Cap 14: Talvez

402 75 68
                                    

— Você está bem? — Mild meteu a cabeça no escritório de Gulf, na tarde seguinte, franzindo a sobrancelhas e lançando-lhe um olhar interrogativo e um pouco preocupado.

— Que? Oh, sim, claro que estou. — Gulf trouxe seu cérebro de volta para o presente e tentou colar um sorriso alegre no rosto. — Porque não estaria?

— Diga-me você. — E em vez de abanar os dedos e dirigir-se a seu estúdio no fim do corredor, Mild entrou no escritório de Gulf e sentou-se na cadeira de Mew. — Você está com uma aparência horrível.

— Muito obrigado. — Gulf manteve seu tom leve, mesmo quando passou a mão pelos cabelos em um esforço para fazê-los parecer melhor. Mas sabia que não podia disfarçar muito com as olheiras e a falta de cor em suas bochechas. — Só estou cansado.

— Quando você voltou?

— Ontem à tarde. E viajo outra vez amanhã.

— Viajar? Outra vez? Duas vezes em uma semana?

  Todos sabiam que Gulf nunca ia a lugar algum. Ele podia safar-se explicando que Mew o queria em Nova York para uma reunião. Mas duas vezes na mesma semana era inusitado.

  Mild sorriu.

  — Não me diga que finalmente vai tirar uma s férias?

  — Não são férias — disse devagar. — São... Vou para nanumi com Mew — Você sabe, aquele resort em Fiji por uma semana.

  Os olhos de Mild se arregalaram.

— Muito bem, Aleluia! Finalmente ele viu a luz. — Mild sorriu abertamente. — E nem tive que bater nele com um taco de beisebol.  — Ele estava absolutamente alegre, e Gulf detestou estragar seu bom humor.

— São... Apenas negócios — disse.

— Ah, claro, negócios. Não. Se fossem negócios, você estaria aqui. Você é o front interno e Mew é o circo viajante.

   Gulf não o diria dessa forma, mas entendeu o ponto de vista de Mild.

— Normalmente é assim — ele concordou. — Mas dessa vez eu também preciso ir.

— E não porque ele se viu finalmente interessado? Está levando você para um resort privado — Mild carregou as palavras com um bando de insinuações,— para o fazer trabalhar? — Ele balançou a cabeça outra vez. — Ele está apaixonado.

— Não está. Ele só precisa... De um marido.

  No instante em que as palavras saíram, Gulf quis chamá-las de volta. Mas era tarde demais. Mild o contemplava, horrorizado.

  — Você não vai! Perdeu a cabeça, Gulf? Como ele pode ser tão manipulador? Você não vai deixar aquele homem maldito fazer você passar por seu marido?

Gulf engoliu em seco.

— Ele não é...

  — Mas, então... Mild franziu o cenho, confuso.

— É verdade. — Gulf deu de ombros. — Eu sou o marido dele.

Mild parecia haver se engasgado com a própria língua. Sua boca se abriu, mas não produziu nenhum som. Depois ele a fechou, seus olhos ainda arregalados e sem piscar, profundamente descrente, o que teve o efeito de fazer com que Gulf se sentisse com 5 cm de altura.

  E de repente toda a expressão de Mild mudou. Seu ultraje amenizou-se. Suas feições ficaram mais gentis. E ele procurou a mão de Gulf e a apertou entre os dedos.

— Há quanto tempo?

  Gulf engoliu em seco.

— 4 anos. — Gulf esperava que Mild ganisse com assombro. Mas Mild apenas suspirou e apertou sua mão outra vez.

Bodas de FelOnde histórias criam vida. Descubra agora