Dei um passo para atrás com os olhos arregalados e, num pulo, meu coração voltou a acelerar. De início eu me perguntei se era realmente de mim que o Saulo e a Daniela falava, porém, eu cai em mim e percebi que algo naquela história tinha uma coisa estranha.
O Saulo me odeia desdo dia em que nos esbarramos no colegial. Por que ele se importaria com a minha pessoa??? Ok, eu não me importo com ele e não ligo para essa inconveniência, mas mesmo assim eu sabia que ele me odiava e não gostava nem um pouco da minha presença.
ㅡ Ok, Elizah, tudo bem. ㅡ Resmunguei para mim mesma antes de estender a minha mão e bater na porta do banheiro. Pus um sorriso falso nos lábios e forcei a minha expressão de fingimento. ㅡ Saulo!! Abre essa merda!! ㅡ Bati voltando ao meu normal.
ㅡ O que é Elizah? Quer discutir ainda?
ㅡ Não! ㅡ Gritei. ㅡ Eu quero que você me ajude com as sacolas! Eu gastei a metade do meu salário esse mês, ok?? Mas no próximo a gente divide tudo!
Saulo resmungou do outro lado da porta antes de abri a porta do banheiro e me encarar com a testa franzida.
ㅡ Você não gosta de mim, né?
ㅡ Te detesto. ㅡ Murmurei antes de da mais um passo para atrás e encara-lo com raiva. ㅡ Podemos ir? Tem muita sacola para arrumar e eu quero comer antes de assistir algo na TV. ㅡ Falei antes de começar a ir em direção a cozinha, e com isso ele me seguiu.
ㅡ Amanhã você ainda tem a folga, né? ㅡ Saulo perguntou enquanto entrávamos na cozinha.
ㅡ Sim. ㅡ Assenti indo até a mesa e abrindo uma das sacolas. ㅡ E você? Tem folga?
ㅡ Geralmente não. Nos finais de semana o food-truk tá mais cheio, então é bem difícil que eu fique em casa no final de semana. ㅡ Saulo respondeu abrindo, também, uma das sacolas. ㅡ Mas amanhã vamos fechar mais cedo por causa da Lia.
ㅡ Lia? Quem é Lia?
ㅡ A garota que trabalha comigo. Amanhã ela vai fazer uma coisa super importante e me disse que eu poderia ficar em casa a tarde. Já que no final de semana não vamos parar. ㅡ Saulo explicou enquanto guardava as coisas ao meu lado.
ㅡ Trabalhar em um food-truk é legal, Saulo? ㅡ Perguntei na curiosidade.
ㅡ Bom, sim. ㅡ Saulo assentiu. ㅡ Eu gosto bastante de trabalhar fazendo comida e vendendo sobre rodas. Eu e a Lia nos damos muito bem desda primeira vez que percebemos que a gente tinha uma oportunidade para trabalhar juntos em um estabelecimento sobre rodas.
ㅡ Então você e a Lia se conhecem a muito tempo? ㅡ Perguntei num tom desconfiado, isso fez o Saulo me olhar com uma expressão confusa.
ㅡ Por que você tá me perguntando tudo isso? Estou num interrogatório e eu não sabia?
ㅡ Ai, Saulo, é por curiosidade! Eu tenho que saber se essa Lia não é uma das suas peguetes que você vai tentar trazer aqui em casa. ㅡ Dei de ombros. ㅡ Não quero ser surpreendida.
ㅡ Não, Elizah. A Lia não é minha namorada. ㅡ Ele riu. ㅡ Se eu trazer ela pra cá, é mais fácil ela da em cima de você.
ㅡ Então ela é lésbica? ㅡ Perguntei vendo ele assenti. ㅡ Hm... que interessante.
ㅡ E respondendo a sua pergunta, eu e a Lia nos conhecemos a anos assim como nos dois. ㅡ Ele me olhou. ㅡ Eu fiz amizade com ela antes de terminar o colegial.
ㅡ Hm... ㅡ Balancei a cabeça concordando na intenção de me virar, porém, não sei como aconteceu mas eu dei um jeito no meu pé e isso me fez gritar de dor. ㅡ AI!
ㅡ O que foi Elizah??
ㅡ Acho que torci meu pé. ㅡ Fiz uma careta me segurando na cadeira perto de mim, no entanto, a cadeira foi para o lado quase me deixando cair só que o Saulo foi mais rápido. Ele pegou em meu braço e me puxou com tanta força que eu me bati contra seu corpo.
Não sei quantos segundos isso demorou, mas foi o suficiente para que eu parasse de raciocinar e olhasse fixamente para os olhos do Saulo. De novo, algo estranho aconteceu dentro de mim, e isso só pirou quando ele me pegou no colo deixando nossos rostos a centímetros de distância.
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Um Teto para Dois
RomansaElizah e Saulo se odiavam. Desde que se conheceram nunca se entenderam, com personalidades fortes e orgulhosas nem passava pela cabeça deles que um dia morariam juntos. Como um belo e velho clichê, o destino, ou não, fez com que um sorteio de divisã...