CAPÍTULO 1

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Acordei com o barulho irritante da minha assessora abrindo as cortinas que cobrem a enorme vidraça do meu quarto.

_ Bom dia, senhorita Fernandes!

_ Mas que inferno! Me deixa dormir _ resmunguei irritada colocando o travesseiro na cabeça para abafar qualquer som e claridade.

_ A senhorita tem uma reunião importante com toda a equipe em uma hora. Se quiser assumir a presidência, acho melhor se acostumar com esse tipo de compromisso _ sua voz é irritantemente doce e calma

_ Eu te odeio, Gisele! _ Gritei enquanto me enrolava nos lençóis e levantava a caminho do banheiro _ Vou dar seus órgãos para alimentar o Deek

Fiz minha higiene matinal e fui direto ao closet escolher o que vestir. Escolhi uma calça de linho e uma blusinha preta com decote V profundo e um scarpin alto e fino na cor preta, peguei uma bolsa de mão preta e um sobretudo vermelho, deixei o cabelo solto e fiz uma maquiagem básica, lápis, rímel, blush e batom.

Assim que terminei de me arrumar dei uma olhada pela janela pra ver como estava o dia. Não gosto de dias ensolarados e hoje o céu estava irritantemente limpo e brilhante. Bufei atravessando o quarto e seguindo a caminho da sala de jantar, onde Gisele já estava me esperando para o café da manhã.

Não estava com muito apetite. Como em todas as manhãs, comi apenas alguns morangos frescos e canapés de frango.

Assim como eu, Gisele também tem 30 anos e mora comigo num duplex luxuoso no bairro mais nobre da cidade. Ela é uma mulher extremamente bonita, tem cabelos dourados longos até o meio das costas e uma franjinha que a faz ter cara de adolescente, pele clara e olhos verdes, mais ou menos a mesma altura que eu, um metro e sessenta e cinco, por aí, e tem o corpo bem definido. É uma pessoa educada, bondosa, paciente e sincera, nisso não somos nada parecidas, pois apesar de ter recebido a melhor educação do país, não sou a pessoa mais paciente do mundo e bondade não é um adjetivo muito cabível a mim.

Quando completei 15 anos, Carlos achou necessário contratar alguém pra me acompanhar diariamente com minhas necessidades pessoas já que não tinha nenhum amigo e não me relacionava muito bem com as pessoas, desde então ela é o que tenho mais próximo de uma amiga e a única funcionária que foi capaz de me aguentar por mais de quatro anos.

Tenho também uma cozinheira muito competente, uma doméstica que cuida impecavelmente da limpeza do apartamento e um motorista/segurança. Todos devem estar na faixa dos 50 e não sei mais nada sobre eles uma vez que Gisele é responsável pela contratação e qualquer contato necessário e pra falar a verdade nunca sequer escutei a voz de nenhum deles. O importante é que estão desempenhando um bom trabalho e isso é suficiente pra mim.

Moramos aqui desde que completamos maioridade, antes disso viviamos na mansão imperial de Carlos.

_ Helena? _ Escutei a voz de Gisele me despertando dos pensamentos

_ Quê? _ respondi ríspida com o cenho franzido

_ Eu disse que é melhor a gente ir pra não atrasar. O motorista já está esperando.

_ Dane-se. Continue esperando. Não faz mais que sua obrigação.

Gisele respirou fundo e eu sei que ela estava contando até dez mentalmente antes de me responder com aquela voz melosa e zen. Revirei os olhos pra cena ciente que isso é mais uma ideia descabida da sua terapeuta.

Não tenho nada contra a profissão, mas sempre achei essa ideia de sentar num divã e falar, falar, falar uma coisa muito idiota. Quem precisa saber da minha vida e dar opinião sobre? É ridículo... Mas se pra alguém como Gisele parece ser algo importante, quem sou eu pra contrariar.

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