Capítulo 37.

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                                                               Maria Ísis

Senti aquela luz me incomodar e aos poucos consegui abrir os olhos, encarei aquele quarto de hospital enquanto meu corpo todo doía.

As lembranças começaram a vir à tona e eu me desesperei arrancando aquelas agulhas do braço enquanto aquela máquina apitava.

— Não não, senhorita. — Uma mulher que parecia ser enfermeira entrou me segurando.

— Me solta, cadê meu filho, cadê o Leandro. — Falei tentando me debater mas logo outra mulher entrou também me impedindo de me mexer.

— Maria Ísis. — Uma delas disse olhando a prancheta que estava do lado da cama. — Se você não se acalmar eu vou ter que te sedar, você está recém operada, pode acabar rasgando os pontos.

Ela disse e eu tentei me acalmar, eu não podia apagar mais uma vez.

— Cadê meu filho? — Elas se olharam não respondendo minha pergunta.

— Tem uma pessoa querendo falar com você, o médico autorizou 5 minutos quando você acordasse, mas sem nenhum tipo de movimento brusco. — A loira disse e eu apenas assenti.

Elas saíram e em alguns minutos Carla entrou me deixando aliviada.

— Cadê meu filho Carla? E o Leandro? — Disse sentindo um nó na garganta enquanto ela entrou me abraçando de leve por causa dos pontos.

— O Miguel tá na UTI. Achei melhor que eu ou sua tia te falássemos, mas pelo que o doutor disse, se o quadro continuar estável amanhã ele passa pro quarto, ele é lindo Ísis. — Ela falou emocionada.

Foi como se eu pudesse respirar de novo, não pude conter as lágrimas correndo pelos meus olhos.

— E o Leandro? — Perguntei vendo ela ficar
calada.

— Ísis... — Ela tentou enrolar.

— Carla, por favor, me fala. — Falei.

— Ísis... Eles tentaram de tudo, mas ele chegou no hospital fraco demais. Ele lutou, e lutou muito até o final, mas já era tarde. — Ela falou com lágrimas nos olhos e eu senti minha pressão baixar.

— Não Carla, ele não ia fazer isso comigo, não ia fazer isso com o filho dele, fala que isso é uma brincadeira de mal gosto. — Falei ainda sem acreditar, esperando ouvir da boca dela que aquilo era mentira, mas ela não disse nada, apenas me abraçou.

— Eu to aqui com você, você tem que ser forte, por você e pelo seu filho, por favor. — Ela disse passando a mão no meu rosto.

— Fala que é mentira Carla, ele não fez isso comigo, ele não pode ter feito. Fala que é mentira, fala. — Falei repetindo aquilo enquanto tentava respirar, eu sentia minha garganta fechar.

Eu não podia acreditar naquilo, não podia acreditar que ele tinha me deixado, não podia acreditar que o meu filho não iria conhecer o pai, que o amor da minha vida não iria conhecer o filho, o nosso filho. Meu peito estava ardendo, não sabia explicar a dor que estava sentindo, eu não conseguia falar, não conseguia ouvir, minha cabeça só girava naquela frase dita por ela, "ele lutou, lutou muito, mas já era tarde"

...

• 1 semana depois •

Observei o Miguel mamar enquanto fazia carinho no cabelo dele, ele era lindo.

Minha tia não saia do meu lado, na verdade eu nunca ficava sozinha, todos tinham medo de eu fazer alguma loucura.

Hoje era o dia de eu ganhar alta do hospital. Com o critério de acompanhamento psicológico. Eu estava dormindo e vivendo a base de remédios, eu via os olhares de pena em mim.

O Miguel terminou e tirei ele do peito quando aquela reportagem passou de novo, que falava novamente sobre a morte dele.

Mas a pergunta que todo Rio de Janeiro queria saber, e que me assombrava desde que soube da morte dele.

Onde está o corpo?

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