25_ Obrigada, loirinha.

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ㅡ Ai, Saulo, por que você bateu daquele jeito na parede?? Sabe muito bem que pode quebrar o cassete dos seus dedos! ㅡ Elizah reclamava comigo enquanto ela segurava a bolsa de gelo em minha mão.

Eu ainda estava pensando muito no que a minha mãe disse antes de desligar a ligação. Por que? Tipo, qual sentido de mesmo sendo maltratada minha mãe não entende o que ela deve fazer?

Eu me sentia péssimo. Dentro de mim havia uma dor tão grande por não conseguir que, pelo menos, a minha mãe parasse de sofrer. O que eu mais queria nesse momento era ter dinheiro o suficiente para tirar ela e o meu irmão daquela casa.

ㅡ Foi por impulso. ㅡ Respondi secamente pegando a bolsa de gelo da mão dela e passando levemente sobre a minha mão. Claro, eu sabia que a Elizah tinha toda razão para ficar irritada, mas eu não me importava com isso.

O que eu me importava, naquele momento, era em como eu faria para ajudar a minha mãe sendo que ela não queria ajuda. Eu me sentia um... inútil.

ㅡ Ah, por impulso?? ㅡ Elizah levantou da cadeira e me encarou. ㅡ Escuta, Saulo, não é porque você está irritado com aquele babaca do seu pai que você deve sair socando as coisas que encontra pela frente! ㅡ Ela bateu na mesa parecendo irritada. ㅡ Ok, acabei de fazer isso. ㅡ Ela fechou os olhos e suspirou.

ㅡ Desculpa. ㅡ Abaixei minha cabeça e os meus ombros num suspiro.

ㅡ Arg... ㅡ Ela resmungou antes de sentar na cadeira novamente e segurar meu rosto me fazendo olha-la. ㅡ O que a sua mãe falou antes de desligar?

ㅡ Disse que se eu não entendo os sentimentos dela pelo meu pai, ela sentia muito. ㅡ Respondo-a de uma forma cabisbaixa. ㅡ Então... não tenho muito o que fazer.

ㅡ O que?? Claro que tem! ㅡ Ela respondeu. ㅡ Saulo, por favor, né! Ela é sua mãe, Saulo. Você tem que ajudar a sua mãe, ela precisa de você.

ㅡ Como eu vou ajudar ela, Elizah?? Ela não quer entender! Ela não quer a minha ajuda!

ㅡ Saulo, me escuta. ㅡ Ela pegou meu rosto com as duas mãos. ㅡ Independente dela querer ou não, você tem que ajudá-la. A sua mãe tá sendo vítima de violência, vítima de um homem idiota que não mede esforços para fazer o mau para a única pessoa que esteve ao lado dele. Você é a única pessoa que pode tirá-la daquele lugar, você é a única pessoa que pode ajudar ela e o seu irmão. Coloque aquele cara atrás das grades e tire a sua mãe da vida dele. ㅡ As palavras da Elizah entraram no meu peito como uma fortaleza, e os seus olhos brilhantes só me ajudavam. ㅡ Você é forte o suficiente para fazer isso! Seja forte!

ㅡ Mas se eu... ㅡ Ela me interrompeu.

ㅡ Nem tente falar isso, ok? ㅡ Ela arqueou uma das sombracelhas e, me rendendo a isso, senti um pouco de medo daquele olhar e resolvi ficar calado na minha. ㅡ Ótimo. Não se preocupe, Saulo, você vai conseguir ajudar a sua mãe.

ㅡ Acha? Eu não... ㅡ Abaixei meu olhar novamente, porém, ela segurou meu rosto levantando me cabeça para olha-la. Só que dessa vez seu rosto estava mais próximo.

ㅡ Não fique achando que você não é capaz, porque você é sim. Entendeu? Você é capaz, Saulo! Tudo o que você passou é a prova disso. ㅡ Acabei ficando encantado pela forma em que as suas palavras saiam e os seus olhos brilhavam. E, naquele momento, tive mais certeza dos meus sentimentos de longos anos por ela quando ela abriu um sorriso de ladinho para mim.

ㅡ Obrigada, loirinha. ㅡ Minha voz soou um pouco rouca enquanto abria um sorriso para ela, no entanto, não foi só isso que eu conseguir fazer. Depois de muito tempo não podendo, pude juntar nossos lábios em um beijo que pegou ela totalmente de surpresa.

Dentro de mim, meu coração acelerou num nível absurdo assim que ela retribuiu o beijando levando suas duas mãos para meu pescoço e me puxando mais para ela.

Ela afastou seus lábios do meu respirando o mais fundo possível, em seguida encostou sua testa na minha ainda com os olhos fechados. Eu, naquele hora, só sabia olha-la cada vez mais encantado.

ㅡ Sabe que a gente ainda tem um acordo, né? ㅡ Elizah perguntou no meio daquele silêncio que havia pairado pela cozinha após encerramos o beijo.

ㅡ Sei. Por que?

ㅡ Agora você tem mais um motivo para seguir o acordo, então é melhor não atentar. ㅡ Ela abriu um sorriso convencido se afastando e abrindo os olhos. ㅡ Tudo bem? Eu posso ter admitido que gosto de você, mas ainda tenho vontade de te matar.

ㅡ Uau, Elizah. Me sinto lisonjeado pela forma como você é romântica. ㅡ Levei minha até meu peito fingindo emoção.

ㅡ Obrigada! ㅡ Ela jogou os cabelos para o lado sorrindo convencida. ㅡ Podemos seguir o acordo, né?

ㅡ Claro. ㅡ Abri um sorriso travesso abaixando minha mão para atrás de mim com os dedos cruzados. ㅡ Vamos seguir o acordo para nenhum dos dois se matarem.

ㅡ Ótimo! ㅡ Ela se levantou da cadeira. ㅡ Agora vou tomar banho para eu comer. Já volto! ㅡ Ela me deu um beijo na bochecha antes de sair da cozinha de forma animada.

Bom, certamente, ela não viu os meus dedos cruzados. Então seria maravilhoso irrita-la...

Ou não.

[...]

ㅡ SAULO!!! ㅡ Elizah gritou correndo atrás mim pela sala enquanto eu apenas fazia rir da cara de forma debochada. O seu rosto estava vermelho de raiva. ㅡ DEVOLVE MEU SHAMPOO!!!

•••

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora