double chase

8° capítulo - 088

Ligação on...

-Alô, quem é?

-Pai, que porra você fez com a mãe da Billie Eilish? Não minta para mim! - Pergunto furiosa.

Meu pai fica calado por uns segundos.

-Filha, eu... - Ele parece não conseguir falar.

-Eu quero ouvir tudo da sua boca. - Digo forte.

-Eu matei ela, eu não tive escolha! - Finalmente ele fala, consigo sentir seu nervosismo.

-Não teve escolha? Quem não teve escolha foi Billie, ela confiou em você. Porra pai, eu sei que ela é a maior filha da puta que existe, mas você meteu a família dela no meio, A MÃE DELA! - Não consigo manter minha raiva.

Meu pai me conta tudo que aconteceu, tudo batia com que Billie tinha me contado. Minha raiva só crescia, meu pai não precisava ter feito aquilo.
Depois que ele terminou de me contar as mesmas coisas que Billie, eu desliguei a ligação. Não aguentava mais ouvir tremenda crueldade feita por meu pai.

-Aqui, toma. - Digo entregando o celular de Sarah.

Ela ouviu toda a conversa, a solitária é um tremendo silêncio, ela conseguiu ouvir até a voz de meu pai do outro lado da ligação.

-Eu sinto muito por tudo isso... - Ela diz se aproximando de mim e pegando seu celular.

-Está tudo bem, Sarah. - Digo olhando para a mesma.

-O que eu disse ainda está valendo. - Ela pega em minha mão. - Vou te proteger o máximo que conseguir!

-Porque você faria isso? - Pergunto.

-Não sei. Talvez por que eu tenha te achado legal. - Ela solta uma pequena risada no final.

Eu gosto da companhia de Sarah, mesmo com o que ela fez, como ela mesma disse, foi obrigada a fazer.

-Muito obrigada por tudo! - Digo com um sorriso sincero no rosto.

-Acho que você não vai me agradecer depois de saber que você terá que ficar aqui por, pelo menos, 24 horas. - Sarah fala se afastando de mim e rindo.

-Não, Sarah. Não faz isso comigo! - Digo frustada.

-Tem câmeras no corredor, se eles verem que te trouxe aqui por 20 minutos irão desconfiar de algo, ainda mais porque eu entrei com você. - Sarah diz sem graça.

-Tudo bem, vai ser bom para mim. O que dirá se perguntarem o porquê estou aqui e a razão pela qual você entrou na solitária?

-Bom, irei dizer que você me desrespeitou e eu precisei entrar com você por que você queria conversar um pouco. Vou dar uma de terapeuta, sabe? - Ela ri.

-Boa sorte! - Digo rindo e me sentando na cama.

Sarah anda até a porta e me lança um último sorriso antes de me trancar ali dentro.
Eu realmente precisava desse tempo sozinha, não vai ser tão ruim assim, não precisarei olhar na cara de Billie.

Já estou aqui por alguma horas e vejo que na parede da solitária tem muitas freses, as detentas sempre arrumam um jeito de passar o tempo. Fico lendo as frases, havia desenhos muito bonitos também. Vejo um desenho que vai até minha cama, afasto ela um pouco para conseguir ver o desenho todo, até que vejo algo escrito na madeira da cama que fica para o lado da parede.

"Cemitério 44: lapide 088, L."

Acho estranho, parecia um código ou uma localização. Reparo se não tinha mais nada parecido por ali e não, só tinha isso. Não ligo muito para isso, não deve ser nada.

Me lembro de tudo que já aconteceu, de Cleo e até mesmo de Billie. Meus pensamentos vão para Lenye, lembro que ela tinha muitas tatuagens, lembro de olhar muito para Lenye e reparar suas tatuagens, mas tinha uma em seu pescoço, bem pequena e sem sentido "088", além de parecer ter sido feita as pressas. Puta merda!
Fico ali, pensando se seria só uma coincidência ou seria a pista do dinheiro escondido. Talvez essa seja a pista que Billie disse já ter encontrado, ou não...
Vejo tudo escrito por ali, cada desenho mas não acho mais nada parecido com isso. E agora? Devo dizer isso ao meu pai? Porra, estou tão confusa com tudo!

Escuto alguém destrancando a porta.

-Hora de sair! - Escuto Sarah.

-Mas já? Não fiquei nem 10 horas aqui dentro.

-Você está aqui por 14 horas. Vamos, já chega, você nem fez nada.

Caminho até a porta e saio. Sarah me guia até o pátio e segue fazendo seu trabalho.

-Garota, onde você estava agora? - Cleo grita vindo em minha direção.

Rio com o jeito que Cleo falou e vou em sua direção.

-Eu estava na solitária.

-Que porra você fez pra ir parar lá? - Ela me pergunta surpresa.

-Eu desrespeitei Sarah.

-Puta merda, só por isso? - Cleo ri.

Estou no pátio, já comi, tomei banho, fiz tudo sem ver a cara de Billie. Tudo ótimo, até ver as detentas de Billie vindo em minha direção.

-Billie está te chamando. - Uma delas fala.

-Sei onde é a cela dela, daqui a pouco estarei lá. - Digo sem esbanjar reação.

-Vamos logo, garota! - Duas delas me pegam em meus braços e me puxam.

-Ei caralho, que merda é essa? - Cleo pergunta para elas furiosa.

-Tudo bem, não se preocupe. - Digo para Cleo e solto meus braços das mãos das detentas.

Sigo elas pensando que iríamos para a cela de Billie, mas no caminho, elas me empurram para o banheiro. Não consigo lutar contra 5 detentas.

-Que merda é essa? - Pergunto.

O banheiro está vazio, elas trancam a porta e uma delas me empurra forte, caio no chão.

-Vadia, não sei o motivo de Billie não ter dado um jeito em você ainda! - Uma delas fala.

Sinto duas delas me chutarem no estômago, resmungo de dor e me encolho.

-Se Billie não faz nada, nós fazemos por ela. - É a última coisa que escuto antes de sentir todas me chutarem.

Não tenho forças nem para gritar por socorro, sinto dor por todo o meu corpo, vejo sangue escorrer. Elas não param!
Escuto guardas baterem na porta, eles tentam arrombar, até que um deles consegue. As detentas são tiradas dali as forças e eu sou pega no colo por Sarah.

-Meddylin, me escuta, não apague! - Escuto Sarah.

Sou levada as pressas até a enfermaria, sinto dor á cada passo que Sarah dá comigo em seus braços.
Sou colocada em uma maca e rapidamente o médico chega até mim e levanta minha cabeça.

-Atingiram a cabeça dela, segurem ela sentada! - O médico diz e Sarah me segura.

Minha visão está turva, mas consigo ver Billie na porta tentando me ver no meio dos guardas. Assim que ela bate o olho em mim, ela saí dali as pressas e não parece ter gostado nada do que viu.

-Meddylin? - É a última coisa que escuto antes de apagar de vez.

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