07. Quando eu vou ganhar um irmãozinho?

991 76 2
                                    


POV Neal Cassidy

Confesso que a atitude da Emma me pegou de surpresa. Eu a amava, amava o nosso filho e sei que ela o amava também. Mas quanto a mim, sei que a Emma não me ama como amava antigamente. Na realidade, acho que a Emma nunca me amou de verdade. Nos conhecemos ainda crianças. Eu fui o seu primeiro e único namorado. A nossa relação sempre foi de carinho e amizade. O tempo foi passando, eu me apaixonei perdidamente por ela e a gente se casou, mas eu sempre senti que ela não me ama na mesma intensidade.

De qualquer modo, eu a amava e respeitava, em qualquer situação. Fiz uma promessa no altar, perante a Deus, nossas famílias e amigos. Eu realmente pretendia cumprir essa promessa. Faria de tudo para vê-la feliz. Mesmo que isso significasse viver como dois amigos, dividindo a mesma cama. Emma não me procurava na cama a um certo tempo. Isso me incomodava. Cheguei a comentar com o August, meu melhor amigo. Ele sempre dizia que eu deveria investigar isso melhor, que a Emma deveria ter algum caso e que eu deveria sair para procurar na rua o que não tenho em casa.

Não, eu não iria fazer isso. Sei que a Emma tem alguns amantes. Por diversas vezes notei que ela chegava em casa com marcas espalhadas pelo corpo. Isso me incomodava um pouco, não posso negar, mas não o suficiente para destruir o meu casamento ou, pior, a infância do meu filho. Cresci com pais separados, que viviam em uma constante guerra para divisão de guarda. Definitivamente, eu não quero que o meu filho passe por isso. Então, eu ignorava os casinhos da minha esposa. Além do mais, Emma era extremamente cuidadosa. Ninguém, além de mim, sabia de suas aventuras. Nunca se envolveu em escândalos, nunca saiu em páginas de fofocas. Eu sei o quanto era difícil pra ela, uma mulher conhecida, filha de pais famosos, manter a discrição de tal forma que, para todos, éramos apenas um casal apaixonado e feliz.

Hoje, ela chegou um pouco diferente. Me abraçou, me beijou, me atiçou. Não que eu esteja reclamando. Emma é uma mulher muito gostosa, mas ela sempre arrumava uma desculpa para fugir do sexo, então eu fingia acreditar nas suas enxaquecas recorrentes e respeitava a sua vontade. Porém, quando ela chegou em casa, cheia de fogo, eu não consegui me controlar. Transamos no chão da cozinha. Feito dois adolescentes. Ela se entregou pra mim de uma forma que não fazia a bastante tempo. Eu, é claro, aproveitei para fazê-la gozar o máximo que pude. Queria que ela lembrasse que eu ainda podia te dar prazer. Terminei de preparar o café da manhã. Henry já estava descendo.

– Bom dia, pai. A mamãe já chegou?

– Bom dia, campeão. A sua mãe tá lá no quarto. Tô preparando o café da manhã dela.

– Eu posso levar pra ela? – Assenti com a cabeça. Meu filho abriu um enorme sorriso.

Terminamos de arrumar a bandeja e ajudei o Henry a levar até o quarto. Emma tinha acabado de se vestir, estava sentada na cama procurando alguma coisa no jornal em sua mão. Henry entrou no quarto correndo quando a viu.

– Mamãe! Eu estava com saudades.

– Eu também, meu amor.

Instintivamente, ela soltou o papel e abraçou o nosso filho. Encheu ele de beijos e carinhos. A Emma era uma mãe maravilhosa. Não importa o quanto estivesse cansada, ela sempre tinha energia para o nosso menino.

POV Emma Swan

Senti falta desse aconchego que é a minha casa, com o meu filho aqui. Tomei meu café da manhã, em meio as risadas e perguntas curiosas do Henry. Sempre que eu viajava a trabalho, ele queria saber de tudo. Infelizmente, dessa vez eu tinha que guardar segredo.

Já estava ficando tarde, Henry se atrasaria e isso é uma coisa que eu não permito. Olhei para o relógio e o Neal pareceu entender o recado.

– Vamos, campeão. Tá na hora da aula.

Me despedi do meu filho com mais um monte de beijinhos e o Neal foi leva-lo a escola. Aproveitei esse tempinho para descansar um pouco. Dormir durante o voo não é algo tão relaxante. Fechei meus olhos, na esperança de adormecer rapidamente. Entretanto, só consiga pensar na Regina. A imagem daqueles lindos lábios carnudos me dizendo adeus estava me atormentando. Soquei o travesseiro em frustração e decidi que iria trabalhar. Me troquei e desci as escadas. Para minha surpresa, Neal já estava de volta.

– Para onde vai? – Indagava com as sobrancelhas arqueadas.

– Trabalhar... – Respondi como se fosse óbvio.

– Achei que quisesse descansar mais... Bom, estou indo para o escritório agora. Quer ir comigo?

O convite do Neal me fez sorri. Desde que cheguei da viagem, tudo estava se normalizando. Em breve, o meu casamento voltaria a ser como antes, cheio de amor e companheirismo, sem traições da minha parte. Acompanhei meu marido até o carro. Muito cavalheiro, como sempre, ele fez questão de abrir a porta para mim. Durante o trajeto, ligamos o rádio e cantamos juntos algumas músicas, fazendo performances sempre que parávamos em algum semáforo.

Não tinha me dado conta do quanto estávamos distantes, até perceber as pessoas nós olhando com estranheza, enquanto caminhávamos de mãos dadas pela empresa. Neal me acompanhou até a minha sala, me beijou delicadamente e saiu, rumo a sua sala, que ficava bem ao lado da minha.

Me afoguei no trabalho e nem percebi que as horas haviam passado. Estava em outro planeta, analisando processos, fazendo petições e respondendo aos meus clientes. A porta da minha sala se abriu e eu pude ouvir o som que eu mais amava na vida: as gargalhadas do meu pequeno.

– Mãe! Podemos sair pra almoçar juntos?

– Eu sinto muito, Emma. Tentei impedi-lo de entrar correndo, sei que você não gosta de ser interrompida no trabalho... – Neal tentava se explicar.

– Tudo bem, querido. – Falei olhando para o Neal. – Eu estou com muita fome. Onde vamos comer?

Henry dava pulinhos de alegria. Ele amava sair pra almoçar, ainda mais quando éramos todos juntos. Saímos do escritório, novamente, atraindo todos os olhares e causando burburinhos. Dirigimos por alguns quarteirões até chegarmos no lugar preferido do Henry: uma pizzaria.

Meu filho desceu todo empolgado. Cumprimentando a todos que encontrava pelo caminho. Lá atrás, Neal e eu observávamos orgulhosos o ótimo trabalho que estávamos fazendo na criação do Henry. Escolhemos a mesa e o garçom logo veio nos atender.

– Boa tarde, já sabem o que vão pedir?

– Pizza de calabresa e uma coca, por favor. – Henry respondia sorridente.

– Por favor, adicione duas taças de vinho. – Completou Neal.

Almoçamos em harmonia, ouvindo o nosso filho tagarelar sobre a aula de hoje, sobre seus amiguinhos e vários outros assuntos que, honestamente, nem conseguíamos acompanhar. Estava tudo normal, até o Henry fazer a seguinte pergunta:

– Mãe! Pai! Quando eu vou ganhar um irmãozinho?


A GAROTA DO BAROnde histórias criam vida. Descubra agora