24_ Sinto muito.

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( Narrado por Saulo )...

Aquilo não foi algo esperado.

Aquilo não foi planejado, aquilo não estava em meus planos, não estava preparado para que aquilo acontecesse logo agora. Não... ainda não acreditava.

Desdo ensino médio, devo admitir, que via a Elizah como uma garota diferente. Quando a gente se esbarrou pela primeira vez, eu olhei diretamente para os olhos dela e vi um brilho que jamais encontrei no olhar de qualquer outra garota.

Sim, eu realmente estou admitindo a minha " atração " de ensino médio pela Elizah. No início eu realmente pensava que era apenas uma atração boba que passaria, porém, não foi assim que aconteceu.

No mesmo dia, eu não parava de pensar nela de jeito nenhum. Ela não saia da minha cabeça, tirava meu foco das aulas, me deixava com cara de bobo a maior parte do tempo. Até que a gente se esbarrou de novo e, como sabem, o meu açaí caiu nela e até hoje ela pensa que foi de propósito.

O que, no caso, não foi. Naquele dia eu estava pensando tanto nela que eu estava brigando comigo mesmo, e foi numa distração que a gente se esbarrou e o açaí caiu na roupa dela. Depois daquele dia ela passou a me odiar.

Bem... eu não a odiava. Pelo contrário, eu sempre tentei começar uma relação de amizade diferente, só que nunca ela deu espaço. E então a gente se formou e cada um foi para um lado, depois do ensino médio eu não vi ela e foi como se tirasse uma parte de mim e levasse para o mais longe possível.

Eu morri de saudades. Durante toda aquela situação com os meus pais, a construção do meu trabalho, da finalização do Food-truk... Eu tentei ao máximo me distrair para que eu parasse de pensar nela.

Durante o tempo que a gente passou longe um do outro, foi uma concretização dos meus sentimentos. Como eu achava, não era uma simples atração, era muito mais que isso. Eu me apaixonei pela Elizah e, quando eu entrei pela porta e vi ela, percebi que seria uma chance de tentar... de novo.

Era uma chance de conquista-la. Só que, como eu previa, no começo ela estava irredutível. Ela ainda me odiava.

O que estava acontecendo, o nosso beijo, no meio da cozinha se repetia milhares de vezes na minha cabeça me fazendo lembrar do tanto que eu estava desejando aquilo. Quando a gente caiu em cima do outro, eu tomei bastante cuidado para não beija-la de surpresa... se eu a beijasse ela iria me matar.

Só que agora foi ao contrário, quem me beijou foi ela. O que eu achei que nunca iria acontecer, até porque a gente não era lá tão próximos.

Eu segurava suas costas a puxando mais para mim, enquanto ela segurava meu pescoço. O seu corpo estava colado com o meu, dentro de mim o meu coração rendido batia fortemente dentro do meu peito.

Não vou mentir, na minha fase problemática eu beijei várias garotas em apenas uma noite nas festas. Aqueles beijos eram tão frios e sem sentimentos, que não chegava nem aos pés do meu beijo com a Elizah.

Aquele sim era o beijo que eu tinha colocado todos os meus sentimentos e o desejo que eu tinha desdo colegial.

Afastei meus lábios do dela enquanto abria meus olhos, olhando diretamente para seu rosto lindo. A Elizah tinha uma beleza surreal, os seus cabelos loiros lisos batiam abaixo dos ombros, os olhos dela eram azuis, o seu rosto bem esculpido. Ela era... perfeita.

ㅡ Por que está me olhando assim? ㅡ Elizah perguntou após perceber que eu estava olhando-a mais do que eu deveria. Eu não conseguia parar, meus olhos não parava de analisar cada traço do seu rosto principalmente seus lábios que estavam entre abertos e um pouco rosados.

ㅡ Você é linda. ㅡ Levei meu dedo indicador até o seu cabelo, começando a alisa-lo. Um sorriso se abriu no canto dos meus lábios reparando em cada traço da mulher que estava em minha frente, porém, o sorriso aumentou quando eu reparei que as bochechas dela começou a ficar rosada. ㅡ O que foi? Tá tímida?

ㅡ Hm... ㅡ Elizah fechou os olhos se afastando e virando de costas, eu acabei rindo da mesma a abraçando por trás.

ㅡ Você está ainda mais linda. ㅡ Sussurrei em seu ouvido antes de dá um beijo em sua bochecha, em seguida me afastei dela e fui até a mesa ouvindo o toque do meu celular.

Peguei meu celular, olhei no visor percebendo que era a minha mãe.

ㅡ Arg... ㅡ Resmunguei.

ㅡ Saulo? ㅡ Elizah se virou para mim. ㅡ A gente pode... ㅡ Interrompi ela.

ㅡ Espera um segundo, linda. É a minha mãe. ㅡ Atendi a ligação da minha mãe me afastando um pouco da Elizah, e do outro lado da linha ouvi a voz da minha mãe.

Mãe- Saulo? Meu amor?

Saulo- Oi mãe. Tudo bem?

Mãe- Ai, meu amor, está tudo bem aqui em casa! Eu queria saber do meu filho.

Saulo- E o...

Coloquei uma mão em minha cintura tentando não falar o nome daquele cara. Só de pensar nele me dava nojo.

Mãe- Seu pai?

Saulo- É.

Mãe- Eu não sei, Saulo. Ele saiu dizendo que iria fazer uma viagem de apenas três dias, mas já faz uma semana.

Quando eu terminei de ouvi-la, o meu sangue ferveu e eu simplesmente dei um soco na parede.

ㅡ SAULO!!! ㅡ Elizah gritou me fazendo olha-la com uma careta de dor. ㅡ Você tá maluco??

Mãe- Saulo?? O que você fez?

Saulo- Por que você continua com esse idiota, mãe??? Ele não te merece!

Mãe- Saulo, a gente já conversou sobre isso...

Saulo- Só que eu não entendo! Ele não faz nada para você, nada! Ele te trata com um lixo sendo que você fez de tudo por ele antes mesmo do casamento! Para de ser besta, mãe, por favor! Sai dessa casa! Deixa esse homem que não te merece, por favor! Você não vê que tá fazendo mal para você e também para o Sam.

ㅡ Saulo, por favor, tenha calma. ㅡ Elizah segurou a minha mão, só que eu não conseguia ter calma sabendo que eu não conseguia fazer com que a minha mãe saísse daquela vida.

Mãe- Saulo, você não entende. O seu pai me ama, e eu também o amo.

Saulo- Amor?? Mãe, não confunda dor com amor! Ele não te ama! Se ele te amasse não te bateria, se ele te amasse ele não iria te trair, se ele te amasse ele iria tratar você como a única. Só que ele não tá fazendo isso! Por favor, entende!

Mãe- Saulo, eu te amo. Você é o meu filho e tem que estar do meu lado nesse momento, o que eu lhe peço é apenas isso. Se você não quer entender os meus sentimentos pelo seu pai... Sinto muito.

•••

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora