Capítulo 35.

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Esperança.
Parte 2/3

Ísis

Depois que os tiros começaram não pararam mais, minha tia trancou tudo empurrando os móveis pra tampar as saídas e nos escondemos no quarto.

Tentei ignorar aquela dor chata novamente e não demonstrar o que estava sentindo. Era a terceira pontada que eu sentia em menos de meia hora.

Miguel estava mexendo pouco, menos do que ele costuma mexer, mas ainda sim ele me cutucava pra mostrar que estava ali, e era isso que me confortava.

Carla tinha vindo pra cá, ela estava chegando do trabalho quando tudo começou. Estávamos apenas nós três, ela e minha tia tentavam me acalmar mas a angústia e a sensação ruim tomavam conta do meu peito.

Os tiros não cessavam e eu tentava me acalmar pelo meu bem e o do meu filho, eu só queria o pai dele comigo e nesse momento a minha preocupação era ele não voltar pra gente.

— Tu tá bem mesmo amiga? — Carla perguntou mais uma vez e eu murmurei que sim sentindo aquele gosto ruim na boca. Tava na cara que eu não estava bem.

Nesse momento não tinha muito o que eu pudesse fazer, me concentrei em não me desesperar e tentar me acalmar.

Eram muitos tiros, muitas bombas, parecia uma guerra e era. Só quem mora na favela entende do que eu to falando, parece que não tem fim.

— Você já conseguiu falar com o Vitor? — Perguntei me sentando.

— Ainda não, espero que ele esteja na pista, que Deus proteja meu irmão.  — Ela disse e eu peguei na mão dela assentindo.

{...}

Se passaram meia hora e não se ouvia mais barulho nenhum, mas os foguetes que sinalizavam a vitória não tinham sido soltados nos deixando sem saber o que estava acontecendo e se era seguro sair.

Aquele sentimento piorava e eu já não segurava as lágrimas. Alguma coisa estava errada.

— Eu tenho que sair daqui, tenho que saber do Leandro. — Me levantei chorando tentando tirar os móveis quando minha tia me segurou.

— Ísis você não vai sair daqui, pensa em você e pensa no seu filho, o Leandro não iria nos perdoar. Se acalma. — Minha tia disse não me deixando sair dali.

— Amiga se tu for lá pra fora vai ser pior, a gente ainda não sabe como que tá a situação. – Carla disse passando a mão no meu rosto.

— Vocês não estão entendendo, aconteceu alguma coisa com ele. — Eu disse sentindo a falta de ar invadir meu corpo, eu já não aguentava mais.

O desespero foi tomando conta e eu já não sentia mais o Miguel mexer, meu filho estava quieto e as pontadas estavam mais frequentes, se antes estavam na barriga agora eram nas costas, nas pernas, em tudo. A dor vinha forte e eu grunhi de dor.

Senti algo molhar e quando olhei pra baixo vi aquele sangue, era igual a primeira vez, ele descia como se não tivesse fim.

Carla e minha tia me olharam assustadas me obrigando a me deitar. Eu só conseguia pensar em uma coisa, eu perdi meu filho.

O sangue não parava de descer enquanto as duas gritavam que precisavam chamar uma ambulância. Carla já nem ligava mais se era perigoso ou não, saiu gritando na rua procurando por ajuda enquanto eu sentia minha visão turva.

Foi quando eu ouvi aquilo vindo da televisão.

"Importante!
Chefe do tráfico do Complexo da Maré é capturado em estado crítico após ser baleado em confronto com outros criminosos, ainda não sabemos maiores informações sobre o caso e o verdadeiro estado de saúde do criminoso..."

Não consegui nem terminar de ouvir aquilo, senti meu corpo pesar e não percebi quando simplesmente apaguei.

——————

Meus amores, vocês devem estar querendo me matar né? Mas enfim, vou conversar um pouco com vocês.

Realmente estou muito desanimada, estou me virando entre trabalho e faculdade que não é nada fácil.

Quando chego, quero descansar e infelizmente não tenho mais tanto ânimo pra escrever.

Porém como prometi, eu vou finalizar Vício, não vou jamais abandonar a história sem um fim. Só peço calma e compreensão de vocês.

E vamos lá que esses capítulos estão bomba viu! PODE ACONTECER TUDO 🤷🏻‍♀️
Um beijo e obrigada a todos por tudo. ❤️

Vício.Onde histórias criam vida. Descubra agora