CAPÍTULO 39

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Apesar das circunstâncias, não esperava voltar ao país em meio a tantas turbulências.

Pra começar, fui traída pelo meu corpo assim que cheguei. Maldita hora que aceitei conversar a sós com meu esposo. A saudade daquele toque era tão grande que quando me vi em seus braços não consegui pensar em mais nada.

Mas como eu poderia imaginar que um abraço de desabafo dentro de um hospital poderia tomar essa proporção?

Me amaldiçoei mentalmente quando caí em mim depois do amor. A verdade é que ambos ansiavam tanto um pelo outro que foi impossível conter a necessidade.

Saí daquela sala com tanta raiva de mim que eu posso jurar que os olhares que pousaram em nós quando nos viram voltar para espera julgavam uma briga de tamanha proporção entre nós, já que Eric também estava com cara de poucos amigos depois do banho de água fria que dei ao dizer que nada mudaria.

Confesso que minha raiva logo discipou quando o médico falou que seu tipo sanguíneo não era compatível e pior, impossível de ser pai da menina. Eu passei dias esperando o momento que a verdade viesse a tona, só não pensei que seria doloroso pra mim também.

Preferi deixá-lo sentir sua decepção sozinho. Não precisei pensar muito para decidir, já que o meu sangue era compatível e a vida da pequena não podia esperar. Me apresentei ao médico que me encaminhou ao posto de coleta que eu já conhecia bem. Gisele e eu éramos doadoras regulares há doze anos, e coincidentemente tínhamos o mesmo tipo sanguíneo.

Além de nós duas, apareceram mais três doadores, funcionários da fundação que tinham um enorme carinho pela menina e vieram logo que souberam. Quando terminamos de completar a bolsa de sangue, o namorado da Gisele veio nos informar que Carlos estava em observação na enfermaria depois de uma indisposição.

Mais essa…

Depois de aproximadamente 30 minutos fui liberada pra ir até ele, que como sempre, não quis abrir o jogo e se fez de desentendido. Ele pensa que não percebi que estava há dias fugindo de mim.

A boa notícia é que a cirurgia foi um sucesso e minha Bella já está completamente fora de perigo. Marcela não abriu a boca desde o sumiço de Eric, vive aérea, com o olhar distante, como se estivesse em estado de choque. Tentei me aproximar e puxar assunto, mas a loira bugou.

Por falar em Eric, o bastardo desapareceu por três dias deixando toda sua família preocupada. Um dos seguranças me informou que seu assessor estava indo diariamente em casa buscar roupas nos horários que eu me ausentava. Armei uma emboscada e peguei o miserável no flagra. Bastou fazer um ameaça pra saber que Eric se mantinha isolado no escritório da empresa.

Eu poderia facilmente rastreá-lo, mas além de Carlos estar fugindo de mim, achei por bem que meu esposo tivesse um tempo a sós, para colocar os pensamentos em ordem.

No mesmo dia, Eric apareceu pra ver a pequena, que não parava de perguntar pelo pai e exigiu a Marcela um teste de paternidade que foi feito no próprio hospital.

Passamos mais alguns dias sem nos falar, ambos tinham plena ciência que não estávamos prontos ainda. Eric estava mais magro, não se alimentando direito, trabalhando em excesso e muito abalado. De casa para o trabalho, do trabalho pra casa e isso estava me matando. Eu tinha saudade do homem cheio de vida, brincalhão e safado que ele costumava ser.

De acordo com o laboratório, o resultado do exame demoraria de 15 a 20 dias. Rodrigo exigiu toda a família reunida em sua mansão para a abertura do resultado, e isso infelizmente me incluía. Também estaríam presentes Marcela e seus pais.

Me admirei no espelho depois de vestir um vestido vermelho justo com caimento acinturado, comprimento mídi, decote em V ombro a ombro e mangas curtas. Preferi deixar o colo a mostra, optei somente por uma sandália de tiras e bolsa de mão preta, o anel e a pulseira de rubi que Eric me presenteou e uma maquiagem leve nos olhos...

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