36_ A desconfiança.

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ㅡ Er... ㅡ As palavras fugiram da minha boca e da minha cabeça assim que eu processei as últimas palavras do Dr Silva e não consegui raciocinar. ㅡ O que?

A pergunta saiu sem meu consentimento.

ㅡ Eu tô perguntando se posso almoçar com você, Elizah. ㅡ Dr Silva riu com a minha reação colocando a marmita dele em cima da mesa. ㅡ Por que a surpresa? Somos amigos, né?

ㅡ Er... ㅡ Balancei minha cabeça concordando sem graça. Por que aquilo estava acontecendo comigo???? ㅡ Somos.

Saulo- Elizah?

Ouvi a voz do Saulo e voltei a tona.

Elizah- Oh... oi Saulo! Desculpa, meu chefe acabou de chegar aqui.

Saulo- Aquele da situação constrangedora?

Elizah- ... Sim.

Meu sim saiu falha e baixo, enquanto levava outra colher de comida até a boca.

Saulo- Por que ele está com você? Eu não fui com a cara dele.

Elizah- Eu... eu... Eu tenho que ir, Saulo. Eu tô terminando de almoçar e vou voltar para o trabalho.

Saulo- Quero conversar com você, ok?

Elizah- Conversar? Sobre o que?

Saulo- Nós.

Aquele " nós " soou um pouco estranho, e me fez tremer um pouco só de imaginar o que poderia ser. Eu não gostava nada da pessoa que falava " quero conversar " ou " precisamos conversar ". Assim a minha ansiedade aumentava e a minha mente curiosa criava teorias e o que poderia ser.

Elizah- Pode adiantar o assunto?

Saulo- Não.

Também, aquele não soou um pouco estranho. O que estava acontecendo com ele???

Saulo- A gente conversa quando chegar em casa. Beijo!

Elizah- Espera, Saulo, eu...

Antes que eu terminasse de falar, ele desligou na minha cara sem me dá chances de responde-lo.

ㅡ Estranho ㅡ Resmunguei franzindo a testa tirando o celular de perto da orelha.

ㅡ O que é estranho? ㅡ A pergunta do Dr Silva soou me fazendo lembrar que ele estava ali.

ㅡ Nada de mais. É só o Saulo mesmo que está estranho. ㅡ Expliquei balançando a cabeça colocando o celular na mesa. ㅡ Que milagre é esse de você comer aqui na cantina?

ㅡ Eu vi você vindo sozinha, resolvi vim te fazer companhia. ㅡ O seu sorriso me fez estremecer na cadeira.

Ok, na minha cabeça eu poderia simplesmente inventar uma desculpa super estranha e fugir daqui como se nada tivesse acontecido. Porém, eu pensei direito, não tinha como fazer isso mais.

Ele é o meu chefe, tem chances de ele me chamar para fazer uma cirurgia com ele e eu não teria como fugir dele pra sempre. Eu continuaria agindo normalmente com ele, mas se ele tentar alguma coisa eu vou por limites e simplesmente impor a minha opinião e dizer não.

É isso que eu tenho que fazer.

ㅡ Que bom. ㅡ Abri um sorriso, um pouco sem graça, mas ainda sim sorri. ㅡ E a glicose da Thaynara?

ㅡ Aparentemente, está voltando ao estado normal e eu espero que possamos fazer a cirurgia a tempo. Não quero perdê-la sem ao menos tentar. ㅡ Dr Silva falou num tom baixo. Ele odiava perder uma paciente por complicações.

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora