Ravenna - No Morro

cap.37

Marcela🍄

Já tô trabalhando aqui no morro, tá sendo uma aventura pq sempre é muita gente. Muita gente de bem e muita gente armada que gosta de intimidar as pessoas...

Mas fora isso tá sendo de boa, comecei a umas semanas e sinceramente eu tô gostando! Tô ficando mais cansada por causa dos plantões pq aqui não tem enfermeira suficiente pra ficar com os pacientes que precisam, principalmente os que não podem sair do morro pra um hospital melhor. Então a gente faz o que pode...

Outro dia teve invasão e eu tava aqui, vi muita gente correndo e eu fiquei desesperada até pq era a primeira vez passando por isso, depois que passou toda a confusão chegaram muitas pessoas feridas e algumas mortes.

Tô pensando até em vim morar aqui pq eu pego muito cedo então fica melhor pra mim. É cansativo as vezes vim de tão longe pra cá pq eu acabo acordando mais cedo pra chegar na hora aqui.

Foi uma proposta nova que me fizeram e eu resolvi arriscar, tem muita gente que precisa e eu amo o que faço.

É difícil mas eu gosto, a gente tem que ter muita cabeça pq muita gente não entende nosso trabalho e o fora o descaso né.

Marcela:Oi senhora, tudo bem? - perguntei a paciente. - vou tirar esse acesso e colocar um novo ok? A senhora já está a quatro dias com ele. - ela apenas assentiu e eu fui pegar a veia dela no outro braço pra por o acesso. - pronto. - sorri e ela agradeceu.

Xx:Marcela? - veio desesperada até mim e eu não entendi nada.

Marcela:O que Carla? - ela também era enfermeira.

Carla:Eles estão aqui, colocaram uma arma na minha cabeça e me obrigaram a vim chamar alguém.

Marcela:Eles quem? Calma cara, e pq você não foi?

Carla:O dono do morro. - eu abri maior olhão. - eu não consigo, eu tô grávida, sobre pressão eu posso passar mal e eles me matarem por não ajudar. - eu respirei fundo.

Marcela:Mas a gente não é médica cara, o que eu posso fazer?

Carla: Só vai lá, eles vão entrar aqui e assustar os outros pacientes. - eu assenti mandando ela ficar lá com os outros e fui, só me faltava essa agora.

Cheguei lá e o homem tava molinho, sangrava muito e eu olhei assustada quando vi aquele tanto de armas.

Um homem veio me puxando com uma arma na minha cabeça e me levou pra mais perto dele.

Marcela:Calma. - falei olhando pra ele. - o que aconteceu?

Braga: Não tá na cara não? - falou nervoso. - vai caralho, salva o menor.

Marcela:Cara eu não sou médica! Eu não sei se vou conseguir salvar ele. - ele riu debochando.

Braga:Eu te perguntei alguma coisa? - eu neguei, que machinho viu. - então só faz o teu trabalho porra.

Marcela:Precisa disso aqui apontado na minha cabeça sempre? - eles assentiram.

Braga:Deixa de conversa porra, faz teu trabalho. - eu assenti vendo que o homem tava quase desacordado.

Marcela:Fala com ele e não deixa ele dormir. - falei com um vapor. - vamos levar ele pro bloco. - colocaram ele na cama. - me acompanhem, cara manda ele sair da minha frente? - virei olhando pro Braga.