37_ Você gosta de pão?

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Kath- Por que toda essa preocupação, Elizah? Pode ser nada demais.

Kath falava enquanto eu preparava o almoço daquele dia, ou melhor, fazia a outra parte do almoço. Já havia amanhecido aquela altura, pelo resto da noite eu passei preocupada por causa do que o Saulo estava sentindo. Tinha grandes chances de ser uma coisa ruim, e eu não queria de jeito nenhum acreditar.

Saulo fingiu que nada aconteceu pelo resto da noite, ele se sentou no chão e brincou com o Samuel até a hora de dormir. Naquela noite eu demorei muito para cair no sono, rolei na cama várias vezes pensando no Saulo até que finalmente dormi.

Quando eu acordei ele já não estava mais em casa, ele tinha arrumado a casa e mandou uma mensagem dizendo que iria trabalhar porque já estava se sentindo melhor. Eu continuava preocupada, mas ainda sim o Saulo era teimoso e eu não poderia força-lo a ir no hospital.

Agora eu estava na cozinha, de café tomado, arrumada de um jeito desleixado, fazendo o almoço daquele dia enquanto conversava com a Kath por chamada de vídeo.

Elizah- Pode não ser algo, mas nada elimina as chances de ser. Você é enfermeira, sabe o que esses sintomas pode significar.

Kath- Você também é enfermeira, Elizah! Sabe que esses sintomas podem ser algo passageiro pelo cansaço, estresse, ansiedade ou talvez algo normal do organismo. Ele pode estar com a imunidade baixa. Aliás, ele teve outros sintomas?

Elizah- Não... Só o que eu te disse.

Kath- Então, mana! Fica calma, ok? Pensa positivo, não vai ser nada demais.

Elizah- É o que eu espero.

Suspirei fechando a panela após ver que estava pronto, em seguida desliguei o fogo.

Elizah- E... falou com o Spencer?

Kath- Sim, com isso tudo esqueci de te contar. Ontem a noite depois que eu cheguei em casa vi que ele estava online e pensei em milhares de mensagens que eu poderia mandar para ele.

Elizah- Hm.

Murmurei balançando minha cabeça esperando que ela continuasse.

Kath- Então eu cheguei a conclusão que eu não conseguia formular um assunto para começar uma conversa. Só que então a minha grande e estúpida cabeça inventou de simplesmente mandar um; " você gosta de pão? " .

Elizah- O que????

Kath- Eu sei, eu sei que foi uma completa maluquisse minha! Mas, simplesmente, formulou isso. Eu achei que ele não iria responder, mas ele foi super simpático e respondeu todas as minhas perguntas estúpidas.

Acabei rindo colocando a colher em cima da pia.

Kath- Ele pode me achar uma maluca, mas a maluca teve a ideia de chamá-lo para sair no final de semana.

Elizah- É sério, Katherine?

Kath- Sim, Elizabeth! Tem noção??? Eu convidei ele para sair e ele aceitou numa boa. Eu adoro...

Elizah- Meu nome não é Elizabeth.

Reclamei.

Kath- Problema é seu, ok? Só sei que tô surtando pelo meu date com o Spencer. Será que eu vou consegui olha-lo na hora??? Será que eu vou conseguir fingir que não vou estar surtando? Eu nunca senti isso. Normalmente eu recuso os convites para sair na intenção de não me apegar. O que é isso, em?

Elizah- É o amooorrrrr...

Cantarolei a música de um jeito debochado fazendo ela me olhar irritada.

Kath-  Elizah, para! Isso não é verdade! Tá... talvez tenha 80%. 86%...?

Cruzei meus braços encarando a tela do celular em cima do balcão, vendo que ela fez uma careta.

Kath- Tá!! Talvez... 94%.

Sorri satisfeita com a sua revelação. Eu sabia, sentia, via, e shippava muito torcendo para que eles ficassem juntos.

[...]

ㅡ Daniela!!! ㅡ Escutei um grito conhecido enquanto eu andava segurando a mão do Samuel andando em direção ao food-truk.

Agora era 20h da noite, eu já tinha me arrumado para o meu plantão e eu resolvi sair mais cedo para ficar um pouco no food-truk antes de ir para o plantão. Que, felizmente, seria junto com o da Kath e da Olivia.

ㅡ Ai, Lia, por favor! Os seus bolinhos são super gostosos! ㅡ Escutei a voz da Dani me fazendo ri enclinando minha cabeça para ver que dentro da van estava a Lia e a Dani.

ㅡ Arg, Daniela, estou trabalhando! Se você não fosse gata eu te expulsaria. ㅡ Lia falou me fazendo ri alto chamando a atenção delas.

ㅡ TIO SPENCER!!! ㅡ Samuel gritou soltando a minha mão correndo até o Spencer que estava sentado numa mesa junto com o Billy.

ㅡ Elizah! Que saudade de você! ㅡ Dani sorriu abertamente assim que me viu.

ㅡ A gente foi para praia juntas, amiga. ㅡ Ri da sua animação.

ㅡ O que tá fazendo aqui, gatona? ㅡ Lia me lançou aquele sorriso. ㅡ O Saulo ainda não chegou.

ㅡ Não? Mas eu achei que... ㅡ Me alto interrompi com uma expressão pensativa. ㅡ Ele falou para onde iria?

ㅡ Na verdade, ele só disse que iria resolver alguns negócios e que não iria demorar. ㅡ Lia respondeu. ㅡ Dani, atende aquele cliente pra mim!

ㅡ O que?? Por que eu?

ㅡ Porque a gatona aqui não tem cara de atendente, ok? Vai logo! ㅡ Lia empurrou a Dani fazendo ela sair da van com uma careta. ㅡ Ali vem seu amado.

ㅡ Que?

Lia apontou com o queixo me fazendo olhar para atrás e ver que o Saulo estava se aproximando. Ele andava perfeitamente, o seu maxilar estava suavizado e a sua expressão eu não soube identificar.

ㅡ Saulo! ㅡ Chamei-o fazendo ele olhar para mim e, num ato rápido, abriu um sorriso. Olhando-o daquele jeito fez meu coração pulsar dentro do meu peito.

Estar apaixonada... que estranho.

ㅡ Olá, loirinha. ㅡ Saulo se aproximou de mim com um sorriso e se enclinou deixando um selinho em meus lábios. ㅡ O que tá fazendo aqui? Não deveria tá em casa se arrumando para o plantão?

ㅡ Eu já vim arrumada por isso mesmo. Vim passar um pouco aqui no seu trabalho antes de ir pro meu. ㅡ Pus minha mão em seu peito por cima da camiseta. ㅡ Mas, vai ser rápido, daqui a pouco eu vou ter que ir.

ㅡ Não tem problema, linda. ㅡ Ele beijou a minha testa. ㅡ Quer levar um lanche para a madrugada? Só para você não chegar como naquele dia.

ㅡ Sim, mas... ㅡ Analisei-o atentamente. ㅡ Você foi para o hospital? Já tem algum resultado aparente?

Saulo me encarou por alguns segundos sem dizer uma palavra e, como era de costume dele, ele sorriu e saiu de perto de mim sem dizer nada.

ㅡ Saulo? ㅡ Chamei ele na tentativa dele dizer algo, mas ele se virou com as mãos no bolso.

ㅡ Em casa, amanhã, a gente conversa sobre isso.

Engoli em seco rapidamente sentindo meu peito apertar com a mesma desconfiança.

•••

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora