Quase Perfeitos (AMOR DOCE NATHANIEL)

Desencontros

POV NATHANIEL

Sobre o peito de Mirela, minha cabeça estava pousada. Me sentia aflito, traído, mas ouvir as batidas do coração da outra me deixou em paz. As batidas antes calmas, logo após aceleradas e por fim brandas de novo. Mirela tinha um perfume muito particular frutado, me lembrava a pêssego. E o ar que saia em suas narinas que estavam tão próximas a mim tinha um cheirinho muito particular.

Deixo escapar um riso em meio aquele momento dramático. Eu estou apreciando uma respiração? Isso não é normal!
Ergo minha cabeça, ainda encostado em seu peito para olha-la.

- Você está melhor? - diz ao perceber meu contato visual.

Demoro a responder. Sinceramente estava mais interessado em admirar seus olhos extremamente castanhos. Tão de perto quanto estávamos, conseguia admirar cada risquinho de sua iris. Cada detalhe que tornava seu olhar tão tentador.

- E-eu tô! - vou erguendo mais a cabeça e me afastando de Mi.

- Fico aliviada!

Passo as costas das mãos sobre meu rosto para tirar os resquícios de lágrimas que ali haviam.

- Me desculpa por grudar em você assim! - digo ainda me recompondo.

- Não precisa se desculpar, Nath! Isso foi ... - a outra vira seu rosto para o lado e põe a mão sobre seu próprio ombro - Isso foi muito bom! - diz com a voz tímida, retomando o olhar para mim - Quer dizer... Não foi bom você chorar e ...

Levo minhas mãos até as suas e as seguro firmemente.

- Eu sei o que você quis dizer! Eu também senti!

Mirela ficou imóvel mirando a mim. Tinha a boca entreaberta como se hesitasse em me responder.

- Ah... - a outra balança a cabeça em negação - Eu tenho algo pra te mostrar.

Mirela abre a sua mochila e pega sua câmera.

- Você não viu a gente bancando o detetive ontem! Eu não parei de assistir! - Ela se aproxima a mim.

Ficamos vendo as imagens da noite que invadimos a escola. Eu mal podia acreditar que fiz aquilo mesmo! Entre um riso e outro, olhava para Mirela. Me trazia uma sensação quase viciante a ver sorrir. Seu sorriso me hipnotizava.

Eu só pensava que gostaria de viver naquele momento pra sempre.

- Acho que a gente precisa ir! - diz cruzando os braços - Está começando a esfriar e também está tarde.

- Eu te empresto a minha camisa! - respondo.

- Sério, Nath! Eu não quero que tenha problemas e também não quero ter problemas por chegar tarde.

- Tudo bem! - me levanto e ergo a mão para outra.

- Sabe, Nath. Amanhã temos uma aula vaga de ciências e a Rosa e alguns amigos estávamos pensando em jogar alguma coisa la na quadra. Você poderia vir junto se quisesse.

X

Cheguei na escola um pouco mais tarde que o habitual. Dormi mal na noite passada. Extrapolei meu horário na noite anterior e levei uma bronca daquelas de meu pai.
Mas pra ser sincero o motivo da minha insônia era lembrar dos meus momentos com Mirela. O sorriso se formava automaticamente em meu rosto em recordar do quão próximo ficamos. Pensar em seu sorriso, seus olhos, seu cheiro. Eu não conseguia parar de reviver tudo na minha imaginação.

Ao entrar na sala de artes, Melody acena para que eu me junte a ela. A verdade é que eu não tinha energia para lidar com aquilo agora. Melody era extremamente dissimulada. Como podia ter feito o que fez e agir como se fosse a pessoa mais preocupada comigo?