Talvez Gulf devesse mudar de ares. Estava pensando nisso desde que seu irmão Champ viera de Hua Hin para visitá-lo, na semana anterior trazendo sua família. Aquilo foi um choque. Champ sempre tinha sido um cara livre e desimpedido como Mew. Ver o irmão como devotado homem de família deixou-o meio fora de prumo.
— Quem podia pensar que eu ia Tomar juízo antes de você — Champ dissera uma noite antes de partir. Ele estava sentado na sala de casa com um dos filhos no colo, parecendo exausto mais contente. E então ele o observou lentamente, fazendo o contorcer-se sobre seu olhar enquanto dizia:
— Mas você já resolveu sua vida, não é, Gulf?
— O que você quer dizer com isso?— Você se estabeleceu como escravo de Mew.
— Não sou escravo de ninguém! — Gulf jogou no chão a cópia do plano de viagem de Mew em que estava fazendo ajustes de último minuto, levantou-se e começou a andar de um lado para o outro na sala. — Não seja absurdo!
— Não sou eu que estou sendo absurdo, Gulf. Com você é sempre trabalho e nunca lazer. Sempre foi assim, Que eu me lembre.
— Eu tenho lazer — Gulf protestou.
— Quando trabalha 17 horas em vez de 18? Caramba, você está tão cego quanto Mew.
— Nós temos objetivos! — Gulf afirmou altivamente.
— Mew tem — corrigiu sempre com a rudeza de um irmão mais velho. — Você está apenas esperando.
Gulf rodopiou para encara-lo.
— O que será que isso significa?
— Champ encarou o olhar dele.
— Você sabe muito bem o que significa.
— Tenho um ótimo emprego!
— Mas você tem uma vida? Você está perigosamente perto dos 30 anos e mal tem um relacionamento!
— Tenho 28, não estou perigosamente perto dos 30! E Fiat...
— Você não tem nada sério com Fiat. Case-se. Tenha a família que você sempre quis — Champ lançou essas palavras como um desafio, e Gulf não pode enfrentá-lo.
— Estou bem — disse ele abstinamente.
— Você poderia conseguir um emprego em qualquer lugar. Venha para HuaHin. Kao conseguirá cem entrevista de trabalho para você. Acredite em mim, você está desperdiçando seu tempo com Mew.
— Não estou me relacionando com Mew.
— Agradeço a Deus por isso — disse Champ. — Ele é meu amigo, mas não foi feito para o casamento, não é?
Gulf balançou a cabeça.
— Trabalho para ele, só isso.
— Então peça demissão.
— Não posso.
— Porque não? Mew é o dono da sua alma, Gulf?
— Oh, pelo amor de deus. É claro que não! — Mas o rosto dele ficou vermelho, e Gulf desejou que Champ não tivesse reparado.
Por sorte, ele havia desviado o olhar e não vira nada.
— Bem, a gente fica imaginando. Você trabalha para ele há anos! Desde que estava no colégio.
— Porque ele precisava de ajuda. Você conhece Mew. Ele é bom em convencer pessoas. É bom em descobrir propriedades e reformá-las. Tem muito potencial, visão e conjunto. Mas não é bom Com a papelada; nem consegue acertar os detalhes.
Gulf fez o irmão recordar:
— Mas não fiquei de todas as formas. Eu saí, lembra? Fui para universidade. 4 anos na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
— E depois você voltou, seu bobo. Para ele.
— Para o emprego — insistiu Gulf. —Ele me paga muito bem. E tenho uma porcentagem dos negócios, pelo amor de Deus. E para onde mais eu poderia ir e dirigir uma empresa internacional de empreendimentos imobiliários na minha cidade? E ainda poder viver em Bangkok.
— A, sim. Grande vantagem. Bangkok! O centro do mundo cultural da Ásia.
— Não seja sarcástico. E não faça pouco de Bangkok. — A voz de Gulf ficou gelada com a rejeição do irmão a cidade natal deles. — É a nossa cidade. Mew não faz pouco dela. E teria mais direito que você de fazer isso.
Gulf e Champ haviam tido uma boa infância com pais estáveis e amorosos. Mew, não. Por mais que agora fosse um magnata dos negócios imobiliários de alcance internacional Suppasit não nasceu em berço de ouro.
— Nem mesmo de cobre — dissera Mew uma vez com um sorriso torto, fazendo humor com o passado. —Mas sobrevivi.
Não Graças aos pais. Gulf lembrava do avô de Mew como um velho carinhoso e protetor, mas que morrerá quando Mew tinha 10 anos. Dali em diante a vida foi um inferno. O pai, alcoólatra não conseguia ficar em nenhum emprego e raramente aparecia em casa, exceto para brigar com a mãe de Mew ou dar uns tapas no menino. E a amargura da mãe com o marido encontrou alvo mais conveniente no único filho que tinham.
Gulf, a quem Mew nunca permitirá entrar na casa dele enquanto eram pequenos, ainda assim em certa ocasião chegou suficientemente perto para ouvir a mãe gritar com o filho:
— Você é igual ao seu pai!
Mew não era. Nem de longe.
Ao contrário do pai, Mew sempre teve metas. Mesmo quando era uma espécie de delinquente juvenil no colégio, estava determinado a ser o melhor delinquente da gangue.
Um agente de condicional, que insistiu para que não se encontrassem no escritório, mas sempre no cemitério, ao lado do túmulo do vô de Mew, tinha com isso posto fim aos projetos de delinquência do rapaz. Mew resolveu fazer o velho ficar orgulhoso dele, ter sucesso, sair se bem da vida, tornasse, enfim, o melhor homem que pudesse.
Trabalhou onde pôde conseguir trabalho. Economizou, viveu frugalmente, e comprou sua primeira casa na semana em que completou 21 anos. Dizer que a casa caricia de conserto seria muita amabilidade. Era pouco mais que uma choupana com um teto que gotejava.
Tão logo pode, Mew foi trabalhar na mina e ganhou mais dinheiro dirigindo aqueles enormes caminhões durante todo o dia. Quando voltava do emprego trabalhava na reforma da casa de noite. Vários meses depois, vendeu aquela casa com um pequeno lucro, comprou outra e fez o mesmo. Fez isso repetidas vezes.
Quando tinha 22 anos, Mew já pode solicitar o primeiro financiamento para adquirir uma propriedade comercial. Foi então que contratou Gulf para criar ordem a partir do caos da papelada — na sua picape. Ele não tinha escritório.
— Não posso desperdiçar dinheiro nisso — disse a Gulf.
De modo que, no primeiro ano, Gulf trabalhou na parte de trás da picape dele, usando a luz de bateria e um sistema de arquivo que ele levava de um lado a outro em uma caixa de papelão. Primitivo, mas funcionava.
E Mew também. Constantemente. Em um ano já possuía um edifício. Depois, 2. Durante o último ano do curso secundário, Gulf finalmente conseguiu um escritório que pode chamar de seu. Mew até mesmo comprou uma placa que dizia "Escritório do Gulf".
E ficou furioso quando o Gulf lhe contou que estava indo cursar a universidade na Califórnia.
Mew protestou.
— Pensei que você fosse trabalhar para mim!
— Não para sempre — Gulf respondeu.
Porque Gulf não poderia. A ideia de trabalhar para Mew para sempre era mais do que sua sanidade podia aguentar: porque ele estava apaixonado por Mew. Por anos a fio, na verdade desde que podia se lembrar.
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Bodas de Fel
FanfictionPrólogo Para assegurar um contrato, o milionário Mew Suppasit concluiu que precisa de um marido para exibir em público. Mas quem? Após escolher o sócio perfeito para o empreendimento, enviou seu assistente Gulf Kanawut a Nova York com os document...