CAPÍTULO 55

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Precisei ficar um tempo a sós depois da minha conversa, um tanto quanto reveladora, com Carlos. Lágrimas rolavam pelo meu rosto insistentemente enquanto eu tentava assimilar cada palavra

Descobrir que a mulher que eu sempre tive mágoas por ter me abandonado na verdade sempre esteve perto de mim foi a coisa mais difícil que me aconteceu nos últimos tempos. Minha cabeça girava num misto de emoções que ainda não conseguia definir meus sentimentos em relação a isso.

Eu até entendo que não deve ser algo fácil para o meu pai chegar em mim e simplesmente dizer "Oi, viu como estão as ações da bolsa hoje? A propósito, sua mãe é a melhor e mais temida assassina profissional do mundo todo, tem inimigos em cada canto da terra e é por isso que ela não pode ficar com a gente, e ah… esqueci de dizer… somos casados a quase trinta anos. Surpresa!"

Mas eu merecia saber…

Me sinto uma idiota, enganada e descepcionada com ele por ter me escondido a verdade esse tempo todo. Eu sei que eu já deveria ter desconfiado antes, aquela mulher e eu somos tipo Sandy e Noely, não dá pra dizer que não há algum tipo de ligação, mas daí saber que ela é a minha mãe… por mais que meu coração já tenha dado vários sinais quando estávamos perto uma da outra.

Ela sempre foi o tipo de mulher que eu sempre admirei e almejei ser um dia. Corajosa, destemida, elegante, determinada, uma mulher simplesmente incrível.

Me lembrei da primeira vez  que a vi. Eu tinha aproximadamente 10 anos e estava a uns 3 dias num cativeiro com meus braços e pernas estavam amarrados em uma corda. O lugar parecia um quarto escuro e sujo, eu estava deitada no colchão velho que era a única coisa que tinha naquele lugar.

Os homens que me mantinham ali sempre estavam encapuzados, mas pela diferença de voz e altura, eram três no total.

Um deles veio e trouxe água, isso era tudo que eles me davam, um copinho de água uma vez ao dia. Eu bebi e ele saiu me deixando novamente sozinha.

De repente comecei a escutar alguns barulhos, gritos e tiros. Fiquei muito assustada. Daí ela apareceu, magnífica, como num filme bom de ação. Ela usava uma camiseta, calça de couro e botas preta, e o cabelo perfeitamente liso e negro amarrado num rapo de cavalo alto impecável.

_ Oi, meu amor. Eu vim te tirar daqui, ok? Não precisa ter medo de mim. Eu sou só um anjo que veio te salvar _ assenti
Seu sorriso era lindo e amoroso, como nunca tinha visto antes em alguém. Sua voz doce me acalmava, fazendo eu me sentir segura.

Ela me tomou em seus braços e eu descansei sentindo seu cheiro bom. Quando acordei estava num quarto de hospital, com Carlos dormindo tranquilamente numa poltrona ao lado.

Quando questionei quem era aquela mulher e onde ela estava, ele respondeu que não tinha ninguém e que a polícia havia me encontrado.

Escutei o barulho da porta sendo aberta, me despertando dos meus pensamentos voltando minha atenção a ver quem era. Quando Carlos saiu, pedi que avisasse aos dois do lado de fora que eu precisa ficar a sós.

_ Helena? Está sentindo alguma coisa? _ Nick se aproximou preocupado

Limpei o rosto com as mãos e forcei um sorriso fraco

_ Fisicamente não. Estou ótima _ observei vários papéis em suas mãos e apontei o indicador na mesma direção _ São meus exames?

_ Sim _ respondeu olhando para as folhas em suas mãos

_ Você já olhou os resultados? _ perguntei incentivando a continuar

_ Anm… sim _ pela sua expressão logo percebi que tinha algo errado.

_ Está esperando o quê pra me dizer logo o que está acontecendo? _ pedi impaciente

_ Helena, eu tomei a liberdade de solicitar alguns exames além do nescessário pós acidente _ a encarei confusa _ Bom… Gisele tem me relatado estar muito preocupada com você e, depois daquela nossa conversa há alguns dias e você não quis aparecer pra fazer aqueles exames que recomendei, eu achei que essa seria a oportunidade de fazer

Respirei fundo imaginando o pior. Eu vinha evitando esses exames com medo do que encontraria pela frente

_ Então? É grave? _ questionei apreensiva com os olhos arregalados

_ Eu prefiro que você converse com um especialista a respeito. Não quero criar nenhuma falsa expectativa. Agendei uma consulta para amanhã logo cedo com a doutora Lara e ela vai poder te dar um diagnóstico mais preciso e fazer os exames certos.

_ Dá pra ser mais específico e dizer logo o que eu tenho? _ pedi com rispidez. Já estava ficando irritada com essa situação

_ Depois da minha suspeita daquele dia, Gisele me contou tudo o que aconteceu há alguns anos e eu entendi sua reação. E é por isso que eu não quero criar nenhuma expectativa. Só a doutora Lara pode confirmar esse resultado. Tenha só um pouco mais de paciência e amanhã ela nos diz o que de fato está acontecendo, ok? Tenha calma _ pediu

_ Eu tenho cara de quem tem calma, doutor? Fala logo o resultado dessa merda de exame. Eu exijo saber _ respondi com a voz alterada e com os nervos a flor da pele.

Não vou ficar aqui como uma idiota a noite inteira imaginando mil formas de morrer só por que esse doutorzinho não sabe dar um diagnóstico. Eu preciso saber logo a verdade. O que está acontecendo comigo?

_ Você precisa de acalmar. Eu sei que é estranho toda essa situação é é por isso que eu não quero criar nenhuma expectativa _ insistiu

_ Mas que merda, Nicholas. Fala logo, antes que eu levante daqui e te dê um… _ gritei ameaçando levantar até ser interrompida por suas palavras graves e impactantes

_ Deu positivo.

_ Deu positivo

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