capítulo 10.[2 temp]

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Povo Carolyna

Eu não conseguia entender, não importa quantas vezes Maria Júlia fale que ela fez isso por ela e por mim. Eu nunca vou entender o fato de Amber ter fugido de mim, como Priscila fez.

Meias palavras nunca bastam, ainda mais quando elas estão num papel. Em uma porra de pedaço de papel. Você nunca espera chegar em casa e ver uma simples carta em cima da bancada, com a letra da pessoa que você amou, de forma errada mas ainda assim amou, dizendo que foi embora e nunca irá voltar. Você nunca espera abrir os armários e não encontrar nem as xícaras dela lá. Você nunca pensa que essa pessoa, que você queria por perto, porque te fazia bem, vai embora sem nem um beijo de despedida.

- Eu fiz um chá de camomila pra você. - Maria estendeu uma xícara para mim. Uma xícara normal, não era uma das favoritas de Amber, porque essas ela levou embora. Eu sequei as lágrimas que caíram pesadas, e em seguida peguei a xícara. - Amber fez isso por você, Carol.

- Ela não podia ter ido, não desse jeito. - Eu larguei a xícara, pois não conseguiria tomar nenhum gole. Nada descia, estava doendo tanto. - aquela mulher cuidou de mim, ela juntou todos os meus caquinhos, ela fez eu acordar feliz todos os dias, eu parei de chorar todas as noites graças à ela. Ela me fez tão bem, por que ela foi assim?

- Porque ela te ama mais do que o mundo pode entender. O amor que você sente por ela, é diferente do que ela sente por você. Ela sabe que esse amor você só sente por outra pessoa. - Maria Júlia cuspiu a verdade. Por que a verdade dói tanto? Minha amiga me abraçou, eu sentia falta desses abraços, parecia que o mundo estava me acolhendo.

Mas eu ainda precisava de explicações, eu precisava de uma despedida descente,  eu precisava saber que ela não guarda ódio, raiva, rancor, ou qualquer outra mágoa, de mim. E quando já estava cansada de chorar, eu decidi que estava na hora de ligar para ela. 

E foi como se ela estivesse esperando essa ligação, pois atendeu no terceiro toque. Posso imaginar ela esperando ansiosa, com o celular em mãos.

- Amber? - Falei, o silêncio reinou durante alguns segundos. Por um momento pensei que ela não iria responder. Mas eu pude perceber sua voz estranha, provavelmente ela chorou à tarde inteira.

- Oi. - Foi a única coisa que ela disse. Como eu poderia pedir explicações?

- Me desculpa. - Foi tudo o que eu consegui dizer. Eu devo desculpas por mil motivos, mas principalmente por não ter me entregue de corpo e alma à ela.

- Não... Não peça desculpas por nada Carol. - Ela respirou fundo. -  eu esperava sua ligação, e na verdade eu só tenho uma coisa pra te dizer Cah, seja feliz.

- Mas Amber...

- Não Carol, eu sei que a sua felicidade é ela, e eu vou ficar bem, eu vou dar um jeito na minha vida, eu juro. Você só precisa ser feliz. - Ela respirou fundo de novo, as lágrimas desciam pelo os meus olhos e eu já não tinha mais controle disso. Maria Júlia estava sentada no sofá mexendo no celular, ela havia prometido ficar comigo essa noite. Quando ela ouviu eu soluçar alto, veio para o meu lado no sofá e me abraçou de lado.

- Amber eu te amo!

- Eu também te amo, por isso fiz isso, agora vá Cah, vai atrás dela. - Ela desligou. E eu chorei, como uma criança com medo de escuro.

》》》

Eu não sei quanto tempo passou, Maria já estava dormindo no meu sofá enorme com a minha coberta das princesas. Eu suspirei e fui trocar de roupa, vesti uma calça de moletom cinza, uma camisa de regata larga e prendi meu cabelo em um coque. Deixei um bilhete para Maria Júlia antes de pegar meu celular e a chave do carro, e sair.

Amiga da minha exOnde histórias criam vida. Descubra agora