12° capítulo - Plano de fuga

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Tento ao máximo não olhar para o rosto de Cleo, mas é difícil quando ela era a única pessoa que eu confiava aqui dentro.

-Cleo, me deixe ir! - Digo, finalmente olhando para seus olhos.

-Eu não posso deixar você ir antes de esclarecer suas dúvidas. - Cleo diz me olhando séria.

-Não quero que você me esclareça nada! - Digo me soltando dos apertos de Cleo e empurrando a mesma.

Cleo apenas ficou parada me olhando enquanto eu saia do local. Caminho com a visão turva de lágrimas até o banheiro, entro em uma das cabines e choro. Meu choro foi abafado por minhas mãos, não conseguia controlar. Dentro desta mesma cabine eu fui consolada por uma traidora, eu a abraçava como se fosse alguém especial para mim, porque ela era!
Não posso confiar em meu pai, não posso contar com minha mãe, não posso confiar em Sarah, não posso confiar em Cleo. Agora, é somente eu.
Me recomponho, afinal, hoje vou na cela de Billie, preciso pensar em um plano para conseguir fugir dela no dia da fuga. Prefiro ficar aqui por 11 anos, do que ter que conviver com Billie lá fora.
Finalmente, saio do banheiro. Terei que achar um lugar para ficar, não quero ter encontros com Cleo, o que dificulta muito por ela ser da minha cela.

-Meddylin! - Paro assim que escuto a voz de Sarah. - Está melhor?

-Sim, estou bem melhor. - Respondo Sarah com um pequeno sorriso no rosto.

-Desculpa não ter vindo te ver antes, eu tive um imprevisto em casa. - Ela diz e solta uma pequena risada.

-Ah, você tem casa! - Digo rindo.

-Tenho. Qualquer dia você vai lá me visitar, ok? - Diz sarcástica.

-Sim, irei nesse final de semana. - Digo rindo.

-Preciso ir, não some! - Sarah diz enquanto caminha rápido para o pátio.

Não tenho muito o que fazer aqui dentro, então vou para o pátio onde estão a maioria das detentas. O dia está ensolarado e muito bonito. Me sento em um dos bancos do local, um pouco afastada das demais, o sol bate em mim e eu aproveito o máximo possível.
O sinal toca para entrarmos para dentro novamente, irei ficar o dia todo fazendo coisas banais até a hora de ir para a cela de Billie.

O dia passou lentamente, fiz tudo que tinha para fazer e já estou voltando para minha cela depois de um longo banho quente. Não me encontrei com Cleo e muito menos, com Billie.
A caminho de minha cela, passo por Billie que estava encostada na grade do corredor, acho que ela nem me viu, passei atrás dela. Chego em minha cela e estão todas lá, não olho para nenhuma delas, só guardo meus itens de higiene em seus lugares e me deito.
Depois de uns 40 minutos o alarme toca e as celas começam a ser trancadas, menos a minha.

-Por que não trancaram a porra da cela? - Camilla pergunta.

Camilla fica sem respostas por todas ali. Me levanto e calço meus tênis, sinto que Cleo me olhava mas eu ignorei todas ali e sai á caminho da cela de Billie.

-Posso entrar? - Pergunto na porta da cela de Billie.

-Sim. Sente-se! - Ela me responde e se senta em sua cama.

As companheiras de cela de Billie não estão aqui, provavelmente, por mandado dela. Me sento na cama ao lado da de Billie, ficando de frente para ela.
Billie está com uma bermuda do mesmo tecido e cor da farda da prisão, mas eu nunca vi ninguém aqui dentro usando uma igual, na parte de cima ela está com uma regata branca, seus cabelos estão soltos e um pouco bagunçados.

-Já está quase tudo pronto para a fuga, talvez só precise de mais algumas horas para sairmos desse inferno! - Billie diz apoiando os braços em suas pernas e olhando diretamente para mim.

-Como vamos sair daqui? - Pergunto.

-Calma aí! - Ela solta uma risada. - Você ainda não me disse onde está o dinheiro.

Eu sei que Billie não precisa do dinheiro, isso tudo é uma jogada para que eu não desconfie de seu plano, mas como eu também estou jogando com ela, irei dizer onde está o dinheiro.

-O dinheiro está enterrado no cemitério 44, na lápide 088. Agora você se vira para saber onde é esse cemitério.

-Uou, você sabe mesmo. Onde você descobriu isso?

-Isso não interessa! - Digo.

-Você tem razão. - Billie diz soltando uma pequena risada e olhando para baixo. - Respondendo sua pergunta, nós vamos sair por trás da prisão, lá tem pouquíssima segurança porque não é um lugar acessível para as detentas.

-Como isso vai ser possível? Não tem janelas, não tem portas, não tem nada ali por onde possamos sair. - Digo confusa.

Billie ri erguendo sua cabeça para cima, já percebi que ela faz isso quando, realmente, achou algo engraçado. Ela olha para mim novamente e continua rindo.

-O que foi, porra? - Pergunto já sem paciência.

-Você não consegue pensar um pouco? Quer todas as respostas de suas perguntas sem fazer nenhum esforço. - Billie diz articulado com as mãos.

Fico calada por um tempo com minha cabeça baixa.

-Vamos fugir por um buraco na parede? - Pergunto.

-Isso. Você é inteligente, só não sabe usar isso ao seu favor.

-Billie, me explica isso direito. Por um buraco na parede? Isso é impossível!

-Eu te disse que não mandei baterem em você mas isso é mentira, eu precisei fazer isso para que minhas detentas fossem para a solitária, e aproveitei a oportunidade para, sei lá, te dar uma lição. - Billie diz.

-Você é uma filha da puta. Manipuladora de merda! - Digo me levantando para sair.

Billie se levanta junto comigo e fica em minha frente, seu sorriso sínico e seu olhar ameaçador estão direcionados a mim.

-Depois que minhas detentas foram para a solitária, elas começaram com os serviços. Tinham ferramentas escondidas nos colchões das camas, todo dia uma detenta ia para lá ao meu mandado para levar essas ferramentas e esconde-las. - Ela diz chegando mais perto de mim. - Como elas entraram com essas ferramentas? Bom, na calcinha, sutiã, amarradas nas pernas. Eu dei um jeito para tudo.

Billie já está muito perto de mim agora, consigo sentir sua respiração em meu rosto.

-Com esse pouco tempo na solitária, elas abriram um buraco em cada sala da solitária, afinal, elas precisam trabalhar juntas. Onde abriram esse buraco? Onde as camas ficam encostadas, ali foram abertos pequenos buracos para que caiba uma pessoa. Os guardas não abrem a solitária, apenas entregam as refeições pela janela da porta, por ali eles já vêem se está tudo bem e vão embora. - Billie conta em quase um sussuro.

-E o barulho? Não tem como fazer buracos nas paredes e não fazer barulho. - Digo no mesmo tom de voz que Billie estava falando comigo.

Eu não sei qual a necessidade de Billie chegar tão perto de mim sempre que conversamos, com certeza ela sabe que isso me intimida mais que qualquer coisa.

-A solitária não transmite muito barulho, é um lugar isolado e de castigo, ninguém dá muita importância para aquele lugar. - Billie fala muito perto de mim.

Porra, isso está me sufocando!

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