Ela, uma mulher inteligente e destemida lutando pela tão sonhada presidência de uma das maiores multinacionais do país.
Ele, um jovem CEO bilionário que não se apega, vivendo uma vida desregrada de bebidas e mulheres.
Um golpe...
Um acordo...
Lembra...
Depois de uma reconciliação de tirar o fôlego, acordei sentindo meu corpo inteiro dolorido. Eric ainda estava dormindo, aproveitei seu sono pesado para preparar nosso café da manhã. Fiz ovos mexidos, sanduíche de presunto e queijo, suco de acerola e separei alguns morangos frescos.
Eu não tinha palavras que pudesse descrever o significado da atitude de Eric na noite anterior. Passei dias com medo de ser abandonada no momento que ele soubesse a verdade. Me martirizei a cada segundo depois de ter presenciado a reação de Eric ao descobrir que tinha uma filha, o brilho que tinha em seus olhos no dia que se conheceram e a felicidade estampada em seu rosto naquele dia no parque. Saber que eu não poderia lhe proporcionar aquele sentimento me fazia sentir raiva, medo e desprezo por mim mesma.
Quando acordei de um coma de várias dias, depois de um tiro no abdômen e uma pancada na cabeça enquanto tentava fugir de um cativeiro, não imaginava que pudesse sofrer por algo assim. Nunca tive planos de ter filhos, sempre achei que isso não era pra mim, portanto não me abalei na época.
Há dois anos atrás eu jamais poderia imaginar que hoje estaria casada com ninguém mais, ninguém menos que Eric Albuquerque. E pior, sofrendo por não poder ter filhos. Era algo inimaginável, que agora dói toda a dor que não senti naquele momento do diagnóstico.
É surreal me deparar com pensamentos de como seria se pudéssemos ter filhos e até mesmo imaginar como seriam. Se teriam os olhos de Eric ou a minha personalidade.
Era um domingo ensolarado, por isso preferi manter as cortinas bem fechadas. Deixei a bandeja no criado ao lado da cama e comecei a distribuir beijos em seu rosto até acordá-lo.
_ Bom dia, meu amor _ murmurou com a voz rouca me puxando até nossos corpos formarem uma conchinha
_ Fiz nosso café da manhã _ informei
Senti sua ereção se formando contra minha bunda e suspirei quando sua boca começou a deslizar em meu pescoço trilhando um caminho de beijos.
Logo ele já estava dentro de mim mais uma vez, afinal, é impossível acordar ao lado desse homem e não ter sexo matinal
O domingo passou voando e a segunda começou turbulenta. Logo que coloquei os pés no hall da CFT Company dei de cara com Carlos e Marcela fazendo tour pela empresa.
_ Que merda é essa? _ resmunguei com a loira que sempre anda no meu encalço.
_ Pelo visto sua irmãzinha já está colocando as garrinhas pra fora _ cantarolou no meu ouvido me fazendo revirar os olhos.
Continuei minha caminhada até o elevador ignorando-os totalmente, mas como não sou de passar despercebida, ouço a voz rouca de Carlos chamando meu nome. Respirei fundo e girei meu corpo em direção aos dois forçando um sorriso falso.
_ Carlos! _ abri os braços como se estivesse surpresa em vê-los _ Pensei que estivesse aproveitando a aposentadoria com coisas úteis
Sua gargalhada preencheu todo o ambiente, chamando a atenção dos funcionários alí presentes.
_ Adoro seu humor matinal, querida _ respondeu irônico colocando as mãos nos bolsos da calça casualmente.
_ Podemos subir? _ pedi apontando o elevador na tentativa de evitar a atenção dos funcionários sobre nós
Carlos assentiu e estendeu o braço que prontamente aceitei, caminhamos até a caixa de metal seguidos por Gisele e o enfeite bibelô oxigenado. O caminho até o andar da presidência foi silencioso, assim que as portas se abriram minha secretária veio as pressas em minha direção
_ Senhora, um homem chegou e invadiu sua sala, não pude contê-lo _ disse apavorada
Carlos e eu nos entreolhamos e quase corremos até lá, só pra dar de cara com o conselheiro da máfia mexicana.
_ Romero? _ questionei incrédula
_ Senhora Albuquerque! Que prazer revê-la _ se aproximou tomando minha mão levando aos lábios
_ Pena que eu não possa dizer o mesmo _ revirei os olhos e vi de relance quando Marcela e Gisele cruzaram pela porta _ Gisele, tira essa garota daqui _ ordenei vendo a loira ser retirada sob protestos _ O que você quer? _ questionei de queixo erguido ao homem de meia idade com cara de comediante
_ Quero que peça ao seu amiguinho italiano que nos deixe em paz _ mais essa…
Faziam mais de vinte dias desde que Giovanni me deixou no hospital e seguiu para o México em missão com Hemera. Era de imaginar que isso ia respingar em mim, mais cedo ou mais tarde.
_ Atravessou o continente pra isso? _ revirei os olhos
_ Não. Atravessei o continente para garantir que se você não quiser me ajudar, o seu marido será um grande incentivo _ travei o maxilar sentindo meus músculos enrijecidos
Não sei o que sou capaz de fazer se esse verme nojento ousar colocar um dedo sequer em Eric. Carlos se aproximou sutilmente colocando a mão sobre meu ombro, num pedido silencioso para cooperar.
_ Vou ver o que posso fazer _ forcei um sorriso vendo o homem assentir e sair da minha sala.
Arremessei um vaso de louça decorativo na parede assim que a porta se fechou e gritei furiosa.
_ Filha, fica calma. Deixa que eu resolvo isso _ Carlos segurou meus ombros com firmeza me encarando _ Liga para o Eric, veja se está tudo bem e peça para reforçar a segurança.
Respirei fundo tentando controlar meu nervosismo e assenti. Carlos saiu depressa me deixando com meus pensamentos. Mais uma vez senti medo e culpa por envolver Eric na minha vida conturbada.
Ouvir a voz dele me dizendo que estava tudo bem foi confortante, mas eu sabia que não estava. Nunca está. Nenhum mafioso faz uma ameaça sem intenção de cumprí-la.
Não demorou até Carlos ligar dando notícias que já tinha feito contato com Hemera. Não quis questionar como esse homem sempre consegue encontrá-la a qualquer hora e lugar, mas isso já estava martelando minha mente há anos. Como boa observadora que sou, já percebi a troca de olhares dos dois algumas vezes e sei que aí tem história.
Minha segurança, assim como de Eric, Bella, Carlos e Gisele foram triplicadas nos últimos cinco dias até a visita de Giovanni
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