52_ Esperança.

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ㅡ Kath, você tem certeza do que está fazendo? ㅡ Perguntei freneticamente encarando a Kath em minha frente que parecia mais nervosa do que eu. ㅡ Você mesma diz que ainda está se preparando para a sua primeira cirurgia. Eu não... ㅡ Ela me interrompeu.

ㅡ Elizah, por favor, não quero ficar mais nervosa do que eu já estou! ㅡ Kath pegou em minhas mãos. ㅡ Estou, literalmente, tendo um surto interno.

ㅡ Kath, se você não está preparada, não é preciso fazer. Não podemos entrar numa cirurgia nervosa. ㅡ Observei-a.

ㅡ Eu sei. ㅡ Ela assentiu. ㅡ Eu sei o que eu estou fazendo, Elizah, tenho total consciência do que estou fazendo e mesmo assim eu quero. É pela vida do Saulo, por você, pela mãe dele, pelo irmão dele.

Continuei observando a Kath percebendo que lágrimas haviam brotado em seus olhos. A Kath não era lá uma pessoa emotiva, se ela estivesse chorando na frente de alguém é que realmente a coisa era séria.

ㅡ Você tá chorando... ㅡ Levei minha mão até a sua bochecha analisando-a. ㅡ É bem difícil de vê-la chorar. Você tem certeza que quer fazer isso?

ㅡ Tenho, amiga. ㅡ Kath pegou em minha mão sorrindo. ㅡ E me desculpa por ter mentindo pra você. Eu achei que o Saulo falaria, mas ele não... ㅡ Ela abaixou a cabeça, porém, interrompi antes que ela continuasse.

ㅡ Tudo bem, Kath. Tudo bem. ㅡ Sorri fraco para ela. A dor não me permitia sorri, ainda estava nervosa por causa do Saulo. Eu queria vê-lo, queria toca-lo, queria beija-lo. ㅡ Eu só quero ver ele antes dele ir para a cirurgia. Tem como, Cris? ㅡ Encarei a recepcionista.

Ela suspirou abaixando a cabeça, todavia, ela suspirou novamente antes de balançar a cabeça assentindo.

ㅡ Vai lá, Elizah. Ele estava no primeiro quarto da ala dois. ㅡ Cris apontou para o corredor da direita ㅡ na verdade, havia quatro corredores que resumia na ala dois, ala um e a UTI. Ao lado do corredor da UTI, havia também um corredor para as salas de cirurgias. ㅡ , e me olhou. ㅡ Sinto muito!

ㅡ Liga para o pessoal, ok? Eles vão ter que me explicar tudinho, e ainda por cima falar com a mãe dele. ㅡ Olhei para a Kath antes de correr para o corredor e trombar com as enfermeiras antes de parar na frente da porta do quarto que o Saulo estava.

Respirei fundo tirando na maçaneta girando-a, abrindo a porta do quarto e entrando lá me deparando com a cena. Lá estava o Saulo, deitado na cama do hospital, com a roupa do hospital, com os aparelhos ligados, com os olhos fechados e numa posição que fez meu peito doer.

Uma lágrima escorreu enquanto eu fechava a porta atrás de mim, apertei meus punhos me aproximando lentamente da cama dele e me sentando na ponta. Peguei em sua mão analisando atentamente seu rosto, vendo que ele estava pálido.

Engoli em seco fungando, levando o meu pulso até o meu rosto e limpando as lágrimas. Em vão.

ㅡ Saulo... ㅡ Sussurrei com a voz embargada. ㅡ Por que você fez isso comigo? Me fez ter aquele dia incrível ontem e hoje fez meu mundo desmoronar com essa notícia horrível.

Apertei meus olhos projetando a imagem dele na minha cabeça com um sorriso debochado e dando desculpas para justificar.

ㅡ Eu te amo, idiota! ㅡ Exclamei apertando a sua mão sem querer. ㅡ Já que você me ama desdo ensino médio, volta pra mim. Por que você vai embora agora se você conseguiu me conquistar? Agora você tem meu coração... E sempre vai tê-lo. Sempre.

As minhas palavras soaram mesmo com o nó na garganta. Meu peito se apertava a cada vez que eu pensava nele e me lembrava que ele estava com um tumor que poderia matá-lo e tirar ele de mim.

Não queria acreditar que aquele maldito tumor tiraria o amor da minha vida.

ㅡ Você não pode morrer, Saulo. Voce tem que voltar para a sua mãe, para seu irmão, para seus amigos e pra... mim. ㅡ Me aproximei do mesmo tocando em seu peito, antes de me deitar ali e percebendo que os seus batimentos cardíacos estavam mais rápidos do que o normal. ㅡ Saulo? Você tá me escutando? ㅡ Perguntei me enclinando e olhando para o aparelho do lado da maca, os batimentos cardíacos estavam acelerados. ㅡ Saulo, se estiver me ouvindo, volta pra mim! Por favor! ㅡ Implorei.

ㅡ Elizah ㅡ A voz do Dr Silva soou me fazendo olhar para atrás percebendo que ele estava na porta. ㅡ Eu não sei se ele pode te ouvir, mas não perca a esperança.

ㅡ Como dizem, ela é a última que morre. ㅡ Saí de perto da cama e me aproximei do doutor. ㅡ A cirurgia vai ser agora?

ㅡ Sim. Contaremos com as suas energias positivas mesmo do lado de fora da sala. ㅡ Dr Silva sorriu de um jeito compreensivo. Sorri para ele me virando voltando para perto do Saulo, me enclinando, dando um beijo em sua testa antes de sussurrar.

ㅡ Eu te amo. ㅡ Dei mais um beijo na sua bochecha, dando as costas e me aproximando novamente do doutor. ㅡ Salva ele, Dr Silva. Por favor. ㅡ Sorri fraco passando por ele e saindo da sala percebendo que alguns enfermeiros estavam se aproximando com a maca que levaria ele até a sala.

Ao vê-la mais lágrimas surgiram enquanto eu caminhava para a sala de espera, onde eu esperava que alguém já estivesse chegado. Assim que eu pus os pés lá percebi que os meus pais estavam lá, a mãe do Saulo, o Sammy, Dani, Lia, Spencer e Billy.

Mais lágrimas escorrerem assim que eu os olhei. Era nítido a dor nos olhos deles e isso me fez sentir mais dor.

ㅡ Elizah... ㅡ Minha mãe se levantou da cadeira e correu até a mim rapidamente me abraçando. Envolvi meus braços em suas costas apertando meus olhos. ㅡ Sinto muito, meu amor.

ㅡ Mãe... ㅡ Sussurrei.

ㅡ Shh... Shh... ㅡ Ela começou a emitir um barulho estranho enquanto passava seus dedos pelo meu cabelo. ㅡ Não precisa dizer nada, meu amor, pode ficar tranquila. Ele vai sair dessa, ok? Só chore porque quando ele voltar você só vai poder sorri.

As palavras da minha mãe perfurou o meu peito adentrando no meu coração, envolvendo uma onda de boas energias me fazendo assenti apertando ela sobre meus braços.

ALGUMAS HORAS DEPOIS...

Abracei meus próprios braços enquanto encarava o céu azul escuro e cheio de estrelas em cima de mim. Agora eu estava bem numa sacada escondida no hospital, onde eu amava ficar para respirar um pouco e parar de sentir uma energia pesada e dolorosa que o hospital passava.

Era exatamente o que eu sentia naquele momento, uma energia pesada dentro de mim e uma dor insuportável que me fazia derramar litros de lágrimas cada vez que eu me lembrava dele. Do Saulo.

Ter certeza do meu amor por ele foi a melhor coisa que me aconteceu. É claro que eu não esperava que eu poderia amar alguém, principalmente o Saulo que eu passei a odiar por motivos bobos. Só que agora eu vejo do porquê de tudo isso. Era um amor e o ódio que eu nutria pelo Saulo.

Um amor lindo e puro que foi se construindo pelos momentos que havíamos passados juntos.

Sorri sem mostrar os dentes me aproximando do muro e colocando meus cotovelos ali enquanto ainda observava o céu. As horas havia se passado, mas eu decidi vim para cá pra cima pensar então eu não sabia se a cirurgia tinha acabado ou se teve alguma complicação. O que eu torcia para que não acontecesse nada demais e que eu pudesse ver o Saulo assim que possível.

ㅡ Elizah? ㅡ Virei-me rapidamente ao ouvir á voz da Daniela. Ela fechou a porta atrás dela antes de correr até a mim, me dando a chance de perceber que a sua expressão estava mais suave.

ㅡ Oi, Dani. Aconteceu algo?

ㅡ A cirurgia acabou. O Dr Silva saiu da sala junto com a Dra Mônica e veio até nós e explicou como foi. ㅡ Dani tocou em minhas mãos começando a falar, fazendo meu coração dá pulinhos. ㅡ O doutor disse que o tumor ainda estava no começo, então a cirurgia precoce ajudou muito na operação. Ele explicou também falando que nos casos como o do Saulo, com o tumor ainda pequeno, é mais fácil fazer a operação sem riscos maiores e mais graves. Agora o que nos resta é esperar para ver se o Saulo se recupera para ele poder voltar pra casa. ㅡ Daniela sorriu abertamente fazendo meu coração pular mais rapidamente me fazendo abrir um sorriso instantâneo. ㅡ Elizah, temos uma esperança!

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4/6...

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora