Batuco meus dedos pacientemente sobre a mesa em minha frente completamente perdida em meus pensamentos. Ouvindo sons de passos passando de um lado para o outro atrás de mim, eu continuava na frente da mesa batucando meus dedos.
Depois que eu cheguei aqui no plantão eu passei a maior parte do tempo me sentindo insegura. Aquela frase de " em casa a gente conversa " estava se tornando uma onde gigante de preocupação dentro de mim e isso me deixava amedrontada.
Saulo, simplesmente, não disse nada pra mim além daquilo e isso me deixava mais ansiosa para que chegue logo amanhã para eu acabar com toda essas inseguranças.
ㅡ Elizah? ㅡ Uma voz super distante soou perto de mim enquanto eu continuava intacta no mesmo lugar sem dizer um A. ㅡ Elizah? Você tá bem? ㅡ Perguntas soavam na minha cabeça, mas ainda sim eu não conseguia formular nada para responder. ㅡ Elizah!! ㅡ Meu corpo se balançou me fazendo sair dos meus pensamentos e olhar para a Kath em minha frente. ㅡ O que você tem??
Olhei ao redor percebendo que estava parada num corredor, olhando para a mesa em minha frente sem dizer um A e sem prestar atenção em nada.
ㅡ Preocupação ㅡ Afirmo tirando os braços dela do meu e me afastando. ㅡ Conhece?
ㅡ Ta preocupada com o quê, loirinha? ㅡ Kath passou a mão pelo meu cabelo, que estava preso, analisando meu rosto.
ㅡ Saulo ㅡ Suspirei abaixando meus ombros. ㅡ Eu perguntei a ele se ele foi no hospital como ele prometeu que iria, ele disse que só falaria quando eu chegasse em casa. Ou seja, amanhã! A minha curiosidade vai aguentar até a boa vontade do meu plantão acabar e chegar em casa???
ㅡ Oh, Elizinha... ㅡ Kath passou a mão pelo meu cabelo novamente. ㅡ Fica assim não, minha queridinha. Eu sei que você é curiosa, paranóica, preocupada, mas ainda sim não quero que você fique aérea e perca tempo pensando em coisas ruins. Eu falei que queria você com pensamento positivo. ㅡ Kath falava enquanto eu a observava atentamente. ㅡ A gente ta trabalhando.
ㅡ Eu sei ㅡ Assenti. ㅡ. Você tem razão, Kath, não posso perder meu tempo pensando em coisas ruins. Pensamento positivo!
ㅡ Isso! ㅡ Kath sorriu. ㅡ Não quero ver a minha loirinha preocupada. Oká?
ㅡ Oká! ㅡ Balancei minha cabeça rindo. ㅡ Podemos ir? Tenho que ver a Berenice.
ㅡ E eu o Edgar ㅡ Kath assentiu pegando em meu braço enquanto começaremos a andar pelo corredor. ㅡ. Quer trocar comigo?
ㅡ No, thank you. Não quero ser babá de duas loucas que xingam por qualquer coisa. ㅡ Empurrei ela com o meu quadril me virando para o corredor onde era o quarto da Berenice, e a Kath virou o do outro lado de onde ela cuidada dos pacientes ela.
Respirei fundo passando minhas mãos pelo meu cabelo caminhando pelo corredor, parando na janela do quarto percebendo que a Berenice estava sentada na cama dela falando com alguém pelo telefone.
Abaixei meus ombros abrindo a porta do quarto e, em seguida, pude ouvir os seus primeiros xingamentos daquele dia;
ㅡ Vai pra put* que pariu, Ana! ㅡ Berenice exclamava. ㅡ Você me internou aqui e agora não quer vim me tirar? Vai a merda! Vai se lascar! Eu...
Revirei meus olhos fechando a porta atrás de mim e me dirigindo até perto da sua cama, chegando perto dos aparelhos percebendo que o coração dela estava acelerado.
ㅡ Elizah, tira esses fios de mim! ㅡ Berenice me olhou, exigindo. ㅡ Anda! Antes que eu enfie isso no rego da minha filha!
Vala-me Deus, pensei revirando os olhos.
Aquele era, infelizmente, uma das partes ruins de ser enfermeira de alguém com a boca podre.
[...]
05:30...
ㅡ Ok, Elizah, tudo bem. ㅡ Esfreguei minhas mãos uma nas outras me olhando no espelho do banheiro feminino. Agora eu não sabia exatamente que horas se tratava, nem que parte do meu plantão eu estava, mas ainda sim eu precisava atender mais um dos meus pacientes antes de ir para casa.
Eu me sentia cansada. Os meus ombros doíam, minha cabeça doía, minhas pernas doíam de tanto ficar em pé e o meu estômago roncava. É claro que a poucas horas eu havia comido o lanche que eu trouxe do trabalho do Saulo, mas ainda sim aquela correria do hospital e pacientes que chegavam de acidentes fez com que a minha digestão fosse mais rápida.
Peguei o celular do bolso do jaleco, desbloqueei o mesmo percebendo que era 05:32 da manhã. Abaixei meus ombros num suspiro, apertei numa notificação qualquer que apareceu e percebi que era da caixa postal.
Apertei na mensagem e pus perto da minha orelha e encarei meu rosto no reflexo do espelho.
" Oi, loirinha! Aqui é o Saulo. Eu resolvi te mandar essa mensagem porque não vou ter coragem suficiente para dizer isso olhando em seus olhos, e provavelmente vou estar dormindo quando chegar. Então... me desculpa por ter saído sem dizer nada, não queria que você fosse para o trabalho aflita.
Obrigada por estar do meu lado independente de eu ser um teimoso e orgulhoso. E eu percebi que você é um pedaço meu que estava por ai me odiando. Beijos, loirinha! "•••
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Um Teto para Dois
RomanceElizah e Saulo se odiavam. Desde que se conheceram nunca se entenderam, com personalidades fortes e orgulhosas nem passava pela cabeça deles que um dia morariam juntos. Como um belo e velho clichê, o destino, ou não, fez com que um sorteio de divisã...