Epílogo.

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10 ANOS DEPOIS...

" Foi a pior época da minha vida.
Tudo que poderia acontecer de bom comigo, aconteceu trocentas vezes de uma forma ruim tendo vários acontecimentos dolorosos um atrás do outro.

Eu tinha apenas 7 anos na época, mas conforme fui crescendo percebi que perdi uma pessoa que não era importante e quase perdi as mais importantes.

Meu pai ㅡ um homem nojento que eu nem deveria chamar de pai ㅡ , foi preso por violência doméstica e continua apodrecendo na cadeira como deve.

Minha mãe está trabalhando e bem feliz com a vida dela de solteira. As coisas tem melhorado lá em casa, e isso tem deixado ela tão radiante. Ela vive brilhando e iluminando toda a casa com o seu sorriso contagiante.

Meu irmão depois que melhorou após a sua cirurgia, a 10 anos atrás, tem estado bem melhor e muito bem casado com a melhor cunhada que ele poderia me dá. Eu me orgulho tanto do meu irmão que aguentou tudo e cuidou da minha mãe e de mim após meu pai ter ido embora.

Tudo estava indo muito bem, eu acho. Eu estava terminando o ensino médio, trabalhando em dois empregos e feliz por conseguir passar no mesmo sorteio que o meu irmão conseguiu.

Eu estava indo embora da casa da minha mãe, mas ainda sim sentiria falta do brilho dela de todos os dias.

Ela sabia o quanto eu a amava, mas ela continuava me apoiando e estava feliz por mim também. Igualmente como o Saulo que quase pulou de alegria com a notícia, com a Elizah do lado.

Tudo estava bem. E hoje era o dia da mudança.

Samuel Borges. "

Samuel! ㅡ Ouvi o grito da minha mãe de fora do meu quarto, enquanto eu sorria fechando meu notebook. Observei o meu quarto vazio, sentindo um leve aperto no peito ao saber o que aquilo significava.

Já estava na hora de ir embora do conforto da casa da minha querida mãe. E eu sabia disso.

ㅡ Samuel, droga! Você vai se atrasar! ㅡ Ouvi o grito da minha mãe novamente, só que dessa vez com um tom irritado.

Ri disso guardando meu notebook na minha mochila, colocando em meu ombro e pegando a última caixa no chão. Sai do quarto soltando um suspiro.

ㅡ Ai, Samuel, o carro já está lá fora! ㅡ Minha mãe falou, me fazendo rir passando por ela. ㅡ Nem parece de está louco para ir embora.

ㅡ Ai, mãe... ㅡ Ela abriu a porta para mim, me fazendo sair em passos lentos equilibrando a caixa em minha mão. ㅡ Estou ansioso para conhecer o meu apartamento.

Virei-me para olhar para minha mãe, porém, quando olhei para ela parada na frente de casa com os olhos cheios d'água meu peito doeu.

ㅡ Oh, mãe... ㅡ Coloquei a caixa no chão e corri até ela abraçando-a. ㅡ Mãe, por favor, não chora. Não vai ser fácil ir embora deixando você triste.

ㅡ Não estou triste. ㅡ Ela falou, esfregando minhas costas. Na verdade a minha jaqueta jeans. ㅡ Estou orgulhosa pelo meu segundo filho está se tornando independente assim tão cedo.

ㅡ Cedo? ㅡ Ri. ㅡ Mãe, o Saulo saiu de casa com a mesma idade que eu.

ㅡ Só que o Saulo precisava e tinha os motivos dele. ㅡ Minha mãe respondeu. ㅡ Você está tão bem aqui em casa.

Afastei-me dela, tocando seu rosto com as duas mãos.

ㅡ A gente já conversou sobre isso, mãe. Eu quero ter a minha independência, e eu quero que a senhora descanse. ㅡ Afirmei, limpando as lágrimas dele. ㅡ Aliás, não aja como se a senhora não estivesse acostumada.

ㅡ Urg ㅡ Ela se afastou e me deu um tapa no ombro. ㅡ Já sabe quem é o seu colega de quarto ou a colega?

ㅡ Resolvi deixar o mistério no ar. ㅡ Respondi, me virando e pegando a caixa do chão. ㅡ Creio que seja mais surpreendente e mais interessante assim.

ㅡ Tudo bem. ㅡ A mesma assentiu se aproximando, pegou meu rosto com as duas mãos e beijou minha testa. ㅡ Eu te amo, Sammy. Tenho orgulho de você.

ㅡ Eu também te amo, mãe.

Me despedi da minha mãe antes de entrar no carro colocando a caixa do meu lado. Contei o endereço para o motorista e olhei para o lado de fora, vendo que as ruas do Rio de Janeiro estavam passando.

Abri minha mochila e peguei meu notebook novamente sentindo uma nova ideia surgir.

***

Deixei a última caixa em cima da cama nova e recém montada por mim, abrindo a mesma e puxando o lençol enorme que a minha mãe tinha me obrigado a trazer.

Deixei minha mochila em cima da cama, tirando minha camiseta cinza e jogando ela ali em cima. Enxuguei o suor em minha testa com o cenho franzido, vendo um raio de sol forte e quente atravessando a janela.

Respirei o mais fundo que consegui, recuperando o fôlego.

ㅡ Preciso de água. ㅡ Sai do quarto olhando para o apartamento, vendo que todos os móveis estavam devidamente arrumados e tudo era porque eu tinha feito tudo.

Seja lá quem fosse o meu/minha colega de quarto encontraria tudo arrumado.

Pisei no piso branco da cozinha, entretanto, um barulho de chaves vindo do outro lado da porta ecoou chamando minha atenção. Meu coração pulsou forte dentro do meu peito sentindo uma adrenalina de curiosidade e ansiedade por ter expectativas altas.

Para mim, pouco me importava o gênero. Mas eu queria alguém que fosse companheiro e que ajudasse nas coisas.

ㅡ Ah, mas que merda! ㅡ Uma voz doce ecoou, em seguida uma mala caiu no chão fazendo um estrondo soar pelo apartamento. ㅡ Mal cheguei e assustei meu colega de quarto!

Dei um passo a frente vendo que uma garota entrou no apartamento e fechou a porta com uma força bruta.

Minha boca secou ao ver uma garota perfeita bem ali na minha frente. Ela tinha uns cabelos cacheados em cima dos ombros, uma pele escura, um rosto bem esculpido com o maxilar travado, uma blusa de alcinha preta, com um short jeans curto destacando seu corpo estrutural.

ㅡ Espera! ㅡ A voz dela ecoou pelo apartamento me chamando de volta para a terra. ㅡ Samuel Borges???

Franzi minha testa confuso por ela saber meu nome.

ㅡ Eu te conheço?

ㅡ Como assim não me conhece?? ㅡ A garota pós a mão na cintura. ㅡ Sou eu, Samuel! Pérola Santos, a fotógrafa do jornal da escola. Não acredito! Vamos dividir o apartamento!

Meu coração parou e voltou a disparar olhando para a garota perfeita em minha frente.

Déjà-vu.

THE END!!!
Ou; Continua...

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora