Cap 38: Mew!

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Mew, que ordinariamente vivia na faixa das viagens rápidas, conhecendo novos rostos e novos lugares, estava desesperado por voltar para casa, para seu marido. Não que ele dissesse nada. Só falou com o Gulf uma vez das Bahamas.

   Foi uma conversa afetada, polida, distante. Mas ele não pode desligar sem perguntar:

   — Então, você vai me abandonar? — Ficou contente que sua voz não traiu o medo que tinha.

   — Eu não sei ainda — disse era Gulf.

   Ele enviará mensagens de texto e e-mails depois disso, como o fizera durante a primeira semana depois que soube do casamento deles, porque não queria discutir.

   Tentou não pensar naquilo. Gulf não falará sério, estava apenas zangado. Mew tinha certeza que Gulf sentia tanta saudade quanto ele. Mal podia esperar para voltar para casa.

  Até mesmo conseguiu pegar um voo mais cedo para Bangkok. Então, quando ainda eram três da tarde, ele foi direto para o escritório para surpreendê-lo.

  Gulf não estava lá.

   Seo estava no computador, ajustando seus óculos.

  Mew parou no umbral da porta.

— O que você está fazendo aqui?

— Bem, olá para você também, filho — disse Seo.— Não o esperava até amanhã.

— Peguei um voo mais cedo. Onde está Gulf? — Mel olhou em volta, mas não o viu.

— Gulf foi embora.

— Para casa?

  Seo balançou a cabeça.

— Foi embora. Por isso estou aqui.

  Mew sentiu que o sangue fugia de sua cabeça. Ido embora? Gulf? Seu estômago ser contorceu.

  — Onde? — Sua voz parecia a de um velho. — Onde ele está?

—Texas. Austin, Texas. Conseguiu um emprego lá.

Texas? Quem demônios Gulf conhecia no Texas? Quem se importava com quem ele conhecia? Porque ele foi embora? Gulf o amava! Não devia deixá-lo.

  — Ele deixou uma carta e algumas coisas em sua mesa — disse Seo.

   Mal conseguiu dizer essas palavras e ele já tinha corrido para seu escritório. Havia um envelope na mesa e, ao lado, uma pequena caixa.

  Mew bateu a porta, desmoronou-se em sua poltrona e pegou o envelope. Ele escreverá o nome dele com sua caligrafia wlegante e ilimitável. Mew reconheceria a letra dele em qualquer lugar.

   Lentamente abriu o envelope e tirou uma única folha de dentro. Mais letras elegantes. Ele sentiu uma forte dor  amontoando-se em sua garganta.

    A carta dizia exatamente o que Mew não queria ler que Gulf seguira as suas palavras e havia ido embora. Aceitará uma oferta de trabalho de Mateus Gonçalves abrindo um escritório para ele no Texas. Era muito simples. Gulf não lhe reprovava em nada. Somente dizia que estava fazendo o que ele sugerirá.

    Mew abriu a caixa. Dentro dela Havia três anéis os dois que ele lhe dera no avião, o Jade e o ouro Celta que eram a cara dele, e aquele que ele pensava que havia perdido, o pesado anel talhado à mão de seu bisavô.

  Mew os segurou na mão, passando o polegar sobre eles, sentiu o Jade suave, a intrigada filigrama, o calor suave do quartzo rosa. Ele brincou com os anéis. Sua garganta doía, os olhos ardiam. Seu rosto já estava úmido quando a unha do polegar tocou a borda quebrada do anel.

    Tudo ficaria mais fácil. Gulf sabia que sim. Seu novo trabalho era interessante. Era fácil trabalhar com Mateus. Ele dividia seu tempo entre São Paulo, Rio e Austin. Assim como quando trabalhava com Mew, ele frequentemente fazia coisas por conta própria.

    Mateus nunca se preocupou com o que ele fazia. Era mais descansado que Mew. Trabalhava duro, mas parava para tomar fôlego de vez em quando. Também acreditava naquele maravilhoso costume Latino, a siesta. Apesar de Gulf trabalhar mais horas, em teoria, Na verdade ele só passava mais tempo fora de casa. No meio do dia ele podia sair para conhecer Austin, acostumar-se com a cidade, encontrar novas coisas para fazer e lugares para visitar.

   Também significava que tinha menos tempo para sentir pena de si mesmo.

   Sabia que fizera a coisa certa ao ir embora. Ele realmente amava Mew o suficiente para saber que não poderia viver com ele se isso significasse concordar com a definição dos pais dele de quem ele era. Havia tanta coisa mas dentro dele. Tanto amor que ele lhe dera, que poderia dar aos filhos deles, se somente ele aprendesse a guardar um pouco para si mesmo.

    Mew acreditava em si mesmo no trabalho. Como não podia fazer a mesma coisa em casa? Com ele? Mew podia. Gulf sabia que sim.

   Entretanto, ficou cada vez mais difícil quando os dias se transformaram em semanas, a semana em um mês, e depois dois e Mew nunca apareceu.

   Gulf estivera certo de que ele iria. Mew leria a carta e compreenderia. Iria atrás dele e o levaria para casa. Gulf não fizera nenhum segredo de onde estava.

    Gulf ficou em contato com Mild. Falava com Seo pelo telefone. Uma vez até mesmo falou com Mew, quando ele atendeu ao telefone do escritório do Seo.

— Gulf? — Mew quase engasgou com o nome dele quando ele perguntou por Seo.

   Gulf já engasgara quando reconheceu o grunhido dele — Suppasit Enterprises — segundos antes.

  — Olá, Mew — disse friamente. — Como vai?

  — Eu... Estou bem. Estou indo. — Seu ritmo aumentou. — Indo para Irlanda outra vez. O projeto lá está tomando forma. Vai ser... — Ele parou. — Não importa, estou certo que você não está interessado. Deve ter bastante coisas interessantes ocorrendo por aí também.

  — Algumas coisas — disse ele. — Muita excitação. Fomos ao Rio no mês passado. Mateus me mantém ocupado.

— Estou certo disso. Bem, aqui está Seo — ele disse abruptamente, e passou o telefone para Seo.

   Foi a única vez que falou com ele. Mas perturbou os sonhos sele pelo resto da semana. Gulf estava se recuperando quando Mateus entrou no escritório uma manhã e disse:

  — Pode me dar os parabéns. Fiquei noivo.

   Como Mateus ficará enamorado de um jovem carioca chamado Cristian quando ele e Gulf estiveram no rio, não foi uma grande surpresa.

  — Isso é maravilhoso — disse Golf. — Estou tão alegre por você.

   É claro que estava. Mas isso o fez chegar em casa e chorar pelo amor que perderá. Ainda não havia pedido o divórcio, mas esperava que Mew mandasse os papéis qualquer dia desses.

  — Mew não falou alguma coisa do divórcio? — Ele perguntou a Mild na última vez que se falaram.

  — Você acha que ele me diria? — Respondeu Mild. — Ele não fala com nenhum de nós. Passa a maior do parte do tempo fora.

   Trabalhando? Perguntou-se Gulf. Ou construindo uma nova vida?

   Gulf levou a roupa para lavar na lavanderia do edifício. Sentia-se bem colocando as peças de roupa na máquina de lavar, juntando o sabão e alvejante. Pensou que precisava de alvejante para o cérebro, para livrar-se de Mew.

   Uma sombra projetou-se sobre ele enquanto enchia a máquina.

  — Desculpe — disse ele sem olhar para trás. — Peguei a última máquina. Você poderá usá-la depois que eu acabar.

   — Não quero a máquina de lavar. Quero você.

   Ao som daquela voz rouca, querida, familiar, ele girou, deixando cair a roupa suja por todos os lados.

   — Mew!

Bodas de FelOnde histórias criam vida. Descubra agora