Cap 4: Casar?

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— E daí?

  Mesmo quando estava zangado com ele, o som áspero da voz de Mew podia fazer com que o pulso dele acelerasse. Maldito seja!

— Daí é que eu também tenho uma vida! — Respondeu asperamente.

— Epa! Quem foi que tirou você do sério?

  Você, Gulf quis dizer.

— Hoje isso aqui foi um manicômio.

— Legal. Fico contente com isso.

O que Gulf suponha fosse verdade.

— Preciso que você faça uma coisa para mim — continuou ele animadamente.

  Gulf pegou uma caneta, pronto para escrever. Mas ele não disse nada.

— Mew?

— Sim? — De repente a voz dele soou como se estivesse distraído. Sua fala, normalmente rápida, ficou ainda mais rápida. — Nada sério. Preciso que você pegue a minha certidão de nascimento e a ata do divórcio e os traga para Nova York.

  Gulf ficou petrificado.

— O que? — Sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. — Fazer o quê?

— Você me ouviu. Minha certidão de nascimento e a ata do divórcio. Preciso delas amanhã, em Nova York.

Gulf sempre pensou que respirar fosse um reflexo involuntário. Agora não estava tão certo disso.

— Gulf? Você ainda está aí? Está ouvindo? — A voz dele agora estava estridente.

— Estou ouvindo — Gulf conseguiu dizer isso, e nada mais.

— Ótimo. Pegue os documentos e tome um avião hoje à noite. Ou amanhã. Não interessa, desde que você esteja aqui as duas da tarde.

  Gulf não disse nada ficou contemplando o lápis quebrado em sua mão.

  — Gulf?

— Eu ouvi você! .

Ele fez uma pausa.

— Você podia me felicitar.

— Por...? — Disse Gulf, apesar de saber, sem precisar perguntar o motivo, mesmo que isso o desmontasse.

— Porque vou me casar.

  Mew pronunciou as palavras de forma quase desafiadora, como se esperasse que Gulf discutisse esse assunto. Ele não caiu nessa, mas não pode evitar o sarcasmo.

  — Amanhã? Não é um pouco precipitado? Quero dizer, Considerando o seu histórico e tudo? — Cale a boca, Gulf disse a si mesmo. Cale a boca. Cale a boca. Cale a boca.

— Dessa vez vai dar tudo certo — conclui Mew terminantemente. — Não vai ser como Tar.

— Eu não estava pensando em Tar — disse Gulf, sem poder evitar. — Você não se casou com o Tar.

— Eu lembro com quem casei.— Mew mordeu as palavras.

Gulf também se lembrava. Mew havia se casado com ele! Um casamento por ricochete. Quando o Grã fino Tar não compareceu ao casamento que marcará com Mew em Las Vegas, Mew acovardou-se. O desespero dele fez Gulf lembrar-se do sofrimento que ele passará na adolescência, quando o pai o abandonou e a mãe lançou sua fúria sobre Mew. Quando Mew fugiu da Capela com um olhar aterrorizado, Gulf foi atrás dele, com medo do que ele poderia chegar a fazer. Gulf nunca poderia ter imaginado que, meia dúzia de Whisky depois, ele decidiria que a resposta era casar-se com ele. Mas Mew decidiu. Foi muito insistente.

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