Enciumados

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- Foram eles! - Nath admite com a cabeça colada em meu peito.

Seguro o rosto do outro para que o pudesse ver melhor.

- Eles quem, Nath? - ponho minha palma em seu rosto e sinto as lágrimas rolarem sobre meus dedos.

- M-meus pais, Mirela - ele ergue seu corpo e senta sobre a cama com os joelhos dobrados. Nathaniel entrelaça os braços em seus joelhos.

Acompanho o movimento do outro e me sento também. Estava em choque com o que eu acabara de ouvir.

- S-seus pais? Seus pais fizeram isso? - digo ao alisar as suas costas.

O outro hesita, mas logo acena que sim com a cabeça. Nath abraça suas próprias pernas e põe sua cabeça sobres elas.

- Eu fui escondido para a festa de Iris. Achei que estava tudo bem!... - ele respira fundo - Mas alguém enviou uma foto minha la... E meu pai ficou muito bravo! Durante a bronca que ele me deu sem querer eu me desequilibrei e cai da escada. Mas sabe o que mais me doeu? - ele levanta seu rosto - Poderia ter acontecido algo grave comigo. Eu poderia ter me machucado muito mais. Mas quando todos viram que eu estava bem ao inves de eu ouvir um "que bom que você está bem, meu filho" ouvi "Viu o que você fez?" , "Você só arruma problema e vergonha "

Parei em choque com o que ouvia. Nathaniel parecia totalmente frio e distante ao fazer seu desabafo. Seu olhar tão gelado me causou profunda tristeza. Nath é uma pessoa tão carente de cuidado em todos os sentidos.

- Uma vida inteira fazendo tudo pra receber a aprovação e o orgulho da minha família, pra na primeira decepção ouvir isso? Ouvir que só trago problemas? - o outro continua e a medida que ia pronunciando cada palavra sua voz embargava cada vez mais.

O outro me olha após a sua fala. A luz da lua entrava sobre a janela e iluminava a tristeza em sua face. As lágrimas foram mais fortes do que eu e comecei a chorar. Era uma dor em meu peito saber que o loiro carecia tanto do apoio familiar. Toda aquela frieza que ele me narrou não combinava com a doçura e meiguice de Nathaniel.

- Não chora! - ele passa os polegares sobre meu rosto - Desculpa! Não era pra eu ter te contado isso! - ele se desculpa.

Eu retiro suas mãos de meu rosto e o puxo para um abraço apertado. Tão apertado quê eu sentia o meu coração e o de Nath se encontrar nas batidas. Parecia que eles poderiam rasgar nossa pele para se encontrar.

- Eu odeio que você passe por isso! - digo em meio aos soluços - Você é tão doce, Nath! Tão inteligente... Qualquer um daria a vida pra ter um filho como você!

Minhas palavras fizeram o outro chorar ainda mais sobre o meu abraço. O pranto era tão desesperado que eu sentia molhar meus ombros. Nathaniel me apertava tanto que minha pele saltava sobre os espacos de seus dedos.
Levei uma de minhas mãos aos seus cabelos e acaricia. Nossos batimentos eram perfeitamente sincronizados. E foram se acalmando juntos.

- D-desculpa... - disse o loiro se desentrelaçando de mim e abaixando a cabeça.

- Você não precisa se desculpar, Nath! - respondo deslizando minhas mãos até as suas. O loiro rapidamente afasta as mãos de mim.

- Eu acho que é melhor você ir. Não quero que alguém nos pegue aqui e a gente arrume problemas. - ele dizia enquanto passava as costas das mãos em seu rosto para secar as lágrimas.

- Nathaniel, eu não vou te deixar sozinho! - segurei em seu rosto - Eu me importo com você!

- Não precisa ter pena de mim, Mirela! É a última coisa que eu quero. Eu sei muito bem me cuidar! - ele responde.

Quase Perfeitos (AMOR DOCE NATHANIEL)Onde histórias criam vida. Descubra agora