Cap 13: Tentará esquecer.

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Mew tentará tão escrúpulosamente, por quatro anos, esquecer aquela noite esquecer de ter Gulf em seus braços, esquecer de fazer amor com ele, que ser atingido outra vez pelas memórias era como um soco no estômago.

  Foi um trabalho duro afastar-se daquela noite saber que esquecer era o melhor, a única coisa a fazer para ser justo com Gulf.

  E agora, era como se todos seus esforços tivessem sido inúteis.

  Gulf sempre pareceu do tipo recatado no escritório. Bem, não exatamente recatado. Mas Mew não contava com um homem que pudesse fazer o sangue dele correr mais grosso e quente.

  E assim, estava deitado em sua larga e solitária cama, dando voltas, dolorosamente lembrando de sua noite de núpcias! E, pior, pensando sobre como seria ter Golf aqui e agora um Golf Com seda.

  E, pior, pensando em tirar a sua cueca box de seda.

  Pensando em passar as mãos por aquelas longas e suaves pernas, puxando para baixo aquele pedaço de seda e jogando longe. E deixar suas mãos aprenderem cada curva daquele corpo, deixar sua boca deleitar-se com o seu corpo e excitar os bicos do mamilo com sua língua.

  — Maldito seja! — Mew saltou da cama e começou a caminhar pelo quarto; seu corpo protestava, porque caminhar não era o que queria fazer naquele instante. O que queria era libertação. Dentro do quente, molhado e de desejos... Gulf.

  Demônios, sim, ele lembrava!

Depois de anos de colocá-lo com capricho em sua caixa de empregado, o anúncio de que ainda estavam casados havia explodido a tampa da caixa, dominado sua mente.

  Ele não pensava em coisas como estas desde quando era um adolescente alimentado por hormônios. Certamente ele não fazia coisas como essas! Era lógico, sensível. Ele ia casar com Sam, não ia?

  Era apaixonado por seu trabalho, não pelos homens.

  Tentou pensar, compreender. Essa súbito desejo por Gulf era porque ele não pode ter Sam essa noite?

  Parecia que sim. Ele tinha esperado fazer sexo com Sam, e agora não podia. Mesmo que ele admitisse não estar apaixonado por Sam, não era preciso amor para aproveitar uma noite na cama com um homem desejoso. Ele teria gostado.

   Andou por todo o apartamento. Não era suficientemente grande para caminhar muito. Mas Mew francamente duvidava se toda Manhattan seria suficientemente grande para o percurso que ele necessitava completar aquela noite.

   Abriu as venezianas e ficou contemplando a escuridão. Havia algumas luzes em outras janelas. Alguns poucos estavam despertos às 3:00 da manhã. Nova York nunca dormia.

  Mas ele apostou que Gulf estava dormindo.

  Gulf praticamente cabeceara de sono durante o jantar. Sentou-se com a cabeça inclinada sobre o prato, sem dizer uma palavra. Sem parecer se em nada com Gulf. Ele estava acostumado com o Gulf falando sem parar. Essa noite ele não conseguirá nada. Gulf nem mesmo pode olhá-lo!

  Atirou-se outra vez na cama, contemplando o teto. Depois rolou para o lado, socou seu travesseiro e chutou o edredom, até fazer um monte. Não ajudou. Ele estava ligado, com toda a corda.

  Sexo ajudaria. Acalmaria sua frustração, o relaxaria.

  Se Sam estivesse ali...

  Mas não era com Sam que ele se imaginava fazendo sexo! Era com um flexível homem de cabelos escuros que ele podia ver contorcendo-se debaixo de si. Era o mesmo homem que ele podia imaginar montado sobre as suas coxas, passando as mãos pelo peito dele, acomodando-se mais abaixo, levando-o com ele.

  — Diabos. — Mew cobriu o rosto com o travesseiro. Colocou o de lado e levantou-se outra vez, entrou no banheiro e abriu a torneira de água fria no máximo. Então tirou o short e ficou debaixo do chuveiro, deixando a água gelada banhar seu corpo sobre aquecido e esfriar seu ardor.

  Ficou ali até que seus dentes tiritaram, toda sua pele arrepiada, até que não podia mais suportar. Então saiu, secou-se e voltou para a cama.

   E a primeira coisa em que pensou foi que Gulf tivera muita sorte por ele ser suficientemente cavalheiro para levá-lo ao Plaza, em vez de fazê-lo passar a noite com ele. Se o tivesse feito, ele poderia ter arrancado aquelas calças que ele usava, puxado aquele suéter cor de vinho sobre a cabeça dele e descoberto a provocação que ele usava de baixo deles.

  E, maldito seja, o chuveiro tinha sido inútil. Ali estava ele outra vez pensando na maldita box de Gulf!

  Havia uma garrafa de whisky sobre a lareira. Ela prometia alívio, consolo. Ele se levantou e serviu-se um copo, depois se sentou e o contemplou. As emoções o tentaram, o excitaram, prometeram-lhe o aquecimento. Ele o usará antes, logo antes de obter o divórcio. Ou pensará que obtivera.

  Mew precisava esquecer. E assim o fizera até uma manhã em que realmente não se lembrou da noite anterior e isso o assustou muito, ao fazê-lo pensar que era, exatamente como afirmara sua mãe, igual ao seu pai.

  Não que John Supassit tivesse noites de núpcias que não pudesse lembrar. Mas o velho certamente passará muitas noites em um bêbado esquecimento. Noites que Mew lembrava e odiava demasiado bem.

   Ele parou de beber nesse instante. Depois disso, só bebia acompanhado, e mesmo assim só um pouco. Agora, tentado como estava, afastou-se do whisky com desgosto, jogou-se na poltrona e quis acalmar-se, esfriar, controlar-se.

  Ele não era como seu pai. Podia encontrar outra saída para sua dor. Certamente poderia encontrar outra maneira de esquecer Gulf e a promessa da seda.

  Claro que poderia. Tinha muito tempo. Todo o resto da noite.

Bodas de FelOnde histórias criam vida. Descubra agora