ㅡ O que aconteceu? ㅡ Saulo perguntou entrando na cozinha, apaguei rapidamente a tela do celular e olhei para ele assustada. ㅡ Tudo bem?
ㅡ Er... sim. ㅡ Assenti freneticamente colocando o celular em cima do balcão, logo abri um sorriso para ele. ㅡ E você?
ㅡ Eu tô bem sim. Mas tem certeza que ta bem? Você está... ㅡ Interrompi ele colocando meu dedo indicador na frente dos seus lábios.
ㅡ Estou bem, Saulo. Só tô cansada mesmo. ㅡ Balancei minha cabeça sorrindo. ㅡ Tudo bem.
ㅡ Que bom. ㅡ Ele sorriu enclinando seu rosto e me dando um selinho. ㅡ Então você e o Sammy fizeram o jantar?
ㅡ Ele me ajudou. ㅡ Respondi rindo e me afastando. ㅡ Sammy??
ㅡ Tô aqui. ㅡ Sammy entrou na cozinha rapidamente e sorriu. ㅡ Estava olhando os carrinhos. Eles são tão maneiros!
ㅡ Os? ㅡ Saulo colocou uma das mãos na cintura e me olhou.
ㅡ Não aguentei. ㅡ Sorri inocente. ㅡ E você tá parecendo uma xícara! ㅡ Empurrei ele com o meu cotovelo, logo ri dele. ㅡ Senta logo. Ainda quero assistir filme.
ㅡ Depois a gente conversa sobre isso. ㅡ Saulo sussurrou perto do meu ouvido antes de passar por mim e sentar na cadeira em minha frente. Engoli em seco com aquela voz.
Aquele jantar se seguiu calmamente com conversas tranquilas e aleatórias. Enquanto eu me sentia cansada pelo trabalho e por ter cuidado do Samuel o resto do dia, Saulo reclamava do quanto o food estava cheio e o Sammy dizia todo alegre que havia ganhado dois carros. Eu me sentia feliz por ele.
Após o jantar Samuel foi brincar com os seus três ㅡ já que eu tinha comprado dois, no total ficou três carros que ele tinha e ficou nem feliz com isso ㅡ carros, enquanto isso eu lavava os pratos e o Saulo enxugava e guardava.
ㅡ Por que comprou os carros para ele? ㅡ A pergunta do Saulo quebrou o silêncio que se instalou sobre a cozinha.
ㅡ Porque ele gostou, Saulo. ㅡ Afirmei lavando o copo.
ㅡ Elizah ㅡ A sua voz soou com tom de reprovação. ㅡ Ele vai ficar mal acostumado, cara, já disse. Quando ele pedia o pai dele sempre dizia não, e a minha mãe não tinha dinheiro para comprar. Sabe o que é isso para alguém que nunca teve nada?
Larguei o copo em cima da pia e olhei para a figura dele ao meu lado, com um pano de prato na mão e o seu olhar sério.
ㅡ Pai dele?
ㅡ Aquele homem não é o meu pai. ㅡ Ele completou de um jeito sério e com raiva. ㅡ Nem deveria ser o pai do Sammy, mas eu entendo tudo e o meu irmão ainda não. Infelizmente.
ㅡ Lhe entendo, mas só não fala desse jeito perto do Sammy. ㅡ Voltei a lavar os pratos ouvindo o suspiro dele. ㅡ Assim ele vai estranhar.
ㅡ Não tô nem ai. ㅡ O seu tom era de desgosto. ㅡ É bom que ele aprende.
ㅡ Saulo... ㅡ Repreendi ele me virando, no entanto, ele se virou para a mesa e deu um soco lá. ㅡ SAULO!! Você tá maluco???
ㅡ Não! ㅡ Ele gritou se virando. ㅡ Por que você comprou aqueles carros para ele??
ㅡ Eu já te respondi. ㅡ Completei. ㅡ E por que você tá assim tão nervoso?? O seu pai já está na merda da cadeia!
ㅡ Eu não quero que sinta pena nem de mim e nem do Samuel!!
ㅡ Espera ㅡ Ri me afastando da pia. ㅡ Você acha que eu tô com pena? Saulo, eu comprei porque eu gosto do seu irmão... E de você!
ㅡ Não tenho dinheiro para te pagar, Elizah. ㅡ Ele respondeu me fazendo olha-lo.
ㅡ É o que?? Não acredito que você disse isso. ㅡ Revirei meus olhos. ㅡ Eu não comprei nada na intenção de te pedir de volta! Foi um presente!
ㅡ Presente? Ninguém nos deu presente só por dá.
ㅡ Ok. ㅡ Ergui meus braços. ㅡ Eu não preciso do seu dinheiro, Saulo, e nem quero. Eu comprei porque eu gosto do seu irmão, gosto de você, e senti que ele precisava de algo para distraí-lo do dia horrível que ele teve. Mas, se você não acredita, tudo bem. ㅡ Falei me virando na intenção de sair da cozinha, todavia, ele pegou em meu braço e me puxou.
ㅡ Elizah... ㅡ Afastei-me dele.
ㅡ Você tá de cabeça quente, Saulo. ㅡ Comentei tirando o braço dele do meu. ㅡ Termina tudo aí e pensa em tudo. Não quero discutir com você. ㅡ Limpei minhas mãos antes de sair da cozinha deixando-o lá.
Pelo resto da noite, até a meia-noite, nós três assistimos filme até que o Samuel dormiu e o Saulo levou ele até o quarto. Eu desliguei tudo na sala e resolvi ir para o quarto para dormir, mas ainda sim tinha algo na minha cabeça que me deixava em alerta. Saulo.
Sentei-me na cama e fixei meus olhos no chão, na tentativa de espantar meus pensamentos nervoso e focar em meu sono.
A porta do meu quarto se abriu demostrando, sem surpresa, o Saulo com uma expressão pensativa.
ㅡ Posso entrar?
ㅡ Até parece que você precisava de um convite formal. ㅡ Dei de ombros. Ele suspirou entrando no quarto e fechando a porta, em seguida ele veio até a mim e se sentou no chão bem do lado das minhas pernas. ㅡ Fechou a porta... ㅡ Analisei aquela cena. ㅡ A conversa é séria então.
ㅡ Tudo com você é sério. ㅡ Saulo respondeu-me olhando fixamente para o chão fazendo meu coração da um salto. ㅡ Acho que devo desculpas pra você.
ㅡ Acha? ㅡ Meu tom, sem querer, saiu um deboche extremamente nítido.
ㅡ Me desculpa. ㅡ Saulo passou a língua pelos seus lábios. ㅡ Eu não queria ter falado com você daquele jeito, loirinha, mas eu não sou nem um pouco acostumado a receber coisas sem ter que dá algo em troca. Durante toda a minha vida eu tive que pagar com favores, ou até mesmo com beijos e sexos casuais.
ㅡ E você fazia?? ㅡ Arregalei meus olhos.
ㅡ É claro que não. Deus me livre. ㅡ Saulo resmungou e um suspiro aliviado saiu sem a minha permissão. ㅡ Para mim, beijos são como conexão com a pessoa certa, e o sexo tem que ser com uma garota especial e que eu queira passar o resto da minha vida.
Ouvindo suas palavras, meu coração acelerou mais me fazendo sair da cama e sentar ao seu lado pegando em sua mão.
ㅡ Aparentemente, já encontrei a pessoa certa. ㅡ Saulo olhou para mim e, de repente, minha boca secou ao analisa-lo. A pequena frecha da cortina aberta da janela deixava uma luz passar por ela e ficar em cima do Saulo, deixando os seus olhos lindos e o rosto dele com um brilho diferente. Engoli em seco olhando-o aquela perfeição. ㅡ Né?
ㅡ É uma pergunta retórica? ㅡ Sussurrei a pergunta aproximando meu rosto do dele, sentindo sua respiração entrando em contato com a minha pele.
ㅡ É uma pergunta na qual você pode responder na hora certa. ㅡ O sussurro do Saulo fez um arrepio correr pela minha pele e fez o meu estômago embrulhar. ㅡ Assim está bom?
Corri meus dedos pelo seu abdômen subindo em direção ao seu peitoral, afastando a camisa e tocando na parte do seu peito onde estava a tatuagem de rosa.
ㅡ Você gosta mesmo dessa tatuagem, né?
ㅡ Ela me mostra o quanto você é forte. ㅡ Ergui minha cabeça me permitindo olhar para o seu rosto percebendo o quanto ele estava centímetros perto do meu. ㅡ E deixa você mais atraente.
ㅡ Deixa, é? ㅡ Saulo abriu um sorrido malicioso. Sorri para ele me aproximando mais do seu rosto, deixando nossas bocas cada vez mais próximas.
Balancei minha cabeça concordando vendo ele respirar fundo e pesadamente subindo sua mão da minha cintura até o meu pescoço, respirando várias vezes perto do meu rosto fazendo arrepios repetitivos correr pelo meu corpo inteiro. Tocando, levemente, em meu pescoço puxou-me e juntou nossos lábios.
Finalmente, pensei.
Só que aquele pensamento se concretizou e me fez perceber o que estava na cara.
Estou apaixonada... pelo Saulo.
Merda.
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Um Teto para Dois
Storie d'amoreElizah e Saulo se odiavam. Desde que se conheceram nunca se entenderam, com personalidades fortes e orgulhosas nem passava pela cabeça deles que um dia morariam juntos. Como um belo e velho clichê, o destino, ou não, fez com que um sorteio de divisã...