Cap 26: Gulf o odiou.

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O som de batidas de tambor, profundo e oco, ecoou nas paredes da bure quando a tarde avançou. Gulf sabia o que significava que o saguão e o bar estavam abertos, que o jantar seria servido logo.

   E claro que ele tinha que estar lá. Era seu trabalho.

  Gulf ficará sentado em uma das poltronas de vime da bure, chorando. Era estúpido, sem sentido, ele se dizia uma e outra vez. Mas isso não ajudava.

  Gulf não tinha ideia de onde Mew estava. Para onde quer que tivesse ido, desesperado por afastar-se da nudez dele, ele não havia regressado.

  No entanto, Mew teria que aparecer no jantar. Era uma das atuações principais um dos lugares onde o senhor Isogawa se assegurava de vê-los juntos. De modo que Mew apareceria, esperando que Gulf representasse o papel de marido amoroso.

  — E que tal de marido rejeitado? — Murmurou ele, secando os olhos com lenço de papel. Ele perguntou a si mesmo se era assim que Art se sentia.

  Provavelmente. Malditos homens. Tirou do armário uma calça social, uma camisa  vermelha com um grande V, lhe destacando o colo.

   Gulf faria seu trabalho, e se divertiria o mais que pudesse

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   Gulf faria seu trabalho, e se divertiria o mais que pudesse. Para o inferno com Mew.

   Gulf chegou sozinho, e o senhor Isogawa, que, junto com sua esposa, conversava com os outros levantou-se rapidamente aproximou-se para fazer uma reverência e convidá-lo a unir-se a eles.

— Você está se divertindo? — Perguntou ele.

  — Sim, obrigado. Arigatô — repetiu em japonês, fazendo o senhor Isogawa sorrir. — Tem sido tudo muito lindo. A bure da casa na árvore é magnífica. E já estive nadando. A praia é linda, a água é tão cálida... E a cascata do chuveiro eu amei.

  Ele teve ter sido convicente, porque o senhor Isogawa sorriu.

  — E Mew? Ele aproveitou? Onde ele está?

— Mew adormeceu — Gulf contou com absoluta honestidade. — Estava tão cansado depois de trabalhar no avião toda a viagem até aqui, que desmaiou. Fui nadar sem ele. E quando ele acordou, acho que saiu para explorar o lugar por conta própria.

  E quando ele aparecesse, bem que poderia contar aos senhores Isogawa sobre tudo isso. O que Gulf dissera era a verdade.

  O senhor Isogawa assentiu.

  — Será interessante ver o que ele descobriu.

   O que Mew descobrirá — eles souberam quando ele chegou, justo antes que o jantar fosse servido.

— É que havia uma trilha que subia a montanha, atrás da mata, até um mirante no topo, no qual se podia ver praticamente toda a ilha. À vista assombrosas de 360 graus, é de enlouquecer. — Ele tinha os olhos brilhantes e parecia lindo como o pecado, descansado e completamente a vontade.

  Gulf o odiou.

   Mew devia ter voltado para casa na árvore depois que ele sairá, porque trocará de roupa e agora vestia uma calça tropical cor caqui e uma blusa polo preta que combinava com a cor dos olhos, apesar de ele está seguro que Mew nem fazia ideia disso.

  — Então você aproveitou bem o tempo? — Gulf fez o possível para parecer tão alegre e otimista como ele?

  — Sim. — Mew fez uma pausa. —Desculpe por eu não ter descido para nadar. Fui nocauteado. Eu ia me encontrar com você, mas você já não estava nadando quando eu acordei.

   Não, eu estava nu no chuveiro. Você podia ter se encontrado comigo ali. Mas é claro que o Gulf não disse isso.

  — Vou levar você lá amanhã — disse Mew. — Vai adorar. — E sorrindo para Gulf, passou o braço em volta dos ombros dele e o puxou com força para si.

   A parte autopreservadora de Gulf queria retesar-se e resistir. A parte furiosa queria chuta-lo onde lhe doesse mais.

  Mas Gulf dera sua palavra. De modo que se inclinou para o abraço e sorriu.

  — Estou certo que sim.

   Depois, porque ele ficaria furioso se Mew fosse o único a demonstrar como eles eram dedicados um ao outro, Gulf virou seu rosto na direção dele e beijou levemente no queixo.

  Então foi Mew que se contraiu e Gulf viu um sinal de confusão em seu olhar, seguindo do que pareceu um desafio determinado. E quando se deu conta, Mew inclinou a cabeça e o beijou nos lábios!

   Não era um beijo apaixonado, que devesse ser deixado para privacidade de uma bure lua de mel, mas demorou o suficiente para ser possessivo. E prometia uma legião de coisas que deixou Gulf sobressaltado e tremendo quando finalmente Mew se afastou.

   Mew sorriu para ele.

   Gulf lhe lançou um olhar furioso, e depois levantou a vista para ver Art observando tudo.

   O significado do beijo subitamente ficou perfeitamente claro. Foi um beijo de mantenha a distância, dirigido a Art. Mew não queria que significasse nada para Gulf. Nada mesmo.

   — Vamos — disse o senhor Isogawa. — Está na hora do jantar. — Ele pegou sua esposa pelo braço e a conduziu a sala de jantar.

  Mew, ainda sorrindo, ofereceu o seu braço para Gulf.

  E Gulf, depois de respirar cuidadosamente para se tranquilizar, passou o seu braço pelo dele e, ignorando a dor em seu coração, caminhou ao seu lado.

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