ACORDO BILIONÁRIO

CAPÍTULO 3

Cheguei na empresa e mandei Gisele providenciar todos os relatórios de finanças e convocar uma reunião com toda a diretoria e os demais sócios de Carlos, que são o nosso gerente de vendas Ricardo Tavares, com 6% das ações, e outro que nunca apareceu por aqui, detentor de 25%. Não sei quem ele é, Carlos sempre fez muito segredo quanto a esse sócio misterioso. No momento eu representava Carlos que era o sócio majoritário com seu 55% das ações e a mim mesma com 14%.

Peguei os relatórios e passei o restante da manhã concentrada em estudá-los. Cada minuto que se passava, cada documento que eu olhava só me deixava mais revoltada. O miserável vez direitinho o dever de casa bem debaixo do nosso nariz. O arrombo parecia irreversível e eu não tinha outra saída a não ser decretar oficialmente a nossa falência.

Por volta das 13h fiz uma pausa para almoçar e ir ao hospital.

_ Alguma notícia? _ perguntei a Núbia

_ O médico acabou de passar, foi feita uma ponte de safena e a cirurgia ocorreu conforme esperado, mas ele ainda corre risco. Foi levado para o UTI pós-operatório para ser monitorado e ficará por lá nas próximas 24 horas, só depois será possível ver como o coração reagirá. Enquanto isso não há nada a fazer.

_ Podemos vê-lo?

_ Infelizmente não.

_ Ok. Então vá pra casa descansar. Vou deixar um segurança a postos. Isso é uma ordem. Ele vai precisar de você quando acordar.

Antes que pudesse me questionar, como eu sei que faria, dou as costas e sigo de volta a empresa e novamente me afundo nos relatórios.

Após analisar todos os documentos detalhadamente, e tentar contato com vários bancos em busca sem sucesso de uma linha de crédito, olhei a hora no relógio do celular e percebi que faltavam apenas 15 minutos para o horário marcado da reunião. Estava na hora de enfrentar os leões e definir o futuro do CFT Company, só não esperava que para isso teria que tomar a decisão mais importante da minha vida.

_ Boa tarde, senhores! _ Olhei no rosto de cada homem ali na minha frente e fiquei surpresa com a presença do senhor Rodrigo Albuquerque entre eles. Ele é nada mais nada menos que o maior bilionário do país. Lancei um olhar indagativo a Gisele e com um leve aceno com a cabeça a mesma confirma.

Merda... é ele o sócio misterioso…

Tá aí outra pessoa em quem eu não confio. Esse cara tem alguma coisa errada.

_ Boa tarde! _ todos respondem em coro
Engulo em seco, me sentando na cadeira presidencial e vou direto ao que interessa.

_ Como todos bem sabem, estamos passando por um momento delicado. Nossas contas foram roubadas e Carlos acabou de passar por um procedimento cirúrgico após um infarto, provavelmente em decorrência do choque ao receber a trágica notícia. O nosso principal suspeito é Charles Versalles, o homem que ocupou o cargo de diretor de finanças dessa empresa por 22 anos. Ele está desaparecido há dois dias.

_ Com licença, senhorita Fernandes _ sou interrompida pelo senhor Rodrigo _ Acredito que a maioria aqui me conheça, mas gostaria de me apresentar formalmente como um dos sócios dessa companhia. Carlos é um grande amigo desde a infância e sou um dos co-fundadores dessa empresa _ Corro o olhar entre os outros que demonstram surpresa, gerando um burburinho entre eles. Pigarreio chamando a atenção novamente.

_ É realmente um prazer tê-lo entre nós, senhor Albuquerque, infelizmente em circunstâncias nada agradáveis.

_ Obrigada! Gostaria de disponibilizar meus detetives particulares para investigar o caso, já que meu dinheiro também foi roubado, me sinto no dever de tomar providências.

_ Isso seria realmente muito gentil da sua parte. Anseio fervorosamente resolver esse mistério _ sorri com sarcasmo descansando as costas na cadeira e continuei _ Bom... convoquei os senhores aqui, antes de tomar qualquer decisão para que possamos discutir se há alguma maneira de salvar essa empresa.

Foi uma reunião longa e cansativa. Após 3 horas de discussão a única conclusão que tivemos é que não haviam mais saídas, estava tudo acabado, o certo a fazer era decretar a falência.

Senti um gosto amargo em minha boca, uma sensação terrível de impotência e derrota. É agora... Não tem mais volta...

_ Bom, senhores! _ disse chamando a atenção para mim _ Acho que não temos outra escolha...

Respirei fundo, me levantei e quando ia concluir, fui interrompida pelo senhor Albuquerque que havia passado praticamente a reunião inteira só observando

_ Senhorita! _ levantou a mão sutilmente _ Eu gostaria de pedir um tempo pra pensar um pouco mais antes de tomar uma decisão final. Será que poderíamos agendar uma nova reunião em 48 horas?

Semicerrei os olhos, inclinando um pouco a cabeça para a esquerda, dobrei o braço esquerdo na frente do corpo fazendo apoio para o braço direito e levei a unha do polegar na boca mordiscando por alguns segundos. Todos me encaravam em silêncio.

_ Ok. Nos encontramos em 48 horas nesta sala.