ACORDO BILIONÁRIO

CAPÍTULO 51

Três anos atrás...

Abri os olhos com dificuldade devido a claridade que o fizeram arder. Olhei em volta e notei que estava num quarto todo branco, alguns aparelhos conectados a mim e um acesso no meu braço esquerdo.

Droga... estou num hospital.

Como eu vim para aqui?

Será que dessa vez a polícia conseguiu pegar aquele idiota?

Me lembro de ter atirado em pelo menos 4 dos homens que estavam me mantendo naquele porão abandonado e sujo.

Tentei me levantar, mas tudo que senti foi um dor forte na cabeça e no abdômen. Gemi com a dor e logo apareceu uma loira angelical no meu campo de visão.

_ Hella? _ abri a boca algumas vezes mas não consegui emitir nenhum som _ Vou chamar o médico e já volto _ disse e logo saiu pela porta branca aos pés da cama

Não demorou muito para voltar, junto com um senhor baixo com jaleco branco, com aparência de uns setenta anos. De certo o médico.

_ Olá, senhorita... _ o homem olhou minha ficha, em um painel acima da minha cabeça _ Helena Fernandes! _ sorriu simpático _ Meu nome é Benjamin Bruce. Sou o médico que está acompanhando seu caso.

_ Oi _ respondi com dificuldade, minha voz estava rouca e falha

_ Vou fazer algumas perguntas para ver se está tudo bem?

_ Sente dor na cabeça?

_ Muita _ murmurei

_ Algum zumbido ou som estranho?

_ Não.

_ Visão turva, náuseas, enjôo?

_ Não.

Foram várias perguntas seguintes e eu estava com a mente cheia de lembranças dos 9 dias de sofrimento que passei trancafiada naquela cativeiro sujo e fedido.

_ O que aconteceu comigo? _ questionei sem me lembrar de nada depois da pancada que levei na cabeça.

_ A senhorita chegou aqui com um traumatismo craniano grave, duas perfurações no tórax e uma no abdômen e algumas escoriações pelo corpo. Achamos que seria impossível sua sobrevivência. Por sorte as balas não atingiram nenhum órgão vital e com o passar dos dias sua recuperação foi surpreendente.

_ Dias? _ questionei com dificuldade

_ Sim. Você passou mais de 40 dias desacordada. Vou solicitar alguns exames, mas já adianto que você terá que conviver com algumas sequelas irreversíveis. Vai precisar fazer consultas regulares com um neurologista, um ginecologista e fisioterapeuta.

_ Que tipo de sequelas, doutor? _ perguntei com receio

_ Bom, uma delas é que após um traumatismo craniano é possível que possa sentir vertigens, náuseas e as vezes cansaço esporadicamente por um tempo

_ E? _ o estimulei a continuar sem rodeios

_ Ao que tudo indica a senhorita não poderá gerar filhos _ fez uma pausa analisando minha expressão fria _ A bala perfurou o seu útero que aparentemente já tinha algumas deformações genéticas. Você pode tentar fazer um tratamento de fertilização quando desejar, mas as chances são mínimas. Sinto muito

Ouvir aquelas palavras me causaram desconforto. Passei minha vida acreditando que nunca seria capaz de ser mãe um dia. Não achava que seria capaz de cuidar de alguém, não tinha sonhos de me casar e ter filhos. Era algo natural pra mim, manter a pose de mulher independente e poderosa que não cabia nos paradigmas.