▪︎Problemas com o papai▪︎

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POV: Sn

Estou preparando  o Jantar enquanto Vance arruma a mesa. Nosso pai  deve estar chegando.

— Não vamos esperar ele pra comer? — perguntei observando Vance colocando os pratos.

 — Não. Ele provavelmente vai chegar bêbado. Você vai comer e ir direto para o quarto. — Ele respondeu de forma autoritária.

— Tudo bem. Já está pronto — Avisei após provar. Peguei meu prato, servi a sopa e  Vance indo para o quarto.

Me sentei à mesa e, logo em seguida, Vance voltou.

— Eu coloquei veneno depois de tirar o meu prato — disse séria, observando ele servir a sopa.

— Vá se fuder pirralha — ele respondeu rindo enquanto se sentava.

— Oque vamos fazer amanhã? — Perguntei enquanto comia.

— Eu não sei você, mais eu vou jogar — Ele respondeu.

— Claro que vai — debochei.

Terminei de comer e, quando ia lavar meu prato, ele me parou.

— Deixa que eu lavo. Ele já deve estar chegando — disse, pegando o prato da minha mão.

— Mais eu ainda preciso servir ele — insisti.

— Pode ir, pirralha. Eu...— Fomos interrompidos pelo barulho da porta. Vimos o nosso pai entrando.

—Boa noite, pai — Vance disse.

— Boa noite_ ele respondeu, tirando o casaco e se sentando à mesa. — Hoje o trabalho foi exaustivo.

Rapidamente, peguei um prato e servi a sopa, mas acabei espirrando um pouco nele. 

Ele me lançou um olhar severo.

— Desculpa — pedi, pegando um pano para limpar. — Isso sai rapidinho, pai.

— Para. — Ele me empurrou. — Sn, na vida, a gente tem que tentar fazer as coisas direito.

— Desculpa — repeti.

— Se é pra fazer, faz direito. Se é pra cozinha, cozinha direito. Se é pra servir serve direito.— Ele me olhou com desprezo.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

— Se é pra fazer merda, Sn... — Ele pegou a colher e começou jogar sopa na própria roupa.  — Faz direito.

Abaixei a cabeça, incapaz de reagir.

- Não serve pra nada_ ele disse, tomando a sopa. - Nem pra servir um jantar de merda

Comecei a chorar e olhei para Vance, buscando apoio.

— Não adianta olhar pro seu irmão.

— Me desculpa — Murmurei, segurando o choro, mas sentindo a raiva crescer dentro de mim.

— Não começa. NÃO COMEÇA! — Ele gritou, fazendo eu abaixar a cabeça ainda mais. — Vai lavar essa merda. — Ele tirou a camisa e jogou em mim. Não a segurei, e ela caiu do chão.

Minha vontade era jogar a sopa quente na cara dele.

Ele pegou a blusa do chão e esfregou no meu rosto.

— VAI. LAVAR. ESSA. PORRA! — Ele gritou, me empurrando no chão.

— Pai, solta ela! SOLTA! — Vance gritou, vindo em minha defesa. Nosso pai me largou.

— Essa merda ainda tá sem sal — ele murmurou antes de jogar a panela no chão e ir para o quarto. 

Me abaixei para limpar, chorando.

— Ei, vem. Eu arrumo tudo aqui — Vance disse, ajudando-me a levantar.

— Mas eu tenho que lavar... — disse, soluçando.

— Não. Eu lavo. Vai deitar.

— Mas...

— Eu lavo, Sn. Vai deitar — ele insistiu, beijando minha testa.

 Fui para o corredor,  virei e vi Vance limpando o chão com o pano.

[...]

Estava deitada na cama, os pensamentos se acumulando na minha mente. Incrível como nunca faço nada direito. Meu pai está certo: eu sou inútil.

Eu devia ter morrido no lugar da mamãe.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto até que ouvi a porta se abrir.

Fechei os olhos rapidamente.

— Fica calma, sou eu — Vance disse, sentando na beira da cama.- Não fica mal por causa disso.

— Ele tá certo, Vance. Eu preciso aprender a fazer as coisas direito..._ Falei abraçando meu ursinho.

—Não, ele não tá certo. Você só cometeu um erro, pirralha. Ele não precisava fazer tudo aquilo.

— Ai — resmunguei, e ele me olhou preocupado.

— Tá tudo bem?

— Tá, só me queimei... — mostrei meu braço que estava completamente vermelho.

- Merda. Espera_ ele disse, saindo rapidamente. Voltou com uma pomada na mão. — Tem que passar antes que dê bolha. 

Vance passou a pomada no meu braço com cuidado e depois enfaixou.

— Obrigado irmão — agradeci. Ele sorriu e foi em direção à porta.

— Boa noite, pirralha.

Vance pode até ser valentão e brigão, mas ele é o melhor irmão do mundo. Ele é mais pai do que aquele homem jamais será.

Sinceramente, não sei oque faria sem ele.


REVISADO

𝐌𝐢 𝐂𝐡𝐢𝐜𝐨_ 𝐑𝐨𝐛𝐢𝐧 𝐀𝐫𝐞𝐥𝐥𝐚𝐧𝐨.Onde histórias criam vida. Descubra agora