19_ Vem, loirinha.

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Aquele dia se passou numa velocidade tão grande que me deixou com raiva por não ter aproveitado mais. Enquanto eu e Daniela estávamos comendo do food-truk da Lia e do Saulo, eles trabalhavam e ainda sobrava tempo para conversar com nós.

Nos divertimos bastante. A Lia era uma pessoa incrível, e como o Saulo disse no começo ela tinha dado em cima de mim. O que eu achei? Acabei rindo disso e ainda brinquei junto à ela. A comida de lá era uma delícia, tinha que admitir! O Saulo tentou de todas as formas fazer igual a Lia, mas ele errou muito e no final acabou desistindo.

Agora já era final de tarde. Por os pais ter chamado ela para ter uma conversa, Daniela teve que ir embora e disse que iria dormir na casa dela. Agora eu estava ajudando o Saulo a guardar todas cadeiras enquanto a Lia guardava as coisas dentro da van.

Um pequeno sorriso se formou nos meus lábios lembrando do tanto que a gente conversou hoje. Eu tinha gostado bastante.

ㅡ Gostou de hoje, Elizinha? ㅡ Saulo quebrou o silêncio chamando a minha atenção.

ㅡ Sim. ㅡ Assenti com um sorriso tímido olhando diretamente para seus olhos. Eu não sabia identificar o que aqueles olhos tinha para me deixar tão curiosa, mas a sensação que me trazia era boa. Em parte, era boa, mas a outra me deixava tão curiosa que eu me sentia ansiosa para identificar o que é. ㅡ Eu gostei.

ㅡ Gostou da comida? Não sei se foi do seu gosto, até porque a Lia não cozinha muito bem. ㅡ Ele falou num tom de deboche.

ㅡ Eu ouvi isso! ㅡ Lia riu passando por ele após guardar a última mesa que estava na parte dela.

ㅡ Bom, pelo que eu saiba ela cozinha mais que você. ㅡ Encarei o Saulo falando num tom sarcástico. ㅡ Mas eu gostei sim. Estava tudo maravilhoso.

Ele assentiu antes de ir até a van segurando as cadeiras, e assim se seguiu os próximos minutos nós três guardando as coisas. Até que estávamos na hora de ir e nos despedimos.

ㅡ Vamos para casa? ㅡ Saulo perguntou tirando o chapéuzinho da cabeça enquanto andávamos pela praça.

ㅡ Claro. ㅡ Sorri encarando as suas mãos tendo uma ideia, logo eu peguei o chapéu da sua mão.

ㅡ Ei! Me dá isso!

ㅡ Não me toca. ㅡ Me afastei dele rindo colocando o chapéu na cabeça. ㅡ Eu gostei do chapéu, então eu vou usar ele.

ㅡ É meu. ㅡ Saulo colocou as mãos na cintura e me encarou, isso me fez olha-lo rindo.

ㅡ Tô nem ai. ㅡ Empurrei o Saulo antes de começar a correr para longe dele.

ㅡ ELIZAH!!! VOLTA AQUI COM O MEU CHAPÉU!! ㅡ Saulo gritou começando a vim atrás de mim, eu só fazia ri dele correndo pela praça inteira para saímos daquela parte.

Eu sei, eu sei, podíamos nos achar crianças e malucos por estar correndo dessa forma sem se importar com as pessoas que a gente poderia derrubar com aquela corrida.

Depois de tanta corrida ele desistiu de tentar pegar o chapéu da minha mão e começamos a caminhar rindo um do outro. Por muito tempo a gente começou a caminhar, e isso foi suficiente para chegarmos na frente do prédio cansados e suados.

ㅡ Não acredito que me fez correr. ㅡ Saulo resmungou enquanto entrávamos no prédio, logo fomos até o elevador. ㅡ Eu estou todo suado.

ㅡ E eu não? ㅡ Encarei ele com uma das minhas mãos em minha cintura. ㅡ Olha aqui, você que começou a correr só por causa do chapéu. ㅡ Apontei para o chapéu na minha cabeça sorrindo, em seguida entramos no elevador e a porta fechou.

ㅡ É o chapéu que eu uso para trabalhar, Elizah. ㅡ Saulo se virou para mim e colocou as mãos na cintura.

ㅡ E, por acaso, você está trabalhando agora? ㅡ Perguntei de forma sarcástica. Ele engoliu em seco ficando alguns segundos em silêncio, ele até tentou abri a boca para falar algo mas fechou. ㅡ Foi o que eu pensei.

ㅡ Isso não vale.

ㅡ Por que? Eu falei a verdade. ㅡ Joguei meu cabelo para o lado com um sorriso convencido. ㅡ Não amola. ㅡ Me aproximei dele no intuito de empurra-lo, porém, ele se afastou me fazendo ir para o lado num tropeço. Só que uma coisa, ou o destino, o roteiro, ou qualquer coisa fez com que ele pegasse meu braço com tanta rapidez e força que me fez ir com tudo para cima dele. O que resultou em minha cabeça em seu peito.

De novo, mais uma vez, novamente com a nossa aproximação meu coração que estava batendo normalmente errou a batida e começou a acelerar. Levantei minha cabeça e olhei para os olhos do Saulo que, de algum jeito, estava próximo do meu.

Um arrepio correu por todo meu corpo.

ㅡ Tá virando rotina isso. ㅡ Saulo falou quebrando o silêncio.

ㅡ Hã?

ㅡ Isso. A gente caindo em cima do outro, tá virando rotina. ㅡ Ele riu me ajudando a ficar em pé novamente. ㅡ Será que isso vai acontecer sempre?

ㅡ Er... ㅡ Coloco meu cabelo atrás da orelha tímida e abaixando o olhar. ㅡ Não sei. Você quer que aconteça?

Ele sorriu abaixando a cabeça antes da porta do elevador se abrir, ele saiu do elevador sem responder. De início eu achei que ele sairia e me deixaria sozinha, porém, ele se virou e me olhou com aquele sorriso que era lindo.

ㅡ Se acontecer de novo, não vou reclamar. ㅡ Saulo respondeu antes de estender-me a sua mão aberta. ㅡ Vem, loirinha. Temos que tirar esse cheiro de suor antes da sua ida até o hospital.

Eu não soube reagir, nem ao menos soltei uma palavra sequer. Mas o que eu consegui fazer foi simplesmente pegar em sua mão abrindo um sorriso em seguida.

•••

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora