Cap 18: Anéis

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Gulf não esperava dormir. De modo que ficou assombrado ao despertar-se com os ruídos de um carrinho de café da manhã e sentir-se esperançoso outra vez.

  Ele se espreguiçou e virou, mantendo os olhos abertos enquanto girava, de modo a poder ver Mew de relance.

  Mew estava relaxado em sua poltrona, parecendo amarrotado, seu cabelo um pouco espetado, seus olhos um pouco cansados enquanto olhava alguns papéis em sua mão. Gulf duvidou que ele tivesse dormindo.

  Mew não o olhou até que ele se sentou e começou a dobrar o cobertor. Então olhou-o de relance.

  — Dormiu bem? — Rosnou ele.

  — Na verdade, sim — disse Gulf. — Quase humano.

  Mew resmungou e retornou aos seus papéis.

  Quando Gulf terminou, esticou-se e olhou para ele.

  — Você trabalhou durante todo o voo?

— Tinha coisas a fazer. E queria estar preparado. — Seu tom era áspero e ele flexionou os ombros, como se quisesse tirar deles um pouco da tenção.

— Você não acha que um pouco de sono faria mais por você? — Disse Gulf.

  — Eu disse que tinha trabalho para fazer — Mew falou rudemente.

  — Desculpe — disse Gulf alegremente. Fez uma pausa e decidiu que talvez tivesse sido demasiado abrupto mais cedo. Mew não podia evitar o que não sentia.

  — Eu farei a minha parte — Gulf lhe assegurou.

   Mew o olhou.

— O que?

  — Quando pousarmos. Eu farei a minha parte. Você não precisa se preocupar. Eu serei... Seu marido.

  Mew o olhou por um longo momento. Havia algo em seu olhar, quando se conectava com o dele, que parecia quase elétrico.

  Não faça isso, Gulf preveniu a si mesmo. Não leia nada nesse olhar. É o seu cérebro, são suas emoções, seus sonhos. Não é real.

  — Bom — disse Mew, e assentiu com a cabeça no instante em que a aeromoça apareceu com o café da manhã deles.

  Eles comeram, e quando os pratos estavam sendo retirados, o comandante anunciou que haviam começar a descer e que precisavam guardar tudo como preparação para aterrissagem.

   Subitamente Gulf sentiu o tremor dos nervos outra vez.

  Mew levantou-se e guardou o seu computador e papéis, depois procurou algo em seu necessaire e sentou-se novamente.

  — Aqui está — disse quase bruscamente, e uma pequena caixa de veludo preto caiu no colo de Gulf.

  Gulf pulou como se fosse uma granada.

— Não vai explodir — disse Mew rudemente. — Abra-a.

  Mas Gulf não podia. Nem podia pegá-la. Seu alento parecia preso na garganta. Gulf olhava para a caixa cautelosamente e sem palavras.

  — Vamos lá, Gulf. Você não pode ser meu marido sem aliança. O que você está esperando? Que eu a coloque em você?

O tom rude dele galvanizou a voz de Gulf.

— É claro que não!

  Foi apenas o choque. Tão... Inesperado.

  Gulf imaginou que não deveria ficar surpreso. Mew acreditava pensar em todos os detalhes. Rezou para que seus dedos não tremesse enquanto pegava a caixa e cuidadosamente abrir a tampa de mola.

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