XLVII - Bastardo

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Mariana narrando:

Volto meus olhos à Scarlet após ter posto o meu celular no braço do sofá.

Ela mantém um sorriso malicioso no rosto e ergue uma de suas sobrancelhas.
- Está apaixonadíssima, não é? - Pergunta.

Abaixo a cabeça de forma tímida, analiso o chão e com as bochechas quentes eu respondo...- Sempre estive.

- Huum... - Scarlet provoca e em seguida taca em mim a mesma almofada que arremessei nela.
Davi cai na gargalhada ao ver o susto que tomei, já o Miguel por ser bem mais novo, apenas observa.

Ao retornar para a cozinha, Scarlet me acompanha mantendo Miguel em seus braços.
Ela se mantinha ao meu lado, em pé, e comentava sobre como ele estava ainda mais atento e maior.

Enquanto converso com ela, finalizo o fricassê de frango depositando os pedaços de muçarela e presunto. Por fim, adiciono batata palha por cima.

- Mas e aí? Já rolou? - Scarlet pergunta se referindo a sexo.

Levo meus olhos à ela e sorrio como resposta.
- Sabiaa! - Scarlet exclama.
- Você está diferente. - Acrescenta.

- Eu continuo a mesma. - Retruco.

- Falo de aparência, amiga. - Scarlet explica.
- Claro, seu cabelo está meio danificado por causa da amamentação e pela falta de cuidados, mas... Seu olhar está diferente. - Finaliza.

- Nossa. - Gargalho.
- Obrigada por elogiar meus cabelos. - Acrescento sarcasticamente e ela também rir.
- Eu tenho que ir a um salão. - Concordo.

- Deveria! Não só pelo cabelo, mas porque amanhã é o seu aniversário, né mona! - Scarlet exclama.
- Você merece. - Finaliza.

Balanço a cabeça em positivo e fico em silêncio. Eu não respondi a mensagem da Fernanda desde o dia 20 de Janeiro, quando o Miguel completou seu primeiro mês.
Foi o nosso combinado de ser recontratada na padaria um mês após do meu parto.

Eu só tenho conversado com a Jéssica, a amiga que acompanhou cada segundo meu naquele lugar. Mas ainda deixei a Fernanda de molho.

Eu certamente não queria voltar, não agora. Eu trabalhava 12h por dia e já era cansativo, imagine com um bebê que está na fase de acordar quase duas vezes na madrugada?
Mas eu preciso! Quero me cuidar, fazer as minhas coisas e não ter que pedir tudo ao Jake.

Por necessidades básicas, eu tive que pedir coisas ao meu pai na minha adolescência toda! As vezes eu ouvia um sim, outras vezes um não. É humilhante e frustrante!
Ele me olhava como se eu fosse uma interesseira, mesmo tendo consciência de que era obrigação dele.

Eu não quero mais ser vista dessa forma por nenhum homem.

- Eu estou conhecendo um cara. - Scarlet muda de assunto.
- Ele é bom, trata o Davi muito bem e minha mãe gostou dele. - Acrescenta.
- Mas um dia desses ele veio com um papo de que queria ter uma família comigo e eu já estou colocando ele de lado. - Finaliza.

- Sério, amiga? - Pergunto.

- Seríssimo! Sabe como é essa história né? Eu já tenho um filho, infelizmente com um doente. E eu mal conheço esse e ele já veio com essa intenção. - Explica.

- Toma cuidado. - Digo.
- Nunca sabemos a real intenção de alguém. - Finalizo.

Se o Jake fosse realmente tudo aquilo que eu acreditava ser, jamais assumiria o Miguel. Ele é muito bom para mim e eu não imaginava viver isso.

- Pois é. Eu só encontro encosto. - Scarlet confirma.
- Mas... Sobre você e o Jake? Está tudo bem, né? - Scarlet pergunta mudando de assunto.

- Sim. - Afirmo.
- Houve um mero detalhe que ocorreu ontem, mas já aceitei... - Comento.
- Tem uma menina, da minha idade, o nome dela é Gabi... Jake ficou com ela pouco antes de me reencontrar. - Acrescento e Scarlet cerra os dentes demonstrando desconforto.
- Mas está tudo bem, foi antes de voltarmos. - Finalizo.

Reinventei Você (PARTE 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora