Reinventei Você (PARTE 2)

XXXII - Réveillon

Mariana narrando:

Assistindo através do vidro escuro de Jake as luzes da sala sendo apagadas pela minha mãe, sou locomovida aos poucos para longe.

Analiso Miguel através do retrovisor, preso no bebê conforto. Ele estava distraído com o Júnior que tentava a todo custo dialogar com ele.

Olho disfarçadamente para o lado, Jake dirigia atentamente em direção a avenida.
Admiro novamente como a vestimenta combinou com ele, seus músculos através da blusa branca ficaram bem visuais.
Como de costume, Jake usava nos dedos seus anéis grandes e pesados, em um dos seus pulsos um relógio de ouro.
Namoro também os pelos em seu musculoso peito, que o decote da blusa deixou exposto.

- O que foi? - Pergunta olhando para mim.

Balanço a cabeça em negativo e respondo... - Nada. - Coro.

- Você é muito observadora, mocinha. - Jake comenta. Como será possível passar uma viagem inteira com esse homem do meu lado, voraz como eu estou, sem me distrair com sua aparência?

- Você também é. - Retruco.
- Isso me intimida as vezes. - Acrescento.

Jake assente com um curto sorriso e mantém seu foco na pista.
- Será que aquele rapaz vai te ligar hoje? - Questiona.

- Rapaz? - Pergunto.

- Aquele moleque do Natal. - Explica.
- Me esqueci do nome dele. - Acrescenta.
- Seu ex namorado. - Finaliza.

Sorrio disfarçadamente.
Ele está com ciúmes.

- Tadeu. - Informo.
- Eu acho que ele não ligará mais. - Respondo.
- Todos os meus colegas estão achando que eu sou realmente casada. - Acrescento.

- Eu espero que isso tenha se encerrado. - Jake diz em voz baixa.
Seus olhos viajam até o retrovisor para analisar os dois no banco de trás, logo Jake deixa o assunto referente ao Tadeu morrer.

- Quando você me contou mais cedo sobre os dois se conhecerem, eu fiquei preocupada com uma coisa... - Digo.

Controlando o volante, Jake olha para mim por poucos segundos e questiona... - Preocupada com o que, rainha?

- Com a reação da individua quando souber. Ela pode tentar fazer aquilo de novo. - Respondo de maneira que o Júnior não seja capaz de entender, apesar de estar distraído mostrando as funcionalidades dos brinquedos de Miguel.

- Não se preocupe com isso. - Pede.

Assinto com a cabeça e engulo seco.
Assim como durante minha gravidez, eu começo a pensar e me culpar por tudo isso. É claro que eu não quero prejudicar a relação de Júnior e seu pai. Ele pede para que eu não me preocupe, mas é difícil não pensar nisso.

Assisto-o pelo retrovisor, colocando seu tablet no campo de visão de Miguel, aparentemente mostrando um vídeo. Eles serão grandes amigos, eu imagino.
- Filho, diminui o brilho da tela e não coloque tão próximo aos olhos dele. - Jake pede também analisando-os pelo retrovisor.

Júnior obedece e responde... - Pronto, pai.

Assim que Jake chega em frente a casa de seus pais, a garagem se abre e lentamente Jake dirige para dentro.
Ainda acomodada ao seu lado, ouço diálogos misturados vindo dos fundos.
Jake desliga o motor, tira a chave e abre a porta.

Faço o mesmo que ele e ajudo Júnior sair do carro, enquanto o Jake tira o Miguel da cadeirinha.

A chegada de Helena na garagem para nos receber, faz com que meu rosto automaticamente se feche. Não foi proposital, mas a sensação de ter sido muito bem enganada, me trouxe essa reação.
Helena abre um sorriso pra nós e quando dou conta da minha expressão, sorrio de volta, mesmo que forçado.