39° capítulo - Inferno

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Eu e Billie passamos pelos cadáveres que fizemos, tento não olhar muito mas é impossível, e aterrorizante. Agacho e pego uma faca ao lado de um cadáver, me levanto rápido e me assusto com um tiro sendo disparado em minhas costas, me seguro em Billie que estava ao meu lado.

-Puta merda! - Billie me segura para que eu não caia.

Eu estava de colete, o tiro não me atingiu mas a dor do baque é insuportável. Respiro fundo ainda nos braços de Billie, ela me segurava com força e estava atenta aos arredores.

-Vão! - Tomas grita ao nos ver. - Não deixarei segui-las.

Começamos a correr na direção em que Norman foi. Aqui era afastado de tudo, a casa de Peter no meio do nada, um grande terreiro para eles treinarem e árvores em volta, não tinha como Norman se esconder.

-Ele está por aqui. - Billie sussura enquanto dados uma pausa. - Vamos fazer silêncio.

Me encosto numa árvore e escuto um barulho distante além dos tiros onde estava acontecendo nosso confronto. Olho para Billie e no mesmo momento ela me olha de volta.

-É a polícia! - Ela diz pegando o comunicador.

-Não temos tempo! - Digo impaciente.

-A polícia chegou, estamos cercados. - Billie fala no comunicador.

-Vocês precisam deixar o local agora! - Billie é respondinda por um homem.

-Só sairemos daqui quando terminamos o que viemos fazer. - Billie diz no comunicador.

-Mandarei transporte. Dêem um jeito de não serem pegas até chegarmos. - O homem diz.

Billie guarda o comunicador e me olha.

-Precisamos achar esse filho da puta. - Diz decidida.

-A polícia estará entretida no confronto, é nossa chance. - Digo.

-Ele só pode ter ido para aquele lado. - Billie aponta para o lado oposto da estrada. - Ficarei atenta aos arredores e você ficará atenta nas árvores, ele pode está em cima.

Concordo e começamos a caminhar. Escuto os tiros ficarem mais intensos, a polícia chegou lá. Foco apenas em achar Norman, começo a prestar atenção em cada árvore e em qualquer barulho.

Já tinhamos caminhando um bom pedaço, já não conseguia ouvir os tiros e isso me deixava apreensiva por não saber o que estava acontecendo por lá.

-Ei, olha! - Billie chama minha atenção. - Ele está ferido.

Vou até Billie que estava agachada e prestava atenção no canto de uma árvore.

-Sangue fresco. - Digo ao ver as gostas de sangue.

Billie ergue a cabeça e me olha, estendo minha mão e ela se apoia para levantar. Começamos a olhar em volta, um tiro é disparado, olho imediatamente para Billie e paraliso ao ver sangue escorrendo.

-Não, não olhe para mim. Procure ele! - Billie ordena.

Destravo minha arma e vou em direção ao tiro, começo a caminhar rápido, já estava completamente fora de mim. Escuto passos mas não consigo achar ninguém, as árvores dificultam tudo.

-Norman! - Grito e paro de caminhar. - Não acha melhor resolvermos isso logo?

Observo o meu arredor, estava completamente exposta.

-Eu estou aqui, vem até mim. Você está aqui para me matar, não é? Aqui está sua chance! - Grito, eu sabia que ele conseguia me ouvir. - Vem matar sua garotinha, aquela que você contava para seus amigos todo orgulhoso, a mesma que você prometeu proteger de todo o mal e agora ela está tendo que fazer isso sozinha, porque o mal sempre esteve com ela disfarçado de pai.

Espero por alguma movimentação mas nada acontece, não conseguia ouvir passos, porém sabia que ele estava ali perto. Eu estava fazendo isso errado, ele não viria até mim se eu continuasse desprezando ele desse jeito. Respiro fundo, estaria prestes a fazer a coisa mais estúpida que alguém poderia imaginar.

-Se você não consegue me ver, quero que dê um jeito de conseguir. - Digo levantando minha arma e a soltando no chão. - Estou desarmada.

Por alguns segundos, escuto movimentação. Levo minhas mãos até meu colete e o desprendo de meu corpo, tiro e jogo no chão.

-Seu tiro acertou o peito de Billie, ela não deve estar mais viva, então agora eu posso te contar a verdade. - Minha voz sai trêmula e abaixo minha cabeça. - A polícia chegou no confronto, não sobrou mais ninguém. Você conseguiu, termine seu serviço, mas antes, me ouça.

Escuto passos e mantenho minha cabeça abaixada.

-Eu te avisei. - Escuto a voz de Norman e ergo minha cabeça para olhá-lo.

Ele estava em minha frente, uma de suas mãos apontava uma arma para mim e a outra pressionava um ferimento na barriga.

-Pai, você precisa de cuidados! - Digo dando um passo à frente.

-Não se mexa! - Diz destravando a arma.

-Eu estava sendo manipulada! - Lágrimas escorrem de meu rosto. - Eu queria estar com você.

-Você é uma péssima mentirosa! - Norman diz com um pouco de dificuldade.

-Fui ameaçada, eu precisei fazer tudo o que fiz para te manterem vivo. Por que acha que não te mataram quando pegamos você? Porque eu colaborei, eu me sacrifiquei para te manter bem.

O olhar de Norman muda, ele prestava atenção em cada palavra que saia de minha boca e também parecia pensativo.

-Eu matei Cleo na primeira oportunidade que tive. - Tento me controlar para não chorar mais do que já estava. - Eu estava ao seu lado em todo momento.

Norman começa a abaixar lentamente sua arma, suas mãos estavam trêmulas e ele suava muito.

-Pai... me leve para casa, me faça voltar a ser sua garotinha. - Digo abaixando minha cabeça novamente e soluçando de chorar.

Sinto Norman se aproximar de mim e o barulho de sua arma sendo jogada no chão, ele para em minha frente e pega em minha mão, em seguida, ele me abraça.

-Eu te amo, pai. - Digo retribuindo o abraço.

-Eu também te amo, Meddilyn. - Ele diz.

-Eu esperei tanto por este momento... - Me afasto um pouco para olhar em seus olhos. - O momento no qual eu estaria pronta para fazer isso...

Rápido e com força, esfaqueio a barriga de Norman com a faca que eu tinha guardada comigo.

-Lembro de você dizer que queria ver sua filha vencer e conseguir tudo o que queria. - Giro a faca dentro da barriga dele. - Acho que você poderia ficar feliz por mim agora, eu consegui!

Norman olhava em meus olhos enquanto tentava se manter de pé. Tiro a faca e atinjo o lugar em que ele estava machucado.

-Você... você vai pagar por isso! - Norman diz tentando respirar.

-Eu? - Solto uma pequena risada. - Eu sou a justiça, eu faço e estou fazendo justiça. Não estou cometendo nenhum erro para ter que pagar depois.

Norman cai de joelhos em minha frente, me agacho e retiro a faca de seu corpo.

-Eu deveria ter te matado... - Norman diz enquanto sangue escorria de sua boca.

-Desculpe não ter te dado tempo o suficiente para isso. - Faço uma pausa. - Você sempre consegue o que quer, então dê um jeito de me ver ganhar o mundo, acho que satanás te daria esse presente por ter sido tão fiel à ele aqui da terra.

Norman abaixa a cabeça, já estava fraco e perdia muito sangue.

-Eu até poderia te deixar vivo, mas você atirou em Billie e eu não me permitiria te ver vivo depois disso, então, reze para ela esteja bem e viva, porque se não, eu vou no inferno atrás de você. - Digo.

Ergo a cabeça dele e o faço me encarar, rápido e olhando em seus olhos, passo minha faca pelo seu pescoço e faço jorrar sangue, passo uma de minhas mãos limpando meu rosto do sangue que espirrou em mim. Solto a faca e pego minha arma, me levanto e encaro o corpo sem vida à minha frente, respiro fundo e sem nenhum remorso. Começo a voltar para onde deixei Billie, aliviada por finalmente ter matado Norman, mas em desespero por talvez tê-la perdido.

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