Capítulo 67

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Giovanni.

Isabella e Júlia acabaram de chegar e eu estou no canto do quarto, eu não quero chegar muito perto da Júlia porque sei que ela não se sentiria confortável com isso. Isa está sentada na poltrona ao lado da Maria Alice e não disse nada, absolutamente nada até agora, ela só olha para a Maria Alice. Júlia está em uma espécie de transe que está me assustando, é estranho demais...

Eu acho que eu devo sair e é isso que eu vou fazer. Me levanto e vou andando com o Pietro em direção a porta, mas Isa chama a minha atenção.

— Não precisa sair não.

— Irei dar privacidade.

— Não vai. — Ela fala séria e eu volto a me sentar no canto do quarto.

As duas continuam olhando para ela sem dizer uma única palavra, isso é estranho mas é totalmente aceitável. De alguma forma eu as entendo. Não tem o que falar. Simplesmente não tem. Júlia se afasta e se senta no chão, ela abraça os seus joelhos e fica olhando para a cama. Isa fica do mesmo jeito, olhando fixamente para a Maria Alice.

— Você disse que seríamos nós três contra o tudo, eu sei que abandonei vocês por um tempo, mas eu ainda fiquei aqui, então por favor, fica também. — Júlia fala baixo e eu desvio o olhar, porra isso é tão triste. — Por favor, não vai não, eu estou me recuperando, eu estou aqui, eu estou aqui, fora de casa, sem proteção alguma, estou aqui por você, fica aqui por mim, ou por você, tanto faz, só fica. Você sabe sobre a minha relutância em sair de casa, eu preciso me cobrir toda e preciso de alguém ao meu lado o tempo todo, mas eu saí hoje, sem pensar duas vezes, por você, eu juro que irei me empenhar mais, eu juro, Maria Alice, por favor, se você acordar eu juro que darei o meu melhor para ter a minha vida de volta.

— Você prometeu que iríamos ajudar ela junto comigo, não me deixa sozinha não, levanta dessa merda de cama e me ajuda a continuar, me ajuda a cuidar dela e... Merda, Maria Alice, você tem um filho agora, você precisa conhecer ele. Acorda. — Isabella começa a chorar e eu me sinto sufocado, eu preciso sair daqui. — Eu quero ser a primeira a falar que Giovanni roubou uma criança. — Olho para ela. — Mentira, ele não roubou, mas ele salvou uma criança, o nome dele é Pietro e ele é a coisinha mais linda desse mundo. — Porra, eu não sei o que fazer não...

Tudo me diz que ela nunca vai acordar, eu sei que esse é a porra do meu lado pessimista, mas sem perceber eu estou me agarrando a isso porque eu não tenho mais esperança. Eu estou sofrendo pra caralho, eu estou perdido.

— Tudo bem se você quiser nos deixar, eu já quis isso também, só que eu não acreditei, então por favor não acredite. Esse mundo pode ser uma bosta mas você tem pessoas que te amam e que não estão prontas para viver sem você. Escolha ficar, por favor. — Júlia se levanta e se senta na cama ao lado dela. — Fiquei sabendo que a Bianca te deixou mais bonita para receber a nossa visita, ela fez um bom trabalho. Você está linda.

— Mentira dela, você está horrível, levante daí e faça sua mágica. — Isa fala rindo e chorando ao mesmo tempo. — Vamos, amiga, lute por você, se você não tiver muito amor próprio lute pela gente, então. — Ela rir outra vez. — Estou brincando, você é a pessoa que mais se ama nesse mundo e eu sempre achei isso incrível em você. Eu não sabia o valor do amor próprio até você aparecer na minha frente dizendo o quanto amava a sua bunda enorme e que podia dançar qualquer música da Anitta que ficaria bom. — Isso é muito a cara da Maria Alice.

— Será que ela realmente pode nos ouvir? — Júlia pergunta a Isa.

— Já foi comprovado que quando um paciente está no estado em que ela está, ele pode ouvir as pessoas ao seu redor que só depende dele acordar ou não. — Isa responde.

— Tu tá de sacanagem, né Maria Alice... — Júlia se levanta. — Acorda porra.

— Júlia, não...

— Não é o cacete.

— Não grita comigo. — Isa se altera.

Mas o que porra está acontecendo aqui? Eles enlouqueceram?

— Essa maluca não pode nos deixar, se ela está nos ouvindo ela tem que acordar.

— Ela está em coma, não é tão fácil assim. — Isa fala alto e eu me levanto.

— Ei vocês duas, parem com isso. — Falo indo na direção delas.

— Não se mete não, Giovanni. — Isa fala e eu fico ainda mais chocado. Eles estão realmente discutindo, aqui, agora.

Vou até o sofá e boto Pietro no bebê conforto, volto até elas.

— Eu vou bater muito nela quando ela acordar. — Júlia fala e eu olho para ela assustado.

— E eu vou bater em você por ser uma maluca. — Isabella fala.

— Parem as duas, chega. Vocês enlouqueceram?

Elas ficam me olhando e eu olhando para elas, que doideira é essa? Essas mulheres são loucas demais. Nem em um momento como esse elas ficam normais? Eu não sei se elas são assim sempre, mas isso já é demais, estamos em um hospital e elas estão em uma discussão.

— Giovanni, isso é entre a gente.

— Isabella, estamos em um hospital, a amiga de vocês está bem aí, desacordada.

— Eu sei, mas parece que essa louca ai não sabe.

— Eu sei sim, você que não está entendendo.... — Corto Júlia.

— Chega, vocês são loucas demais, será que não entendem que esse não é o momento e nem a hora disso? — Elas calam a boca e abaixam a cabeça.

— Até que enfim alguém pra botar moral em vocês. — Olho assustado para a Maria Alice que está olhando fixamente pra mim e meu mundo gira.

Tudo fica escuro e logo sinto o meu corpo sendo puxado para baixo.

Amor Perigoso.  [2° livro da saga Mafiosi Perfetti.]Onde histórias criam vida. Descubra agora