Capítulo 39.

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                                                          Maria Ísis

— Bora pô, tu tá surda? Desce dessa porra. – O homem disse batendo a arma contra o carro.

— Você não vai com ele Ísis. — Minha tia disse e olhei pra ela, vi que ela já se encontrava com o rosto molhado de choro enquanto me encarava.

Eu temia pela minha vida, mas temia muito mais pela vida dos meus, então tirei o cinto enquanto ele apontava a arma pra mim.

— Pega o moleque. — Ele disse olhando pro Miguel.

— Meu filho não. — Falei firme mesmo com a voz embargada.

— Eu tô mandando caralho, tu tá querendo morrer? — Ele gritou destravando o gatilho. — Agora porra, se não vai rodar todo mundo.

Em um movimento rápido vi a Carla tentar arrancar com o carro mas ele foi mais rápido a puxando pelo cabelo, ele deu uma coronhada forte na cabeça dela e eu vi o sangue descer em sua testa quando ela desmaiou.

— Para. — Gritei. — Eu vou, eu vou com você.

Já sentia as lágrimas rolarem e eu não sabia o que fazer, peguei o Miguel do colo do Vitor que relutou pra o soltar e desci do carro.

Tentei acalmar meu filho que naquele momento já chorava de forma descontrolada, enquanto aquele homem me arrastava pra dentro do carro.

Eu implorava pra que não fizessem nada com o Miguel, que fizessem o que quisessem comigo mas que não o levasse junto. Ele me ignorou e me empurrou pra que entrasse, dentro do carro haviam mais três homens, todos encapuzados que não dirigiam nenhuma palavra pra mim.

Os vidros também eram escuros na parte de dentro, havendo uma divisória que impedia que eu visse o motorista.

— Pra onde vocês estão me levando? Porra, você não tá ouvindo eu falar? — Gritei com o homem que havia me levado e ele fingia não me escutar.

— Fica quieta que tu já vai saber. — Ele disse ignorando totalmente a minha pergunta.

Balancei o Miguel que já tinha se acalmado, na tentativa de o fazer dormir enquanto tentava insistentemente controlar as lágrimas que estavam descendo. Eu sentia medo da morte, não por mim, mas por ele.

{...}

Não tinha certeza de quanto tempo já havia se passado, mas com certeza já tinha mais de uma hora que eu estava dentro daquele carro.

Depois de tentar insistentemente que eles me falassem algo eu desisti, ficando calada o resto do tempo. Havia conseguido fazer o Miguel dormir e eu fazia o máximo pra tentar passar tranquilidade pra ele mesmo sendo impossível.

Depois de alguns minutos finalmente senti o carro parar. Ainda estava encolhida quando a porta se abriu e eles desceram, o maior fez sinal pra que eu descesse também e eu o segui.

Já estava escuro, estava em frente a uma casa com muros altos. O homem me empurrou pra andar e logo aquele portão enorme se abriu, revelando uma casa com um enorme jardim, aparentemente era um sítio.

Pensei em correr mas qualquer possibilidade agora estava zerada, dentro da casa haviam mais homens, que desta vez não estavam encapuzados. Agora eu tinha total certeza que não ia sair viva daqui, se eles tinham me mostrado o rosto era porque não tinham a intenção que eu saísse dali.

— Leva pro chefe. — Um homem loiro fortemente armado disse pra um dos caras que tinha me trago. — Tu não espera o que vem aí. — Ele disse pela primeira vez dirigindo a palavra a mim.

Eu já suava frio enquanto apertava o Miguel contra mim involuntariamente. Ele pegou no meu braço me direcionando pra dentro da casa. Eu olhava pra todos os cantos pensando em uma forma de escapar dali mas o medo de tomar um tiro era maior.

A casa era possuía  dois andares mas com poucas janelas e estava mal iluminada, o homem me levou em direção as escadas e já no andar de cima apontou o fuzil pra dentro de um quarto me mandando entrar. Assim fui até lá com passos lentos.

Quando abri não tinha ninguém.

Assim que entrei ouvi a porta se fechar atrás de mim. O quarto era grande, mas não tinha ninguém nele, até que me atentei a uma entrada do lado direito que parecia levar a uma sacada, em que eu pude ver uma sombra. Uma sombra de um homem.

Me aproximei em passos lentos, temendo o que estava por vir, o homem estava de costas e eu não pude acreditar no que estava vendo, não podia ser ele, não podia.

Aos poucos ele se virou pra mim. Apoiado em uma muleta e com um cigarro na mão esquerda.

Senti minhas pernas fraquejarem, tentava me controlar pra ficar em pé e as lágrimas já desciam de forma descontrolada, nessa altura o Miguel já tinha acordado e olhava pra mesma direção que eu, olhava com aquele olhar curioso pra ele.

— Tu achou que ia se livrar fácil assim de mim, preta? — Ele  disse com a voz baixa abrindo aquele sorriso pra mim. 

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⏰ Última atualização: Sep 29, 2022 ⏰

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