vocês trabalham demais, merecem isso.

Meu filhos ouviu essa ideia e já ficou eufórico, berrando algo como "papai eu posso?", "deixa por favor" e mais um monte de outras coisas que eu nem conseguia entender.

– Preciso consultar a sua mãe primeiro.

Peguei meu celular e digitei uma mensagem para Emma.

"Tudo bem pra você se o Henry dormir com meus pais hoje? Viemos visitá-los e ele tá pedindo muito pra ficar."

Não demorou muito, meu celular vibrou. Olhei a notificação, era a Emma me respondendo.

"Sem problemas. Apenas certifique-se de que ele não vai perder a aula amanhã."

Deixei meu filho todo empolgado com a noite na casa dos avós e sai para relaxar.


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