Cap 1: Cuidar da papelada

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  Cuidar da papelada era o que mantinha Gulf Kanawut ao lado de Mew Suppasit. Ele era completamente incapaz de lidar com aquilo.

   Se a papelada ficasse por conta de Mew, nunca estaria pronta. A Suppasit Enterprises era uma firma de empreendimentos imobiliários de enorme sucesso porque Mew tinha bom olho, muita perspicácia, uma prodigiosa ética de trabalho... E Gulf para cuidar dos detalhes.

  Há anos ele vinha fazendo isso. Desde que estava na escola secundária e Mew mal tinha completado 21 anos: um rapaz com firmeza de caráter, metas e nada mais. Agora, 12 anos depois, Mew era dono de uma multinacional, controlava empreendimentos nos cinco continentes e já teria conquistado o mundo, pensava Gulf às vezes, se ele pudesse acompanhar a papelada.

   —Você precisa arquivar mais rápido— Mew vivia dizendo, com aquele fabuloso sorriso, enquanto passava as pressas pelo escritório a caminho de Londres, Paris, Japão ou Nova York.

— Nunca! — Gulf respondia, amassando uma folha de papel e atirando nele. O sorriso cintilava novamente, enquanto Mew piscava para ele.

  Gulf resistia ao sorriso, à piscadela. Resistia a Mew, outra coisa que fazia há anos.

  — Já tenho trabalho suficiente, Obrigado — respondia acidamente. — E não é só arquivar.

  Claro que Mew sabia disso. Sabia que Gulf mantinha tudo organizado e era capaz de agendar uma reunião com pessoas de quatro continentes num piscar de olhos, e que o caderno de endereços dele tinha mais informações que o dele.

  Só dizia aquilo para irritá-lo. Depois sorria outra vez, enunciava rapidamente mas meia dúzia de tarefas para Gulf e sumia, para pegar outro voo, enquanto Gulf voltava ao trabalho.

  Até o ano anterior Gulf tinha motivo para ficar em Bangkok. Decidirá cuidar de sua avó idosa garantir que pudesse viver na própria casa enquanto fosse possível. Mas fazia seis meses que a avó falecerá, e os pais insistiam que ele fosse para Hua Hin, onde moravam. Seu irmão, Champ, prometera inúmeras entrevistas de emprego em Hua Hin.

   Mas Gulf não fora. Gostava dali. Adorava viver em Bangkok, deleitava-se com as mudanças das estações, os grandes espaços abertos. Para ele, ainda era o melhor lugar do mundo.

  E ele gostava da vida que levava. E, sobretudo, havia um emprego. Gulf e Mew sempre trabalhavam bem juntos, e era instigante, mesmo que ele parecesse sempre um insano, trabalhando loucamente para manter tudo sobre controle e em dia para que Mew pudesse continuar a comprar o mundo pedaço por pedaço.

  Certos dias, como aquele, Gulf achava que seria melhor se fosse um polvo🐙. Mas mesmo oito braços não teriam bastado para lidar com todos os projetos da Suppasit Enterprises com os quais ele fazia malabarismos naquela tarde.

  O telefone tocava quando ele abrirá a porta do escritório naquela manhã. Na hora do almoço, havia falado quatro vezes com um italiano determinado a atrair a atenção de Mew para um condomínio em Nápoles, mesmo depois de saber no primeiro telefonema que Mew não estava lá, mas em Nova York. Atendeu um arrogante magnata grego chamado Achilles, que também não aceitava um não como resposta. E, entre as ligações, continuará a preparar a reunião de Mew em Fiji na semana seguinte.

   A logística para ele e seus coinvestidores passarem uma semana em uma das melhores ilhas de Fiji, em um hotel para executivos estressados, era, por assim dizer, um desafio. Pessoas como Mew e seus sócios não tinham agendas que lhe permitissem descansar uma semana no Paraíso.

  — Não queremos ficar ociosos — Mew havia lhe dito na última vez que estivera em Bangkok. — Só queremos ir, ver o lugar, mastigar os números e, se for bom, comprá-lo.

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