Dois dias depois...
Pisquei meus olhos me acostumando com a claridade do local, em seguida olhei ao redor percebendo onde eu estava. No quarto onde o Saulo estava internado.
Pisquei várias vezes voltando a raciocinar erguendo meu tronco sobre o local onde eu estava, percebendo que o dia já havia amanhecido e eu estava deitada no pequeno sofá que tinha ali. Dois dias havia se passado depois da cirurgia do Saulo, dois dias que se passaram numa lentidão insuportável.
Nesses dois dias, infelizmente, Saulo não tinha acordado. Ele tinha melhorando bastante, tem reagido bem e não tinha nenhuma complicação. No entanto, ele não tinha acordado e não fazíamos ideia se ele acordaria ou não.
Nesses dois dias eu passei completamente infurnada nesse hospital. Até o momento eu tinha saído apenas uma vez para ir no meu apartamento e pegar o meu jaleco e as minhas coisas. Eu decidi que já que eu não fiz a cirurgia, passaria os dias ao lado do Saulo esperando que ele acorde.
Hoje é segunda-feira, uma segunda feira que eu passaria no hospital trabalhando e ficaria com o Saulo pelo resto da noite. Admito que nesses dias foram monótonos, eu trabalhava o dia inteiro, falava com o pessoal e depois vinha para o quarto e abraçava o Saulo até adormecer.
Levantei-me do sofá, me arrastei até o banheiro e encarei o meu reflexo no pequeno espelho que a Dani havia trazido. Meus cabelos estavam desgrenhados, as olheiras estavam bem fundas e eu me sentia extremamente cansada.
Como eu disse, os dois dias haviam sido monótonos então eu não tinha dormido direito. Ainda mais naquele sofá que não dava para uma pessoa adulta.
Suspirei fechando meus olhos deixando uma lágrima solitária escorresse pela minha bochecha. Sabia que a cirurgia do Saulo havia sido boa, não teve nenhuma complicação na hora, mas ainda sim eu sentia a dor. A dor dele não estar acordado, da dor de não tê-lo aqui comigo era insuportável.
Eu queria ele comigo.
Respirei fundo várias vezes jogando água no meu rosto, prendendo meu cabelo, escovando meus dentes ㅡ eu sei que não era nada legal estar em um hospital, mas eu não queria sair do lado do Saulo de jeito nenhum ㅡ , e encarando aquele banheiro enquanto passava um filme pela minha cabeça.
ㅡ Elizah? ㅡ Uma voz conhecida atrapalhou meus pensamentos. Saí do banheiro e vi que quem havia entrando era o Dr Silva. ㅡ Opa.
ㅡ Bom dia. ㅡ Murmurei fechando a porta do banheiro. Juro que se eu não estivesse tão mal, iria rir da expressão esquisita que ele fez ao me ver.
ㅡ Bom dia. ㅡ Ele me olhou de cima a baixo antes de voltar a me olhar. ㅡ Você tá bem? Você está... ㅡ Interrompo-o antes que ele continuasse.
ㅡ Acabada. ㅡ Completei. ㅡ Ninguém é acostumado a me ver desse jeito, mas eu não tô no clima.
ㅡ Em hospitais não existe clima bom. ㅡ Dr Silva falou se aproximando da maca. ㅡ A mãe dele já está aí.
ㅡ Ah... ㅡ Balancei minha cabeça concordando. ㅡ Eu vou ver como a Berenice está, depois eu vou ajudar a Olivia com os outros. E a Kath?
ㅡ Foi pra casa junto com um tal de Spencer. ㅡ Dr Silva respondeu. ㅡ Ele teve alguma reação?
ㅡ Não... ㅡ Abaixei minha cabeça me aproximando do sofá onde eu estava e peguei o jaleco que estava ali. ㅡ Nenhuma reação.
ㅡ A mãe dele me perguntou se ele poderia perder a memória. ㅡ Apertei o jaleco em minha mão assim que ele terminou de falar. Mais um aperto no peito.
ㅡ E o que você respondeu?
ㅡ A verdade que todos nós sabemos, Elizah. ㅡ Ele respondeu enquanto eu me virava para ele colocando o jaleco. ㅡ Existe essa possibilidade dele perder a memória, como também existe a possibilidade dela continuar intacta. Nada elimina essa chance. Você está pensando no que fazer caso ele perca a memória? Ou melhor, caso ele acorde?
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Um Teto para Dois
RomanceElizah e Saulo se odiavam. Desde que se conheceram nunca se entenderam, com personalidades fortes e orgulhosas nem passava pela cabeça deles que um dia morariam juntos. Como um belo e velho clichê, o destino, ou não, fez com que um sorteio de divisã...