Reinventei Você (PARTE 2)

III - Tribunal

Dia 19 de dezembro, 2022
8 meses depois...

Jake narrando:

Solto o ar agonizante do meu peito e inspiro sentindo puro alívio.
O juiz acaba de determinar que os atos de Amanda foram analisados.
Ele acaba de bater o martelo especificando as consequências que serão causadas e a acusa de alienação parental.

Segundo o artigo 5° da lei 12318, provando-se indico da pratica de alienação parental, em ação autônoma ou acidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica.
Eu tive que achar meios de provar que Amanda não me passava as informações verdadeiras sobre o paradeiro do meu filho quando decidia sair do estado. E com algumas testemunhas, como meus pais, irmãos e até alguns amigos, consegui mostrar que sua ausência ocorria sempre que eu insinuava uma separação definitiva.

Amanda nunca fez com que Júnior pensasse mal ao meu respeito, nunca o jogou contra a mim, mas as atitudes dela que se encaixou nas condutas que se consideram uma alienação parental.
Como... dificultar contato com ele. Dificultar o exercício da autoridade parental, como diminuir ou ignorar as manifestações da minha vontade. Mesmo que eu não concordasse com suas viagens por tantos dias, ela simplesmente sumia.

Omitia deliberadamente a mim sobre informações pessoais relevantes sobre ele, como por exemplo se ele estava bem ou em que endereço permanecia.

E por último, mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência dele comigo.

Me levanto da cadeira quando a audiência se encerra e caminho para fora do tribunal.
Meus familiares me seguem silenciosamente, enquanto Amanda permanece no mesmo local, sentada e cochichando com os seus parentes e suas testemunhas.

- Bom, agora temos que ir. – Meu pai diz.
- Os funcionários estão precisando de nós. – Acrescenta.

Meus pais são donos de um restaurante lá em Ipanema, um dos mais conhecidos e mais elogiados.
Balanço a cabeça em positivo como resposta e solto novamente o ar.
Graças aos Deuses, isso foi resolvido!

- Pronto meu filho. – Minha mãe diz colocando a mão em meu peito.
- O problema finalmente acabou! Queremos sempre a sua felicidade e a do nosso neto. – Acrescenta.

Continuo em silêncio e balanço a cabeça em positivo novamente.
Nem eu mesmo estou acreditando.
É normal eu me sentir um lixo e ao mesmo tempo bem? Livre?

Eu não verei mais meu filho todos os dias, não poderei mais buscá-lo na escola com frequência e não vou poder vê-lo adormecer.
Eu passei um longo e doloroso tempo vivendo assim, quando decidi comprar um apartamento e sair da casa da Amanda, mas agora eu voltei e me acostumei com a convivência com ele novamente. E ele também...

- Obrigado por virem. – Me trago para a realidade e digo com a expressão séria.

Logo após a saída dos meus pais, vejo os de Amanda saírem do tribunal e passarem pelo corredor em que eu estava.
Eles me observam de cara feia e eu solto um sorriso sarcástico.

Nunca fui com a cara deles.
Na verdade... De quem é que eu gosto?
São pouquíssimas pessoas que eu considero.
Amanda e Carol são iguaizinhas a eles dois.

Eu não estava me sentindo cem porcento bem, mas a minha aparência como sempre, não demonstra muito as minhas reais emoções sentimentais.
Eu estava só pensando no meu filho.

Meus amigos apertam minha mão e eu abro um sorriso curto, grato e sincero por eles terem vindo.
Chamei apenas três deles para testemunhar, afinal são os únicos que sabem de tudo, desde o início.