Sabe quando você está numa paz enorme consigo mesma, bom a mente leve, o coração leve, tudo em perfeita ordem e de repente tudo desmorona em sua frente? Era exatamente isso que aconteceu com o meu mundo assim que eu terminei de ler aquela carta.
Uma dor enorme surgiu dentro de mim enquanto as lágrimas de tristeza não paravam de escorrer pelas minhas bochechas. Eu já desconfiava disso, juntando todas aqueles sintomas que ele estava tendo eu acabei montando tudo na minha cabeça e teve uma leve desconfiança. No entanto, aquela situação era completamente diferente.
Ter a certeza, daquele jeito, me desmontou por inteira e quebrou meu coração em pedaços bem pequenos.
ㅡ Não... ㅡ Larguei a carta em cima da caixa, levantei-me da cama derrubando a caixa no chão fazendo um barulho soar. Segurei-me no batente da porta sentindo uma tontura me atingir, todavia, eu não liguei e corri para fora do quarto.
Peguei a minha bolsa abrindo-a em seguida, joguei todas as coisas que estavam dentro dela e peguei meu celular assim que eu o vi.
Disquei o número do Saulo na esperança dele atender, só que tocou quatro vezes antes de cair na caixa postal. Novamente, liguei para ele e tocou quatro vezes antes de ir para a caixa.
Enxuguei as lágrimas insistentes discando o número da Kath, tocando apenas duas vezes ela me atendeu.
Kath- Alô?
Elizah- Kath...
Meu sussurro soou embargado e falho pelo nó na minha garganta. Meu peito doeu mais uma vez.
Elizah- Kath, por favor, me... Me fala que isso é apenas uma pegadinha.
Kath- Sinto muito, amiga.
Ela responde num tom cabisbaixo fazendo-me abaixar a cabeça apertando meus olhos.
Elizah- Por... Por que? Por que você não me disse? Sabia que eu estava nervosa pela minha desconfiança!
Kath- Eu sei, Elizah, me desculpa. Eu pensei que ele arrumaria um jeito de fazer a operação, mas...
Elizah- Sabe em qual hospital ele está?
Kath- Ele não quer que você vá vê-lo.
Elizah- Eu não tô nem ai, Katherine! Me fala logo ou eu dou um jeito de descobrir!
Kath- Ele está onde trabalhamos, mas não é melhor você...
Interrompi ela.
Elizah- A gente se fala depois.
Desliguei a ligação antes de levantar do sofá pegando a chave do apê, sai de casa batendo a porta e simplesmente desci as escadas sem ao menos me importar que chegaria lá embaixo cansada.
Coloquei o celular e as chaves em meu bolso passando pela portaria encontrando com a pouca luz do sol. Andei em passos largos para sair do condomínio, no entanto, bati de frente com alguém.
ㅡ Opa! ㅡ Uma voz masculina me fazendo erguer o olhar percebendo que era um homem desconhecido. Porém, alguns traços nele era bastante familiar. ㅡ Me desculpa.
ㅡ Tudo bem. ㅡ Forcei um sorriso fungando.
ㅡ Você tá bem?
ㅡ Uhum. ㅡ Assenti freneticamente. ㅡ Com licença. ㅡ Falei na tentativa de passar por ele, todavia, o homem puxou o meu braço.
ㅡ Você é a Elizah, né?
ㅡ Como você sabe?
ㅡ Eu sou o Cody, irmão do Gustavo. ㅡ O homem sorriu. ㅡ Ele me disse para a gente se conhecer. Eu posso lhe ajudar em alguma coisa? Você estava chorando?
ㅡ Olha, é um prazer, mas eu preciso urgentemente ir no hospital que eu e o seu irmão trabalhamos. ㅡ Falei apontando para fora do condomínio.
ㅡ Eu posso te levar lá. ㅡ Cody falou me fazendo olha-lo. ㅡ Você não tem carro, né?
Encarei o homem em minha frente me perguntando o porquê dele estar tentando me ajudar, entretanto, a aflição e a ansiedade de ver logo o Saulo me fez assentir e sair de carro do condomínio com um completo desconhecido.
Durante todo o caminho eu passei controlando as minhas lágrimas, a dor me consumia e era difícil de segurar as lágrimas involuntárias que insistiam escorrer. Até que chegou na frente do hospital e eu agradeci o Cody antes de correr para dentro do hospital.
Corri o mais rápido possível pelos corredores entrando na recepção, em seguida logo vi que o Dr Silva estava conversando com a recepcionista.
ㅡ Cris? ㅡ Chamei atenção dela me aproximando dos dois. ㅡ Cris, por favor, me ajuda!
ㅡ Elizah? O que você tá fazendo aqui? ㅡ Dr Silva me encarou confuso. É claro, até porque eu só viria a noite.
ㅡ É uma emergência, Dr Silva. ㅡ Coloquei minhas mãos no balcão. ㅡ Eu preciso saber de um paciente que está internado aqui.
ㅡ Qual é o nome?
ㅡ Saulo Borges. ㅡ Afirmei enclinando minha cabeça. Ela digitou algo, olhou para o computador em sua frente antes de me encarar.
ㅡ Sinto muito, Elizah. Mas ele pediu exclusivamente que você não soubesse nada sobre ele.
ㅡ O que??? E isso é possível? ㅡ Alterei a minha voz. Saulo, seu idiota! ㅡ Cris, me fala o estado dele.
ㅡ Elizah, eu não posso... ㅡ Interrompi ela.
ㅡ Cris, eu sou a namorada dele! Além disso eu sou a enfermeira e quero saber dele! ㅡ Exclamei batendo meu punho fechado sobre o balcão chamando atenção de todo mundo.
ㅡ Elizah! ㅡ O doutor me repreendeu. ㅡ O que está acontecendo? Me explica o porquê de você estar assim.
ㅡ O Saulo está com um tumor cerebral, mas como ele não tem dinheiro para pagar ele decidiu " aceitar a sua situação " e morrer num hospital! ㅡ Exclamei novamente. ㅡ Arg.
ㅡ Ele é seu namorado?
ㅡ Sim! Quer dizer, não! Arg, não sei. ㅡ Respirei fundo várias vezes antes de voltar a olhar para o Gustavo. ㅡ Eu não tô afim de pensar nisso, Dr Silva. Eu só quero ver o Saulo e tentar salvar a vida dele!
ㅡ Sem o dinheiro da operação, não podemos.
ㅡ Eu pago! ㅡ Praticamente gritei. ㅡ Eu tenho algumas economias guardadas no banco, e eu mesma posso ser uma das enfermeiras que vai opera-lo.
ㅡ É um caso pessoal, Elizah. Sabe que você não está em perfeitas condições para fazer uma cirurgia. ㅡ Ele me encarou seriamente. Ele podia ser super simpático e compreensivo com alguém, mas dentro do hospital ele agia como um doutor experiente. ㅡ Se fizemos a cirurgia, tem que ser com outra enfermeira. Você terá que ficar sentada!
ㅡ Como? Dr Silva, não tem mais ninguém aqui! Sabe muito bem que a Olivia está fazendo cirurgia com a parceira dela, a Kath não está preparada ainda então só resta eu! ㅡ Bati meu pé no chão. ㅡ Dr Silva, me deixa participar!
ㅡ Não, Elizah! ㅡ Ele exclamou parecendo nervoso. ㅡ Eu vou tá um jeito, chamo uma das enfermeiras da ala dois ou até chamo outra doutora de qualquer um hospital! Mas você não vai fazer!
ㅡ Dr Silva, por favor... ㅡ Uma voz feminina soou me interrompendo.
ㅡ Não é preciso chamar outra enfermeira, doutora, ou qualquer outra pessoa. ㅡ Kath apareceu do meu lado com o seu jaleco branco chamando a nossa atenção. ㅡ Já que a Elizah não pode fazer, eu faço a cirurgia no lugar dela.
ㅡ Mas, Kath, você não está prepa... ㅡ Kath me interrompeu pegando em minha mão dando um sorriso fraco.
ㅡ Está tudo bem, Elizah. ㅡ Kath balançou a cabeça assentindo. ㅡ Eu posso fazer essa cirurgia e eu vou fazer. Por onde começamos?
Meu coração disparou.
•••
3/6...
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Um Teto para Dois
RomansaElizah e Saulo se odiavam. Desde que se conheceram nunca se entenderam, com personalidades fortes e orgulhosas nem passava pela cabeça deles que um dia morariam juntos. Como um belo e velho clichê, o destino, ou não, fez com que um sorteio de divisã...