Vinte e Oito

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Ele

–– M-mas... –– Isabela nos olha várias vezes, como se estivesse acompanhando uma partida de tênis, ainda atarantada. –– Você sempre disse que era o mais velho, que ele era o caçula... –– diz em tom acusatório, estreitando as pálpebras.

–– Mas eu sou o mais velho... –– reafirmo.

Gregory bufa e revira os olhos iguais aos meus.

–– Quinze minutos mais velho do que eu –– fala secamente. –– Oito minutos mais velho do que a Ivy.

Dou de ombros.

–– Continuo sendo o mais velho.

Ela se deixa cair no sofá, ainda sem tirar os olhos de nós.

–– Isso é tão confuso... –– Sacode a cabeça, mortificada. –– Meu Deus, que vergonha... –– Ela ri, toda sem jeito, o que me faz ter vontade de beijá-la. –– Acabei de beijar meu cunhado, caramba... –– E comprime o cenho.

Meu sorriso se apaga. Bom, a vontade evaporou. Em contrapartida, o de Greg é imenso.

–– Foi um beijo e tan.. urf. –– ele geme quando lhe dou uma cotovelada forte nas costelas.

Ela se ergue outra vez, agora sem nos encarar. Está com um de seus vestidos provocantes, que instigam a imaginação de qualquer homem num raio de 100 km. Lanço um olhar de advertência para Gregory, que a mirava fascinado, e ele abaixa a cabeça, corando em seguida.

–– Bom, vocês já tomaram o café da manhã? –– questiona ela. –– Preparei tudo ainda agora. As meninas daqui a pouco também acordam.

–– Ainda não –– respondo. –– A gente saiu depois de uma da manhã. Precisamos dormir um pouco, mas antes temos algumas coisas para fazer.

Greg me olha.

–– É melhor chamar sua auxiliar. Ela vai gostar das novidades.

Concordo com um aceno, tirando o celular do bolso frontal.

–– Se eu deixar a Aurora fora disso ela atira em mim.

–– Vocês descobriram algo sobre Esther? –– Isabela, na passagem da sala para a cozinha americana, pergunta rápido e com bastante interesse.

–– Encontramos algumas pistas sim, mas sobre a vítima. O que talvez ajude a encontrá-la –– falo enquanto ando pelo corredor e digito uma mensagem para Aurora, chamando-a para vir aqui.

–– Uma fã de true crime, hein? –– fala meu irmão, apreciando a curiosidade de Isabela. Ela sorri.

–– Desse caso em específico –– responde. –– Acompanho quase que desde o início.

–– E me ajudou em algumas coisas importantes –– conto. Viro-me de volta para ele, ainda parado perto da porta da sala, com as mãos na cintura. –– Tá a fim de um banho?

–– Tô, cara.

–– Vou pegar uma toalha. Não ataque minha namorada enquanto isso –– brinco.

Ele ergue as palmas de novo.

–– Em minha defesa...

–– Cala essa boca –– corto, entrando no quarto, mas antes relanceio uma envergonhada Isabela na cozinha, que ri baixinho. Sorrio de leve com a falta de jeito dela.

–– Culpa sua! –– murmura, com os olhos reluzindo embaraço.

–– Minha? –– questiono, boquiaberto.

#2 - Logo Após Você PartirOnde histórias criam vida. Descubra agora