22_ Você sente algo por mim?

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ㅡ Você não reclamou, então quer dizer que é verdade. ㅡ Saulo riu enquanto ele desligava o carro. Naquela altura o dia já havia amanhecendo, durante o resto do caminho eu vim calada processando todas as informações possíveis para chegar a uma conclusão.

Para mim, ainda era estranho tudo o que eu posso estar nutrindo pelo Saulo. Durante a minha adolescência eu já havia tentando com apenas dois garotos, as minhas antigas colegas me incentivaram a pelo menos tentar a me aproximar de alguém. No começo, eu até que gostei de fazer amizades e tentar algo com alguém. Só que nunca deu certo.

Eu nunca gostei realmente de alguém. Gostar de alguém, para mim, era algo assustador que eu não queria que acontecesse nunca na minha vida. Eu já vi muitas vezes garotas serem magoadas, então eu descartei depois das duas vezes que eu tentei.

E agora pensar na possibilidade de eu estar gostando do Saulo como a Olivia disse me deixava amedrontada. O Saulo não é o tipo de garoto que eu penso em gostar e ter um relacionamento. É um daqueles garotos que tem uma imagem bastante manchada pela babaquice. Nunca passaria pela minha cabeça gostar dele.

ㅡ Você está bem? ㅡ Saulo tocou em meu ombro me fazendo afastar-me rapidamente assustada. ㅡ O que foi, Elizah? Eu falei algo que te irritou?

ㅡ Não. ㅡ Neguei fazendo uma careta analisando ele de cima a baixo. Não era possível que eu estava começando a nutrir sentimentos por ele. Logo por ele. ㅡ Pelo contrário. ㅡ Resmunguei.

ㅡ E isso é bom?

ㅡ Acho que sim. ㅡ Murmurei balançando a cabeça concordando. ㅡ Eu vou subir, tá? Tenho que falar com a minha mãe. ㅡ Nem dei a chance dele responder, apenas falei antes de dá as costas para ele e correr em direção ao prédio.

A minha mãe era a única pessoa que me entendia e que me dava conselhos para eu começar a entender a confusão que existe dentro de mim. Então nada melhor do que ela para isso.

Dei bom dia para o porteiro entrando no elevador, esperei pacientemente que a porta se fechasse. A agonia em saber o que pode ou não estar rolando dentro de mim me deixava nervosa e ansiosa.

Uma parte de mim ainda se recusava a acreditar que eu poderia estar gostando do Saulo. Desde que nos conhecemos no ensino médio nunca nos demos bem, então começar a sentir algo por ele bem agora não entrava de jeito nenhum na minha cabeça.

Assim que o elevador se abriu eu peguei as chaves dentro da minha bolsa saindo do elevador, abri a porta do apartamento e após fecha-la corri o mais rápido possível para meu quarto. Assim que entrei no quarto fechei a porta antes de jogar as chaves na escrivaninha.

Sentei-me na cama tirando meu celular da bolsa, logo disquei o número da minha mãe e esperei que ela me atendesse. Não demorou muito para que isso acontecesse.

Mãe- Alô? Elizah?

Elizah- Mãe, desculpa se eu te acordei ou te atrapalhei.

Mãe- Ah, não, filha. Hoje estou de folga. Aconteceu alguma coisa?

Elizah- Sim, quer dizer, não. Talvez!

Mãe- O que? Não estou entendendo, Elizah.

Elizah- Lembra do Saulo? O garoto que eu estou divindo o apê?

Mãe- Sim, você já matou ele?

Elizah- Não...

Neguei me abaixando para tirar os meus sapatos.

Elizah- Tem acontecido algo estranho entre mim e ele. Algo que mexeu com alguma coisa dentro de mim.

Mãe- Espera, o que aconteceu entre vocês?

Elizah- É que tem rolado coisas estranhas. Nós começamos a nos dar bem, estamos bem melhor do que antes. Mas a questão não é essa. A questão é que a cada segundo em que o Saulo se aproxima eu sinto... coisas.

Mãe- Que tipo de coisas?

Elizah- Ah... eu me sinto estranha. Eu fico paralisada encarando os olhos dele, o sorriso, minhas mãos começam a soar, minhas pernas ficam bambas e o meu coração... acelera. Será que é um infarto?

Assim que eu terminei a pergunta pude escutar a risada da minha mãe do outro lado da linha.

Elizah- Do que estar rindo, mãe? A coisa é séria!

Mãe- Ai, Elizah, tá na cara o que está acontecendo. Nunca leu Alinhamento das Estrelas? A garota da Confeitaria?

Elizah- Eu até que tentei, mas eu fico bastante cansada depois do trabalho. E o que que os romances tem haver com o que eu tô sentindo pelo Saulo?

Mãe- TUDO!

Ela exclamou me fazendo fazer uma careta.

Mãe- Você gosta do Saulo, Elizah!

Pus a minha mão na testa com uma careta. Eu ainda me recusava a acreditar!

Elizah- Por que acha isso, mãe?

Mãe- Elizah, meu amor, tá na cara. Eu sei que você NUNCA gostou de verdade de algum garoto, então não sabe direito o que você pode sentir. Mas, eu sei do que eu tô falando, ok? Eu senti a mesma coisa com o seu pai.

Elizah- Então... A Olivia tinha razão? Eu gosto do Saulo?

Mãe- Sim.

Abaixei a minha mão com um celular, logo eu encarei fixamente o chão um pouco nervosa. Eu ainda não acreditava nisso! Como de uma hora para outra eu comecei a gostar do Saulo?? Até uns dias atrás eu odiava ele!

Levantei-me da cama indo em direção a porta, abri a mesma e procurei pelo Saulo por toda a sala. Nada dele.

ㅡ Saulo? ㅡ Sai do quarto. ㅡ Saulo??

ㅡ Na cozinha! ㅡ Saulo gritou me fazendo balançar a cabeça antes de ir rapidamente até a cozinha. Percebendo que ele estava sentado na mesa comendo alguma coisa que eu não soube identificar. ㅡ O que foi? Quer comer também?

ㅡ Não... ㅡ Neguei me aproximando e colocando meu celular em cima da mesa. ㅡ Quero te perguntar uma coisa.

ㅡ Fala. ㅡ Saulo respondeu antes de morder o bolinho nas suas mãos.

ㅡ Você sente algo por mim? ㅡ Soltei a pergunta sem nem pensar antes, e a pergunta foi o suficiente para fazer com que o Saulo se engasgasse. ㅡ Saulo?? ㅡ Me aproximei dele procurando, enquanto ele tossia sem parar. ㅡ Calma. ㅡ Bati lentamente em suas costas.

Ele pegou o copo de suco e bebeu. Encarei seu rosto atentamente percebendo que ele ficou vermelho.

ㅡ Tá bem?

ㅡ Agora eu tô. ㅡ Ele bebeu novamente o suco antes de colocar o copo em cima da mesma, em seguida ele me encarou. ㅡ Que tipo de pergunta é essa?

ㅡ É só uma pergunta. ㅡ Dei de ombros afastando a cadeira e sentando de frente para ele. ㅡ Só responde! Você sente ou não?

Ele suspirou abaixando o olhar, antes de pegar em minha mão e erguer seus olhos para me olhar. Com aquele olhar, eu paralisei encarando atentamente aqueles olhos lindos.

ㅡ Sinto. E não é de hoje.

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Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora