74 - Família Müller (Último Capítulo)

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Jake narrando:

- Agende para mim uma visita com o Gustavo, só para reparar essas mãozinhas de carvão, por gentileza. - Peço à Débora e ela assente. Gustavo é novo na minha equipe, mais um de muitos que entraram nesses últimos anos. Gustavo é um profissional em pintura e vai rever isso.

Eu pediria à minha assistente, mas ela entrou de licença e o Luís está muito ocupado dirigindo os meus trabalhos.

Débora é alguns anos mais velha do que eu, é baixa e gordinha. Ela fica por aqui quatro vezes na semana, usa um jaleco cor de vinho escolhido exatamente por mim e ajuda Mariana com o Miguel, nos momento em que fico ausente.

- E você, rapazinho... Temos que ter uma conversa. - Retorno meu foco ao Miguel, que ainda estava retraído em minha mão.

Débora se retira e eu me acomodo na poltrona. Trago-o para mim e obedientemente ele para em minha frente, em pé.
- Por que fez isso? - Questiono.

Ainda retraído, Miguel morde o lábio inferior e permanece em silêncio.
- Pode responder o seu pai? - Insisto.

Talvez se ele mesmo se perguntar o motivo da sua ação, ele veja o quão errôneo foi.
Claro que algumas parede com manchinhas não são um grande problema, mas ele deve entender suas emoções.

- Quis brincar com o carvão. - Explica. Sua voz inocente ecoa em meus ouvidos e meu peito esquenta.
- Depois que a Débora viu, eu quis deixar ela brava. - Acrescenta. Eu não devia, mas acidentalmente solto três gargalhadas seguidas, em alto e bom som, meu peito sobe e desce. Miguel rir também.

Seu rosto é tão pequeno e seu olhar é tão puro, mesmo que eu tente, não consigo manter minha postura. Analiso seus dentinhos recém nascidos e acaricia seu queixo.
- Você não pode irritar a governanta. - Por fim, digo.

- Eu sei, papai. Desculpa.

- Não faça mais isso, ok? - Peço carinhosamente.

Ele balança a cabeça em positivo. Aproximo-o contra meu peito e o agarro em meus braços, deixo beijos em suas bochechas enquanto ouço suas gargalhadas.
Miguel toca em meu pescoço com suas mãozinhas sujas, mas eu realmente não me importo com as manchas que me deixou.

- Se comporte. - Peço finalizando nossa conversa.

- Tá bom. - Responde sem desmanchar seu sorriso. Mariana carregou ele por 9 meses, angustiantemente sozinha, mas o Miguel... Nosso presente... Motivo da nossa união, é extremamente semelhante à mim com 4 anos de idade.
Acaricio seus cabelos negros e me levanto da poltrona.

Miguel me segue até onde sua mãe está, entramos silenciosamente no quarto e a encontramos.
- Vou lavar minhas mãos. - Miguel diz.

- Onde você se sujou assim? - Mariana questiona deixando o espelho de lado, que fuzilava antes de entrarmos

- Na lareira, mãe. - Miguel responde e logo em seguida corre até o banheiro do nosso quarto para realizar a lavagem das mãos.

Mariana é deixada com os lábios entre abertos, chocada com a resposta do nosso filho e eu sorrio.
- Eu acabei de dar banho nele. - Ela comenta insinuando que dificilmente ele pausará e em seguida suspira fundo.
Miguel também sujou suas roupas, mas ele é uma criança e crianças agem assim.

Mariana vestia um short moletom branco e curto, confortável o suficiente para deixar sua barriga de oito meses exposta. Acima, ela veste um top de alça, que sustentava seus enormes seios inchados.

Me aproximo e envolvo meus braços em sua cintura, sua linda barriga fica entre nós e junto nós sorrimos.
- Você está linda. - Afirmo com convicção, com o seu rosto próximo ao meu.
Considero principalmente, que ela mais uma vez estava analisando a mudança que a gestação está causando em seu corpo.

Reinventei Você (PARTE 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora