ACORDO BILIONÁRIO

CAPÍTULO 59 (ERIC)

Bebês?

Quando foi que eu bati minha cabeça e acordei num multiverso completamente maluco?

Primeiro, descubro que meu melhor amigo e minha irmã estão dormindo juntos há meses escondidos. Depois, os dois descobrem que estão grávidos. Agora, cá estamos nós, e quando eu digo nós, isso inclui o desgraçado do meu pai, em uma ala de maternidade e pediatra do melhor hospital da cidade, ou melhor, do país, para sua primeira consulta pré natal.

Quando Helena me deixou plantado com cara de idiota na porta do hospital há quase três meses, fiquei completamente sem chão. Eu queria simplesmente abrir um buraco na terra e sumir. Depois de alguns minutos dirigindo sem rumo pela cidade, decidi encontrar meu melhor amigo para desabafar.

Kevin e eu sempre fomos parceiros de farra, mas também sempre fomos suporte um para o outro. E depois que reencontrei minha tigresa, fazendo minha vida virar do avesso, confesso que acabei me distanciando. Estava tão mergulhado no meu mundo, que acabei não dando atenção as diversas vezes que meu amigo me procurou para conversar ou me convidou para um drinks.

Entrei no apartamento usando a cópia da chave que ele me deu para situações de emergência e me preparei para surpreendê-lo na cama com almofadadas, como nos velhos tempos. Acontece que ao invés disso, acabei sendo surpreendido ao encontrá-lo em cima da minha irmãzinha.

Eu juro que só não infartei por que tenho boa saúde.

O filho da mãe até tentou dizer alguma coisa, mas antes que pudesse tentar abrir a boca, meus punhos fechados já estavam de encontro ao seu rosto desferindo socos naquela cara de lobo em pele de cordeiro.

Demorou alguns dias para conseguir aceitar e isso só aconteceu quando Kevin foi capaz de provar que realmente estava apaixonado por ela.

Em partes, foi até bom ter algo além de Helena para encher meus pensamentos. Quando soube, através de um reunião formal da CFT Company, que minha tigresa estava fora do país por tempo indeterminado eu quase surtei. Fiquei maluco só de pensar que ela poderia estar novamente nas garras do italiano cretino.

Só depois de muita insistência ela resolveu me atender e dizer que estava tudo bem e que só precisava de um tempo consigo mesma, prometendo voltar quando estivesse pronta. Ainda nos falamos algumas vezes após o episódio. Eram chamadas curtas, mas suficiente para matar a saudade de ouvir sua voz me dizendo que estava bem.

Levava uma rotina de casa para o trabalho e do trabalho para casa, chegando na empresa as oito da manhã e saindo às dez da noite, quando não acabava dormindo no sofá do escritório. O vazio que ficou na mansão depois que ela se foi parecia cada dia mais insuportável.

Depois de muitas lamentações de mamãe implorando diariamente que fosse a visitar, Luma finalmente conseguiu me convencer a comparecer a um jantar em família, pois tinha um comunicado importante a fazer.

Toda a família entrou em choque ao recebermos a notícia. Mamãe quase teve um ataque quando descobriu que seria vovó. Fiquei feliz por eles, mas foi inevitável pensar que jamais poderia dar essa mesma felicidade para mamãe. Helena não podia ter filhos e eu estava completamente decidido que se fosse pra não ter minha mulher de volta não teria mais ninguém na minha vida.

Resolvemos acompanhar a pirralha e o cretino conquistador de irmãzinhas indefesas em sua primeira consulta de pré natal e lá estavamos nós, lotando o consultório médico com olhos marejados escutando os batimentos do mais novo membro da família Albuquerque enquanto assistíamos aquela manchinha no telão. Luma havia completado seis semanas de gestação.

Saímos do consultório empolgados e acabamos dando de cara com Helena, Carlos e Hemera na sala de espera. Ela estava vestindo uma camisa social larga que parecia ter sido achada no closet do pai, seus pés abraçados por sapatilhas confortáveis me causaram estranheza por ser a primeira vez que a vejo sem um salto agulha enorme e elegante e o boné na cabeça denunciava que aquilo se tratava de um disfarce. Hemera também estava diferente, com cabelos tingidos de dourado que até que lhe caíra bem. Estava tão diferente que até tive dificuldade em recolhecê-la se não fosse seus traços parecidos com minha tigresa. Já Carlos permanecia o mesmo velho rabugento de sempre. A única diferença era a sombra de um sorriso nos lábios que morreu ao cruzar o olhar com meu pai e as mãos circulando a cintura na mulher misteriosa com intimidade.