30_ Não se preocupe.

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ㅡ A sua mãe vai ser levada para o hospital e vai receber todo o cuidado, Borges. Não se preocupe. ㅡ Uma socorrista falou se afastando um pouco da porta, deixando que os outros levassem a mãe do Saulo desacordada pela maca.

ㅡ Eu sou enfermeira. ㅡ Chamei atenção dela. ㅡ O estado dela é grave?

ㅡ Bom, pelo pouco que eu reparei, não tanto assim. Por ele estar bêbado não atingiu totalmente a cabeça dela com a garrafa, mas não diminui os riscos. ㅡ Ela explicou. ㅡ Querem acompanha-la dentro da Samu?

ㅡ Não, moça. A gente está de carro. ㅡ Sorri simpaticamente. ㅡ Estamos indo logo atrás.

E naquele momento as sirenes de polícia soaram alto por todo o local, me fazendo abaixar os ombros aliviada.

ㅡ E o estado dele?

ㅡ Ah... ele? ㅡ Ela apontou para atrás de novo, que o pai do Saulo ainda estava encostado na parece desacordado. ㅡ Vai ficar tudo bem. A batida não foi tão forte assim e, sinto muito por falar, ele merece mais que uma batida na cabeça.

Aquilo me fez rir sentindo o Saulo pegar na minha mão novamente.

ㅡ Bom, nos vemos no hospital! ㅡ A socorrista falou se afastando e saindo da casa, dando o espaço para que os policiais pegasse o pai do Saulo e levassem até a viatura.

ㅡ Cadê o Sammy?

ㅡ Coloquei ele no carro. ㅡ Respondi enquanto a gente saia de casa, e ele fechava a porta e trancava. ㅡ Vai pro hospital?

ㅡ Uhum. ㅡ Ele assentiu parecendo cabisbaixo. ㅡ Não acredito que vou passar por isso de novo.

Ele suspirou me fazendo olha-lo, sorri fraco na intenção de conforta-lo antes de nós dois entrarmos no carro.

ㅡ E a mamãe, Saulo? ㅡ Foi a primeira coisa que Samuel perguntou após entramos.

ㅡ Estamos indo ver ela, Sammy. ㅡ Saulo respondeu fechando a porta do carro, colocou o sinto antes de dá a partida.

ㅡ E o papai?

Aquela pergunta dele fez o carro ficar em completo silêncio, só se ouvia a respiração pesada do Saulo. Me virei para o Samuel me enclinando para colocar o cinto nele.

ㅡ O seu papai teve que fazer uma viagem. ㅡ Respondo-o me sentindo uma tola. É, eu tinha usado aquela bela desculpa esfarrapada. ㅡ Lembra do acordo que a gente fez?

ㅡ Que acordo? ㅡ Saulo me encarou.

ㅡ Sim!!! Eu lembro! ㅡ Sammy sorriu animado.

ㅡ Ótimo. Amanhã mesmo, bem cedo, a gente vai numa loja e compra o carro que você quer. ㅡ Gesticulei para distraí-lo. ㅡ Tudo bem?

ㅡ Sim!!

ㅡ Você vai comprar um carro para ele?? ㅡ Saulo me encarou. ㅡ Elizah...

ㅡ É por um bem maior. ㅡ Sussurrei. ㅡ Essa criança já passou por tanta coisa mesmo tendo apenas 7 anos! Euem! Ela merece um carro.

ㅡ Ele vai ficar mau acostumado, Elizah. ㅡ Saulo reclamou de um jeito sério me fazendo revirar os olhos.

ㅡ Saulo, não critica! ㅡ Indaguei cruzando meus braços. ㅡ Eu gostei bastante do seu irmão. Aliás, como eu falei, ele merece. Não... não tira dele essa oportunidade.

Assim que eu terminei de falar, Saulo revirou os olhos suspirando logo ele balançou a cabeça assentindo. Abri um sorriso de felicidade, olhando para atrás percebendo que o Sammy estava deitado no banco dormindo.

Encostei minha cabeça no banco e, sem perceber, fechei meus olhos e suspirei calmamente. Aquela noite não foi uma das melhores.

[...]

Pisquei meus olhos sentindo um peso no meu braço, me virei para o lado na intenção de tirar, mas não resultou em nada. Uma mão subiu até o meu rosto, fiz uma careta confusa abrindo lentamente meus olhos percebendo que eu estava... no quarto do Saulo.

Espera, quarto?

Olhei para o lado percebendo que quem estava ali era o Samuel. Ele dormia calmamente ao meu lado, isso me fez afasta-lo do meu braço dormente antes de levantar da cama ainda confusa.

Levantei-me da cama coçando os olhos, sai do quarto rolando meus olhos por ali procurando o Saulo.

ㅡ Saulo? ㅡ Chamei-o entrando na sala, percebendo que a sala estava toda arrumada. E nada do Saulo. ㅡ Saulo? Você tá... ㅡ Naquele momento, a porta se abriu demostrando que o Saulo entrou no apartamento. ㅡ Saulo!

ㅡ Ah, oi Elizah. ㅡ Saulo sorriu fechando a porta atrás dele. ㅡ Acordou só agora?

ㅡ Eu... ㅡ Olhei para meu corpo percebendo que eu estava com uma camisa cinza maior que eu, não era minha, e estava descalça. ㅡ Que horas são?

ㅡ 08:47. ㅡ Saulo respondeu me fazendo arregalar os olhos.

ㅡ Já??? Por quanto eu dormi??

ㅡ Você estava cansada, Elizah. ㅡ Ele respondeu antes de ir até a cozinha, me fazendo segui-lo ainda confusa. ㅡ Tá tudo bem.

ㅡ E como é que eu cheguei aqui? Eu me lembro que fechei os olhos e... ㅡ Ele me interrompeu.

ㅡ Você dormiu. ㅡ Ele deu de ombros colocando as sacolas em cima da mesa. ㅡ Não se preocupe, Elizah. O Samuel acordou quando a gente chegou aqui, menos você, então eu peguei você no colo e ele me ajudou a chegar aqui em cima.

ㅡ Saulo... ㅡ Coloquei as mãos na mesa encarando ele atentamente. ㅡ Oh, Saulo, você me carregou até aqui em cima? Não foi muito trabalhoso pra... ㅡ Ele me interrompeu de novo.

ㅡ Ei, ei, ei. ㅡ Saulo se aproximou de mim colocando o dedo indicador nos meus lábios. ㅡ Calma, ok? Não se preocupa. Você está aqui, Samuel tá aqui...

ㅡ E a sua mãe?

ㅡ Eu visitei ela, acabei de voltar de lá. ㅡ Ele respondeu. ㅡ Ela está bem, acordou de madrugada, mas ainda sim precisava ficar de observação caso tenha outras complicações. E o meu... ㅡ Ele fechou os olhos com um pouco de raiva, abriu e voltou a me olhar. ㅡ Ele vai ficar preso por um bom tempo. Assim ele fica longe da minha mãe.

ㅡ Você tá bem com isso, né?

Ele respirou o mais fundo que conseguiu naquele momento, antes de uma lágrima escorrer pelos seus olhos enquanto ele rodeava seus braços em meus ombros.

ㅡ Ela estava tão machucada... ㅡ O sussurro dele fez meu peito se apertar. Abracei ele o mais forte que consegui, fazendo ele apertar meu corpo contra o dedo.

Naquele momento á dois, com os corpos colados, murmuros vindo da parte dele, respiração um pouco pesada, pude senti nossos corações baterem no mesmo ritmo.

•••

Um Teto para DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora